Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
24 Jun, 2025 - 17:30

Whatsapp vai ter publicidade e subscrições: na Europa só a partir de 2026

Cláudia Pereira

O WhatsApp vai ter publicidade no separador “atualizações”, canais pagos com conteúdos exclusivos e novas opções para anunciantes. A Europa terá de esperar até 2026.

O WhatsApp prepara-se para dar um passo importante na sua evolução como plataforma. A app, que durante anos se manteve livre de publicidade, vai agora introduzir novos formatos de monetização: anúncios, canais pagos e promoção de canais. A Meta, empresa-mãe da aplicação, confirma que estas novidades começarão a ser implementadas já em 2025, embora a União Europeia fique temporariamente de fora.

Anúncios em “atualizações”

O espaço onde os utilizadores vêem os estados dos contactos e os canais seguidos será o novo palco para os anúncios. Esta secção, conhecida como “atualizações”, vai funcionar de forma semelhante ao feed de Stories do Instagram. Os anúncios serão inseridos entre os conteúdos e não invadirão os chats privados.

Esta é a primeira vez que o WhatsApp introduz publicidade e o objetivo é claro: gerar receitas através da sua base massiva de utilizadores. Ainda assim, a Meta garante que a privacidade das conversas continuará a ser respeitada.

Canais com subscrição mensal

Outra grande novidade é a possibilidade de seguir canais pagos. Estes canais permitirão o acesso a conteúdos exclusivos, mediante uma mensalidade definida pelo administrador. A funcionalidade visa atrair criadores de conteúdo, figuras públicas e empresas que desejem estabelecer uma relação mais próxima com o seu público.

Os pagamentos serão geridos dentro da própria aplicação, e os administradores terão liberdade para definir o tipo de conteúdos oferecidos. Pode ser uma newsletter premium, vídeos exclusivos, sessões em direto ou qualquer outro formato que encaixe numa comunidade fechada.

Promoção paga de canais

Além de subscrições, os administradores de canais terão agora a possibilidade de pagar para promover os seus canais e chegar a mais utilizadores. Esta funcionalidade insere-se numa lógica já familiar em outras plataformas da Meta, como o Facebook e o Instagram.

O WhatsApp assume assim um novo papel, passa a ser também um espaço de descoberta de conteúdos, não apenas uma ferramenta de comunicação. Marcas, organizações e criadores ganham, com isso, um canal adicional para alavancar a sua visibilidade e a sua reputação digital.

Privacidade: o que muda?

Segundo a Meta, nada muda no que toca às conversas privadas. A criptografia de ponta-a-ponta continua garantida, e nem mensagens nem chamadas serão utilizadas para personalizar publicidade. Os anúncios serão orientados apenas com base em dados não sensíveis, como o país do utilizador, idioma da app ou canais que já segue.

A Europa fica em espera

A União Europeia não verá estas mudanças antes de 2026. O atraso prende-se com as exigências do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e a supervisão da Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, entidade reguladora da Meta no espaço europeu.

Até lá, os utilizadores europeus continuarão a usar o WhatsApp sem anúncios nem canais pagos. Esta decisão permite à Meta preparar o terreno legal e ajustar a tecnologia para garantir conformidade total com as leis europeias.

Oportunidade para marcas e criadores

Com estas novidades, o WhatsApp deixa de ser apenas uma plataforma de mensagens para se tornar um ecossistema de comunicação, marketing e conteúdo. As marcas ganham um novo canal para atingir públicos específicos, sem depender apenas de redes sociais saturadas.

Já os criadores podem explorar subscrições como fonte de rendimento estável, mantendo uma ligação direta com os seus seguidores. Um canal pago no WhatsApp pode tornar-se um espaço de valor e fidelização, sem ruído externo nem algoritmos voláteis.

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