Ekonomista
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03 Jul, 2025 - 17:00

70% dos portugueses têm casa própria, mas só 9% quer comprar em breve

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Mais de 70% dos portugueses têm casa própria, mas o preço elevado dos imóveis ainda trava novos compradores. Descubra os dados mais recentes sobre o mercado imobiliário.

Pode parecer um bom número — e é — mas a história não acaba aqui. Ter casa própria representa estabilidade para muitos, mas nem sempre foi fácil chegar lá. Os dados do INE mostram que, apesar da elevada taxa de proprietários, os desafios do passado continuam a influenciar o presente. E, para quem ainda está à procura de casa, o cenário é tudo menos animador.

O mercado imobiliário está longe de facilitar o sonho da casa própria. Os preços elevados, a dificuldade em aceder a crédito e a instabilidade económica são travões poderosos. O estudo da Escolha do Consumidor confirma isso: 28% dos portugueses apontam o custo das casas como o principal entrave à compra.

A maioria já tem casa, mas nem todos a pagaram

Dos 70% que já têm habitação própria, 43% conseguiram pagar o imóvel na totalidade — um marco significativo, especialmente em tempos de inflação e crédito apertado. No entanto, 26% ainda está a pagar o empréstimo bancário.

Do lado dos arrendatários, 25% dos portugueses opta pelo aluguer, muitas vezes por necessidade e não por escolha. Há também quem viva em imóveis cedidos por familiares ou amigos (5%) ou ainda com os pais (1%), o que demonstra que, para muitos, sair de casa não é apenas uma questão de vontade.

Comprar casa? Só 9% planeia fazê-lo em breve

Se pensa que todos andam a ver anúncios de casas online, desengane-se. Apenas 9% dos consumidores que ainda não têm casa própria planeia comprar um imóvel nos próximos 12 meses. Outros 18% têm planos mais a médio prazo (um a três anos). Já 33% manifesta vontade de comprar, mas ainda não definiu quando, o que é compreensível, tendo em conta a atual conjuntura.

Mais revelador ainda: 40% diz não ter qualquer intenção de comprar casa num futuro próximo. A insegurança económica, o aumento dos juros e o custo da entrada inicial estão a empurrar cada vez mais pessoas para o “modo pausa”.

Moradias são as preferidas

Quando se fala em casa de sonho, a maioria dos portugueses imagina-se numa moradia. E os números confirmam: 67% dos inquiridos preferem este tipo de imóvel. Apartamentos convencem 25% dos consumidores, enquanto 8% dizem não ter preferência, provavelmente quem está mais atento ao preço do que à tipologia.

Este dado também ajuda a explicar o desfasamento entre oferta e procura. O mercado continua a oferecer muitos apartamentos em zonas urbanas, enquanto a procura aponta para moradias com espaço exterior, especialmente em áreas suburbanas.

Vantagens que pesam na decisão

Ter casa própria traz mais do que conforto: traz segurança. Para 23% dos portugueses, esse é o maior benefício. Outros 21% destacam a liberdade para fazer obras ou personalizar o espaço — afinal, nada como poder escolher o azulejo da casa de banho sem pedir autorização.

O potencial de valorização do imóvel ao longo dos anos (19%), evitar aumentos de renda (15%) e o planeamento familiar (10%) completam a lista de vantagens que, somadas, ajudam a justificar o esforço financeiro envolvido na compra de uma habitação.

Juntar dinheiro leva tempo

Se comprar casa é um desafio, poupar para a entrada é quase uma maratona. Cerca de 31% dos inquiridos demoraram mais de três anos a juntar o valor necessário. Outros 18% levaram entre um e três anos. E apenas 9% conseguiu atingir essa meta em menos de um ano.

O apoio familiar também fez diferença: 21% contaram com ajuda de parentes ou amigos. Há quem tenha conseguido comprar a pronto pagamento (9%), seja por herança, negócios bem-sucedidos ou simplesmente boa gestão financeira. O resto recorreu a soluções como empréstimos adicionais ou financiamentos a 100%.

O preço continua a travar sonhos

Os obstáculos são claros e concretos. O preço elevado dos imóveis lidera o ranking (28%). A falta de dinheiro para a entrada inicial vem logo a seguir (19%), seguida pelas taxas de juro elevadas (17%) — que aumentam consideravelmente o custo total de um crédito à habitação.

A insegurança económica (15%) e a dificuldade em obter crédito (12%) também têm um peso real nas decisões dos consumidores. E ainda há quem cite a escassez de imóveis que correspondam às suas necessidades (4%) ou a falta de informação no processo de compra (2%).

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