Um estudo recente da MOBI.E analisa, em detalhe, os desafios e oportunidade para o desenvolvimento de uma eficiente rede de postos de carregamento de automóveis elétricos.

Intitulado “Infraestruturas de Carregamento de Apoio à Transição Energética da Mobilidade em Portugal” o estudo apresenta uma análise detalhada da situação atual e das perspetivas futuras do setor da mobilidade elétrica no nosso país.

De forma objetiva aborda as principais tendências, desafios e oportunidades para o desenvolvimento de uma rede de carregamento eficiente e sustentável.

O grande objetivo é que esta rede possa dar resposta e acompanhar o crescimento da procura, ao mesmo tempo que visa contribuir para a descarbonização dos transportes.

Postos de carregamento: perspetivas futuras

Para um enquadramento da ação prevista para os próximos anos atente-se em algumas das conclusões que o estudo apresentado sugere:

A MOBI.E frisa ainda, no estudo que produziu, que não é necessário ter um ponto de carregamento por cada alojamento, mas apenas um carregador por cada dez fogos, nas áreas consideradas cidade e dois carregadores por cada dez fogos, nas zonas suburbanas ou rurais.

Isto tendo em conta que a percentagem de carregamentos realizados em postos públicos nas cidades é de 67%; 52%, nas áreas suburbanas e de 57% nas zonas referenciadas como rurais.

Rede nacional de eletricidade com capacidade?

Paralelamente ao estudo apresentado torna-se pertinente perguntar se a rede nacional de eletricidade está preparada para receber 80 mil postos de carregamento de veículos elétricos.

Neste conspecto importa referir que a rede nacional de eletricidade é, por si só, um sistema complexo e dinâmico que necessita de se adaptar continuamente às mudanças no que respeita à procura e oferta de energia.

Ao mesmo tempo, é de frisar que uma das tendências mais relevantes para o seu futuro é a crescente penetração de viaturas elétricas, que representam uma nova fonte de consumo, mas, igualmente, uma potencial fonte de armazenamento flexível.

Assim, a resposta à questão não é simples, pois depende de fatores como a localização, a potência, o tipo e o perfil de utilização dos postos de carregamento, bem como as características técnicas e operacionais da rede.

Por isso torna-se pertinente garantir que a rede tenha capacidade suficiente para suportar o aumento da procura de energia associada aos veículos elétricos, sem que isso comprometa, de alguma forma, a qualidade e a segurança do fornecimento.

Para isso é preciso reforçar e modernizar a rede, principalmente nas zonas urbanas e suburbanas, onde é esperada uma maior concentração de postos de carregamento.

É também preciso implementar soluções inteligentes de gestão, que permitam monitorizar, controlar e otimizar o fluxo de energia em tempo real, bem como prever e antecipar eventuais problemas ou falhas.

um dos carros elétricos com maior autonomia a carregar
O carros elétricos têm vindo a ganhar cada vez mais quota de mercado

Flexibilidade e utilização eficiente

Por outro lado é necessário assegurar que a rede tenha flexibilidade suficiente para lidar com a variabilidade das condições meteorológicas e climáticas. Este fator pressupõe aumentar a capacidade de armazenamento de energia na rede, tanto a nível centralizado como distribuído.

É aqui que os veículos elétricos podem desempenhar importante papel se forem dotados de tecnologia que permita o carregamento bidirecional. Ou seja, que possam não só consumir energia da rede, como também injetar energia na rede quando for necessário.

Outro elemento desta complexa equação é o incentivar a utilização eficiente e racional dos postos de carregamento, de forma a que sejam minimizados impactos negativos na rede e maximizados os benefícios ambientais.

Para que o equilíbrio seja encontrado é preciso que as tarifas sejam dinâmicas e diferenciadoras e que reflitam os custos reais da energia em cada momento. É ainda importante estimular os consumidores a carregar os seus veículos nos períodos de menor procura ou de maior disponibilidade de energia renovável.

Pode-se concluir que a rede nacional de eletricidade está preparada para receber até 80 mil postos de carregamento para veículos elétricos até 2050, desde que sejam tomadas as medidas adequadas para reforçar, modernizar e gerir a rede de forma inteligente e flexível.

Rede de hidrogénio: 1GW de capacidade até 2030

A rede nacional de hidrogénio é um projeto que visa criar uma infraestrutura de produção, distribuição e consumo de hidrogénio verde em Portugal, aproveitando as potencialidades das energias renováveis.

A MOBI.E, entidade gestora da mobilidade elétrica no país, é uma das entidades envolvidas neste projeto, que tem como objetivo contribuir para a descarbonização dos setores da indústria, transportes e energia, bem como, a criação de emprego e riqueza.

Segundo a MOBI.E, a rede nacional de hidrogénio está em fase de planeamento e implementação, tendo já sido lançados alguns concursos públicos para a construção de eletrolisadores, estações de abastecimento e veículos movidos a hidrogénio.

Até 2030 a MOBI.E prevê que sejam instalados cerca de 1 GW de capacidade de produção de hidrogénio verde, em Sines, e que sejam criados entre 8.500 a 12 mil novos postos de trabalho.

carro a hidrogénio
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Custos de implementação da rede de hidrogénio

Segundo o Plano Nacional de Hidrogénio (PNH) aprovado pelo Governo em 2020, a previsão de investimento para implementação de estações de abastecimento de hidrogénio até 2030, é de cerca de 1,5 mil milhões de euros.

O PNH prevê a instalação de 50 estações de abastecimento de hidrogénio, com uma capacidade total de 160 toneladas por dia, para atender à procura dos setores dos transportes rodoviários, ferroviários e marítimos. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover a transição energética para uma economia verde e circular.

O investimento será financiado por fundos europeus (PT 2020, PT 2030), nacionais e privados e contará, com o apoio de várias entidades públicas, nomeadamente da REN, e privadas.

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