Catarina Reis
Catarina Reis
10 Nov, 2018 - 10:43

Ofertas de emprego fraudulentas online: como reconhecer e evitar

Catarina Reis

Não deixe de ser seletivo e cuidadoso no estabelecimento de contactos com empresas. Sobretudo, evite responder a ofertas de emprego fraudulentas.

Ofertas de emprego fraudulentas online: como reconhecer e evitar

Procurar um emprego pode ser uma atividade stressante e a ânsia de retomar ou mudar a vida profissional pode fazer com que responda a ofertas de emprego fraudulentas. Como reconhecê-las? Como evitar as consequências?

Ofertas de emprego fraudulentas: fuja a sete pés

As ofertas de emprego fraudulentas são uma realidade, e nem sempre é fácil identificá-las – muitas vezes só com alguma experiência na matéria, e não sem antes (tentar) contactar diretamente os anunciantes da oportunidade de trabalho fictícia.

Mesmo que a fraude, em muitos destes anúncios, possa ser facilmente detectável, infelizmente muitas pessoas acabam por cair na armadilha, e responder aos anúncios, nem que seja só para conferir se são verdadeiros ou falsos.

Devido à urgência de encontrar um emprego, essas pessoas são levadas a acreditar que podem estar perante uma boa oportunidade.

Um perigo para qualquer pessoa

Quem começou a procurar trabalho recentemente poderá estar mais facilmente sujeito a responder a estas ofertas de emprego fraudulentas, mas não só – muitas vezes mesmo as pessoas mais experientes acabam por não ter a capacidade de distinguir o que é verdadeiro ou o que é falso no mundo das ofertas de trabalho online.

Então como identificar ofertas de emprego fraudulentas? Siga estas dez dicas.

1. O trabalho parece “bom demais para ser verdade”

Quando a esmola é grande o pobre desconfia. Os empregos realmente bons são difíceis de encontrar, sobretudo através de anúncios de emprego. Se o trabalho parece ser bom demais para ser verdade, normalmente é porque o é. Geralmente, os empregos realmente bons são atribuídos por mobilidade interna ou no decorrer de um processo de referenciação, e raras vezes o salário é comunicado de antemão.

Por isso, já sabe: se for contactado por uma empresa que afirma ter encontrado o seu CV online, a oferecer um emprego com entrada imediata, com requisitos perfeitamente atingíveis e um excelente salário, desconfie.

2. Recebeu um email com uma proposta de trabalho praticamente garantida

Já recebeu um e-mail a informar que foi selecionado para uma entrevista de emprego? Antes de ficar feliz com as novidades, verifique se não se trata de um “presente envenenado”. Confirme a origem do e-mail, e se não a conhecer, não responda. Fraudes deste tipo podem aparecer mascaradas sob o nome de uma marca ou empresa conhecida, por isso não hesite e faça uma pesquisa no Google do endereço de correio eletrónico que remeteu a mensagem.

O nome da empresa ou marca reconhecida pode estar lá, mas aquele e-mail pode não pertencer realmente à empresa. Desconfie!

3. A lista de requisitos para o emprego é demasiado simples e abrangente

Para o anúncio parecer credível, o anunciante elabora uma lista de requisitos necessários para o emprego, mas a falta de especificidade por vezes é tanta que chega a parecer que qualquer um poderá ter condições para conquistar aquela oportunidade de trabalho.

Por exemplo: “Acesso à Internet é requisito obrigatório”. Para começar, dificilmente teria lido o tal anúncio se não tivesse acesso à Internet; e além disso, se não tiverem sido mencionados quaisquer requisitos ao nível do perfil de competências técnicas, educação ou experiência (elementos cruciais para o bom desempenho em qualquer emprego), poderá estar mesmo perante uma oferta fraudulenta.

4. A oferta de emprego não apresenta uma descrição da atividade profissional a desenvolver

Os anúncios de emprego podem ser pouco claros quanto ao nome da empresa emissora, devido a questões de concorrência, ou mesmo em relação a outros aspetos, como o intervalo salarial. Mas geralmente, e como os recrutadores não gostam de perder tempo, a descrição da atividade laboral a desempenhar é clara. Por isso, as ofertas de emprego fraudulentas apresentam-se, não raras vezes, vagas do ponto de vista das atividades profissionais para as quais se procura um candidato.

Por vezes os anúncios não mencionam a natureza do trabalho em si, “esclarecendo” as suas dúvidas com uma frase como “não se preocupe, nós iremos muni-lo das competências necessárias para este trabalho”. Ou então, “oferta de trabalho remoto – só necessita de ter um computador e poderá trabalhar em qualquer lugar!”.

5. Os textos dos anúncios não são profissionalmente redigidos

Alguns e-mails fraudulentos são bem escritos, mas muitos não o são. As empresas reais contratam profissionais que escrevem bem. Se o e-mail contiver erros de ortografia, letras maiúsculas em grandes extensões de texto, incorreções de pontuação ou gramática, esteja atento.

Vejamos um exemplo: “ O departamento de recursos humanos da Intelfy analisou a sua candidatura e temos o prazer de informá-lo de que foi o selecionado de entre cem mil candidaturas provenientes de todo o mundo. Por favor registe-se através deste link, para validar e iniciar o processo de admissão.”

Neste exemplo há vários elementos que, para um candidato mais atento, funcionam como “sinais vermelhos”:

  • a expressão “recursos humanos” está escrita em letra minúscula – qualquer empresa credível teria redigido “Recursos Humanos” ou “Departamento de Recursos Humanos”;
  • o link para onde somos direcionados é provavelmente apenas um esquema para reter o e-mail para efeitos de spam.

6. É pedido no anúncio que dê informações confidenciais

Jamais dê informações pessoais e confidenciais como resposta a qualquer anúncio de emprego, por mais fidedigno que este lhe possa parecer. Sejamos sinceros: ninguém pede o número de cartão de crédito num anúncio de emprego.

Existem formas mais bem mascaradas de fazer isto, como fazer promessas do género: “inscreva-se como sócio do nosso portal para ter acesso a dez entrevistas de emprego com empresas de topo”. Nunca forneça este tipo de dados numa candidatura a emprego. Os dados pessoais começam a ser solicitados, no mínimo, depois da primeira entrevista, e quando se adivinha uma contratação com mais certeza.

7. Os e-mails não incluem informações de contacto ou são enviados de uma conta de e-mail pessoal

Voltamos a analisar os remetentes destas ofertas de emprego fraudulentas; desta vez, para lhe dizer que as empresas “reais” geralmente possuem um domínio registado com o nome da empresa, não necessitando de recorrer à conta do Gmail para enviar correio eletrónico. Já sabe, se recebeu a oferta de emprego dos seus sonhos da [email protected], deve perder apenas o tempo necessário para marcar essa mensagem como spam e passar à frente.

Outro sinal de alerta é a assinatura de e-mail incompleta, com contactos em falta.

8. Não existe qualquer informação ou referência sobre a empresa ou quem escreveu o anúncio nas redes sociais

Muitos candidatos ficam aborrecidos quando percebem que os empregadores pesquisam os seus perfis nas redes sociais. Mas este é um procedimento normal e que deve ser usado também para os candidatos descobrirem informações adicionais sobre as empresas. Seja no LinkedIn ou no Facebook, é frequente conseguir encontrar colaboradores de determinada empresa que publicou um anúncio cuja veracidade quer verificar. Faça as suas pesquisas!

9. A contar a partir do momento em que se “morde o anzol”, o processo de seleção será exclusivamente conduzido online

A empresa evita conversas telefónicas, esquiva-se à marcação de uma reunião e apressa-se a recolher o maior número de dados possível sobre o candidato? Já sabe a nossa opinião sobre o assunto: esqueça!

10. O anúncio não surge em nenhum site credível especializado em ofertas de emprego

Existem muitos portais que albergam anúncios de emprego, os quais não aceitam inscrições de empresas ou entidades que não sejam totalmente credíveis. Recorra a fontes fidedignas de informação e seja seletivo. É preferível responder a menos anúncios do que responder a imensos anúncios que não trazem consigo verdadeiras oportunidades!

Há empresas que publicam oportunidades “falsas” como forma de aumentar a notoriedade da marca

Muitas pessoas não o sabem, mas a notoriedade das marcas e dos nomes das empresas também é construída à custa da publicação de anúncios falsos. Não lhes chamaremos aqui de ofertas de emprego fraudulentas, porque o objetivo destas empresas não é cometer uma fraude, fazê-lo pagar alguma coisa ou sequer recolher o seu contacto; simplesmente, em redes como o LinkedIn, sabe-se que a publicação de uma oferta, ainda que fictícia, irá gerar mais tráfego no site da empresa.

O debate sobre a legitimidade desta prática acontece há algum tempo e a única conclusão a tirar é que deve estar atento e conhecer cada vez melhor as estratégias que as empresas realmente usam para captar talentos.

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