Elsa Santos
Elsa Santos
07 Nov, 2019 - 11:36

Salário do professor: valores e benefícios

Elsa Santos

O salário do professor tem sofrido cortes e alterações nos últimos anos. A progressão de carreira continua a ser uma promessa governamental.

professor a dar aula em laboratório

Os números, as condições, os benefícios e as desvantagens da carreira docente em Portugal. Qual o valor do salário do professor em Portugal?

Esta é uma pergunta que muitos se colocam quando pensam seguir uma carreira no ensino. Ser professor é uma das profissões mais exigentes e mais importantes do mundo, mas não é das mais bem pagas.

A escola é, indiscutivelmente, a base de uma boa formação, determinante para qualquer indivíduo, a nível profissional e pessoal. No entanto, o salário do professor nem sempre reflete essa grande responsabilidade social.

Quanto ganha, realmente, um professor?

As muitas alterações sofridas ao longo dos últimos anos, os cortes salariais ou a progressão na carreira (a falta dela) são alguns dos motivos que marcam as manifestações a que temos vindo a assistir, em protesto e reivindicação por melhores condições de trabalho para uma categoria profissional longe do reconhecimento de outrora.

Do ensino básico ao universitário, saiba até quanto pode chegar o salário do professor em Portugal.

QUAL O SALÁRIO DO PROFESSOR EM PORTUGAL?

professora e alunos

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), de acordo com o relatório “Education at a Glance 2018“, os professores portugueses ganham mais do que os restantes trabalhadores com formação superior.

Os dados da OCDE mostram Portugal com um dos principais países onde a classe docente mais recebe, superada apenas pelo Luxemburgo.

No entanto, há que ter em consideração o facto de o rendimento auferido estar diretamente relacionado com a idade do professor, sendo que o salário vai aumentando de acordo com os anos de serviço e experiência e em Portugal a classe docente é das mais envelhecidas.

SALÁRIO DO PROFESSOR: BOM OU MAU?

De acordo com a tabela do SIPPEB – Sindicato dos Educadores e Professores do Ensino Básico, por exemplo, os vencimentos de 2019 para  a carreira docente começam em 1.373,13 euros como valor base em início de carreira, ou primeiro escalão, e aumentam gradualmente até ao décimo e ultimo escalão, cujo valor atribuído é de 3.364,63 euros.

Os valores podem variar (subir ou descer) também de acordo com as habilitações do docente (se profissionalizado, com habilitação própria ou outra) assim como de acordo com o estabelecimento de ensino onde trabalha, público ou privado. Considera-se ainda o tipo de vinculo profissional (tempo parcial ou integral) em regime de exclusividade ou não.

O nível de ensino é ainda outro aspeto a considerar, sendo que no ensino universitário o salário de um professor catedrático, em topo de carreira, pode ser superior a 5.000 euros.

Progressão na carreira

A progressão na carreira docente está diretamente relacionada com os aspetos já enunciados, nomeadamente o tempo de serviço (anos de experiência) e ainda do nível de ensino e respetivas habilitações profissionais, assim como de constrangimentos impostos pela tutela.

Entre esses contam-se os cortes e congelamento de salários, situações já registadas na classe, nos últimos anos em Portugal e ainda da avaliação de desempenho e numero de vagas disponíveis para o efeito de progressão.

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Carreira docente: benefícios

Há alguns benefícios apontados à profissão docente. Mito ou realidade?

Carga horária

De acordo com a OCDE, para além do valor do salário do professor, refere-se ainda o facto de Portugal ser um dos países onde a classe profissional apresenta uma carga horária abaixo de outros estados membros da comunidade europeia.

O horário numa escola pública do ensino básico é de 22 horas semanais. No entanto, a isso juntam-se mais umas quantas horas não remuneradas, necessárias à preparação de aulas, fichas e testes, assim como a correção dos mesmos.

Férias

Dá ideia que os professores têm mais tempo de férias do que outros profissionais, isto se considerarmos as paragens letivas, em especial as “férias grandes” no verão.

No entanto, não é bem assim. Legalmente, os professores têm direito ao mesmo número de dias de férias que outro profissional com o mesmo tempo de serviço.

As paragens letivas, períodos em que não há aulas, são preenchidas com reuniões de avaliação e de trabalho. A par disso, em alguns casos, o volume de trabalho pode mesmo aumentar, tendo os docentes de corrigir trabalhos e/ou relatórios finais.

Carreira docente: desvantagens

Precariedade

Os professores do ensino regular público são um exemplo, a juntar a outros, de precariedade laboral no nosso país. Os profissionais, com contratos a termo certo, estão dependentes, até conseguirem efetivar, de concursos anuais, numa constante tentativa de ficarem colocados numa escola e terem trabalho.

Isso leva-os, não raras vezes, a deslocarem-se para (muito) longe de casa e da família, tendo de suportar, nomeadamente, despesas de alojamento e/ou transporte.

Esses fatores pesam no salário do professor, reduzindo consideravelmente o valor, comparativamente com um profissional que exerce a profissão na sua área de residência.

Desgaste

Vários estudos comprovam que os professores constituem uma das principais classes profissionais onde se registam altos níveis de desgaste, cansaço ou mesmo exaustão e onde, nos últimos anos, se registam mais pedidos de reforma antecipada, mesmo que com cortes salariais significativos.

Ainda assim, a classe docente portuguesa é uma das mais envelhecidas do mundo.

O salário do professor em Portugal deve, pois, ser analisado caso a caso, considerando todos os fatores que para ele contribuem.

Não é, certamente, das profissões mais mal pagas, mas será uma das que é (ou deverá ser) exercida por profissionais apaixonados pelo que fazem, uma das mais exigentes, que merece todo o mérito e valorização pelo papel determinante que assume na sociedade.

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