Share the post "Bacalhau está caro, mas o preço vai subir ainda mais em 2026"
O bacalhau, alimento profundamente enraizado na cultura gastronómica portuguesa, prepara-se para enfrentar um novo ciclo de aumentos de preço em 2026.
As previsões da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB) e do Conselho Norueguês das Pescas (NSC) apontam para um agravamento dos custos, colocando pressão adicional sobre os consumidores portugueses que mantêm uma relação única e histórica com este pescado.
A subida resulta de uma combinação de fatores estruturais que afetam toda a cadeia de produção e distribuição.
A redução das quotas de pesca no Mar de Barents, onde ocorre grande parte da captura desta espécie, constitui o principal elemento de pressão sobre a oferta disponível no mercado.
As políticas de gestão sustentável das populações implementadas pela Noruega limitam as quantidades que podem ser capturadas anualmente, procurando preservar os stocks marinhos para as gerações futuras.
Acrescem ainda os custos crescentes de importação e transporte, influenciados pelo contexto económico internacional, incluindo flutuações cambiais, custos energéticos e desafios logísticos que afetam as cadeias de abastecimento globais.
Aliás, no Natal deste ano já se nota uma subida dos preços, impulsionada precisamente por estes fatores estruturais que continuarão a pressionar o mercado no próximo ano.
Quanto bacalhau consome cada português por ano?
Cada português consome em média cerca de 15 quilogramas de bacalhau anualmente, mantendo o país como líder mundial no consumo per capita.
Por que razão o bacalhau vai ficar mais caro em 2026?
A subida de preços resulta da redução das quotas de pesca no Mar
de Barents, do contexto económico internacional e do aumento dos custos de importação e transporte.
Que percentagem do consumo de bacalhau ocorre no Natal?
Aproximadamente 30% do consumo anual de bacalhau concentra-se na época natalícia, demonstrando a importância cultural desta tradição.
O que é o bacalhau demolhado ultracongelado?
Trata-se de bacalhau já demolhado e congelado, oferecendo maior
conveniência e facilidade de preparação comparativamente ao
bacalhau salgado seco tradicional.
De onde vem o bacalhau consumido em Portugal?
A maior parte do bacalhau consumido em Portugal é pescado no
Mar de Barents, sendo importado principalmente da Noruega, que
continua a ser o principal fornecedor.
Bacalhau: Portugal campeão mundial no consumo

Apesar das pressões económicas, os portugueses mantêm uma fidelidade notável ao bacalhau. Os números são eloquentes e cada habitante consome em média cerca de 15 quilogramas de bacalhau por ano, colocando Portugal na liderança mundial absoluta do consumo per capita deste pescado.
Em termos de volume total, o consumo anual em Portugal fixou-se em aproximadamente 55.000 toneladas em 2024, embora as estimativas para 2025 apontem para uma ligeira redução.
Esta resiliência do mercado português surpreende os analistas, sobretudo tendo em conta o contexto económico desafiante que o país atravessa.
Portugal não é apenas o maior consumidor mundial, mas também o principal destino de exportação de bacalhau salgado seco, com mais de 81.000 toneladas recebidas anualmente.
A isto soma-se ainda o salgado verde, que é posteriormente transformado nas unidades industriais nacionais. Outros mercados relevantes incluem Espanha, Itália e Brasil, mas nenhum rivaliza com a dimensão do mercado português.
O Natal e a concentração do consumo anual

Um dado particularmente interessante sobre os hábitos alimentares dos portugueses relaciona-se com a sazonalidade do consumo.
Cerca de 30% de todo o bacalhau consumido anualmente concentra-se na época natalícia, revelando o peso enorme desta tradição gastronómica nas festividades de fim de ano.
Esta concentração do consumo no período natalício mantém-se estável apesar das oscilações de preço, sustentada por três pilares fundamentais.
Primeiro, a forte componente cultural e afetiva que associa o bacalhau à consoada e às celebrações familiares.
Segundo, as campanhas promocionais e estratégias de marketing desenvolvidas pelas cadeias de distribuição que tornam o produto mais acessível nesta altura.
Terceiro, a própria tradição que se perpetua de geração em geração, tornando impensável para muitas famílias um Natal sem este petisco à mesa.
A questão que se coloca agora é até que ponto os consumidores portugueses estarão dispostos a absorver aumentos de preço para manter viva uma tradição gastronómica centenária.
É que o bacalhau continua a ser muito mais do que um simples alimento na cultura portuguesa. O “fiel amigo” é um símbolo identitário, uma ponte entre gerações e um elemento fundamental da gastronomia nacional.