Share the post "Balanço do Natal 2025: menos mortes, menos feridos e mais civismo nas estradas"
A quadra natalícia de 2025 trouxe uma prenda inesperada: um decréscimo nas vítimas mortais e feridos graves nas estradas de Portugal. Entre os dias 18 e 26 de dezembro, registaram-se 3426 acidentes rodoviários, menos 193 do que no mesmo período de 2024.
Apesar de ainda haver ocorrências trágicas, os números foram menos graves: registaram-se 12 mortes (menos 3 do que no ano anterior), 68 feridos graves (menos 12) e 929 feridos ligeiros (menos 232).
Distritos com perdas humanas
As 12 vítimas mortais da operação de Natal 2025 foram registadas em sete distritos do continente: Aveiro, Beja, Braga, Leiria, Lisboa, Porto e Santarém. Cada um destes distritos contabilizou entre uma e duas mortes. Já nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, cumpriu-se o desejado “zero mortes”, um sinal positivo numa época em que o movimento rodoviário é sempre mais intenso.
Locais dos acidentes mortais
- Rede Municipal: 5 vítimas mortais
- 3 em arruamentos urbanos
- 2 em estradas municipais
- Rede Rodoviária Nacional: 7 vítimas mortais
- 5 em estradas nacionais
- 2 em itinerários complementares
Esta distribuição mostra que tanto zonas urbanas como estradas de maior circulação continuam a apresentar riscos significativos, exigindo atenção redobrada de condutores e peões.
Causas dos acidentes mortais
A maioria das fatalidades resultou de despistes, responsáveis por 6 das 12 mortes — ou seja, metade dos casos. Estes envolveram sobretudo veículos ligeiros, com destaque para um motociclo entre os sinistrados.
As colisões representaram a segunda principal causa, com 4 vítimas mortais. Nestes acidentes estiveram envolvidos seis veículos ligeiros, dois motociclos e um pesado de mercadorias. Por fim, ocorreram dois atropelamentos mortais, em que estiveram implicados um veículo ligeiro e um pesado.
Estes dados revelam padrões preocupantes: comportamentos de risco, como excesso de velocidade e falta de atenção, continuam a estar na origem de muitos acidentes graves, mesmo em contextos urbanos.
Fiscalização nas estradas: milhares de condutores apanhados em falta
Durante a operação de Natal 2025, as forças de segurança intensificaram a vigilância nas estradas portuguesas. No total, foram fiscalizados 702.849 veículos, sendo que 78.666 dessas fiscalizações ocorreram presencialmente, em operações stop levadas a cabo pela GNR e PSP.
O esforço de fiscalização resultou na deteção de 13.235 infrações, o que representa uma taxa de incumprimento de 1,9%. Ou seja, quase dois em cada 100 condutores controlados estavam a infringir alguma regra do Código da Estrada — um número ainda preocupante, sobretudo numa altura do ano com mais tráfego e maior risco de acidentes.
Este balanço mostra que, apesar da redução da sinistralidade, há ainda um longo caminho a percorrer no que toca ao cumprimento das regras de trânsito. A segurança rodoviária continua a ser uma responsabilidade partilhada entre autoridades e condutores.
Principais infrações detetadas
| Tipo de infração | Número |
|---|---|
| Velocidade excessiva | 1.891 |
| Falta de inspeção periódica obrigatória | 1.641 |
| Álcool (inferior a 1,2 g/l) | 300 |
| Uso de telemóvel ao volante | 320 |
| Falta de seguro | 556 |
| Não uso de cinto / cadeiras para crianças | 275 |
Crimes rodoviários mais comuns
| Crime | Número |
|---|---|
| Condução com álcool ≥ 1,2 g/l | 472 |
| Condução sem carta | 196 |
| Outros crimes rodoviários | 55 |
Bombeiros preparados para o pior, sempre prontos para o melhor
A segurança nas estradas não depende só da prevenção — a capacidade de resposta também faz a diferença. Durante a operação de Natal 2025, a ANEPC (Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil) colocou em marcha um dispositivo especial para garantir assistência rápida em caso de emergência.
Diariamente, estiveram no terreno 867 bombeiros e 256 veículos de socorro, estrategicamente distribuídos. No total da operação, que abrangeu vários dias, foram mobilizados 5.202 operacionais e 1.536 veículos, reforçando a capacidade de resposta em todo o país.
Para otimizar o tempo de intervenção, foram identificados 142 pontos críticos de sinistralidade, onde os meios foram pré-posicionados. Esta estratégia permitiu reduzir o tempo entre o alerta e a chegada da ajuda — algo que, em contexto de acidente grave, pode fazer toda a diferença.
Menos tragédias, mas o trabalho continua
É verdade que o Natal de 2025 trouxe uma redução nas estatísticas da sinistralidade, mas 12 vidas perdidas continuam a ser 12 tragédias pessoais e familiares. Nenhum número, por mais otimista que pareça, apaga a dor de quem perdeu alguém na estrada.
O esforço conjunto de condutores mais conscientes, fiscalização mais eficaz e serviços de socorro mais preparados começa a traduzir-se em resultados visíveis. É um sinal encorajador, mas está longe de ser suficiente.