Conhece a quinta cidade santa do catolicismo? É aqui ao lado…

Há cidades que chegam sem aviso, não porque não existam nos mapas, mas porque vivem numa dimensão paralela à pressa contemporânea. Caravaca de la Cruz é uma dessas raridades.

Situada na região de Múrcia, no sudeste de Espanha, carrega uma designação pouco comum, uma vez que é uma das cinco cidades santas do catolicismo, ao lado de Jerusalém, Roma, Santiago de Compostela e Liébana.

E, no entanto, continua a ter um ar quase secreto, como se fosse um rumor transmitido de boca em boca.

Se está a pensar num destino para a sua próxima viagem, ou apenas uma escapadinha, coloque já este “pueblo” na sua agenda.

Caravaca de la Cruz: trilhos de fé

À primeira vista, pode parecer apenas mais uma localidade castelhana, com ruas estreitas, casas caiadas e um castelo lá no alto. Mas basta subir a encosta para perceber que a cidade não é só pedra nem só devoção.

O santuário da Vera Cruz aninha-se entre as arribas como se quisesse proteger a relíquia que guarda. A sua importância religiosa deve-se à presença da Vera Cruz, uma relíquia que, segundo a tradição, contém um fragmento da cruz em que foi crucificado Jesus Cristo.

Todos os anos, milhares de peregrinos visitam Caravaca de la Cruz para venerar esta relíquia, especialmente durante os Anos Jubilares (o mais recente foi 2024), que se celebram de sete em sete anos.

O Santuário está encravado num antigo castelo. Por isso, aproveite para passear pelas muralhas e desfrute das vistas panorâmicas da cidade e dos arredores. A fortaleza oferece uma perspectiva única da história de Caravaca de la Cruz.

Muito para ver e admirar

Mas a terra não vive apenas da sua aura religiosa. As ruas são um convite a perder-se, sem itinerário fixo, descobrindo pequenas praças onde o tempo parece escorrer devagar.

Numa esquina, um bar com cheiro a tapas, noutro, uma loja minúscula com imagens de santos e medalhinhas reluzentes. É o género de sítio onde se pode beber um vinho local enquanto se ouve uma conversa arrastada em murciano cerrado.

Nos anos de jubileu a cidade transforma-se, acolhendo multidões de peregrinos que chegam a pé, de bicicleta ou em autocarros cheios de fé e cânticos. A experiência é intensa, mesmo para quem não partilha a crença.

Porque a devoção coletiva tem uma força que contagia, e de repente damos por nós a caminhar mais devagar, a observar rostos cansados mas iluminados por uma espécie de alegria tranquila.

Festas populares em Caravaca de la Cruz

Há também as festas populares que revelam outra face da cidade. Uma das mais célebres é a dos “Caballos del Vino”, onde cavalos decorados com mantos bordados a ouro e seda correm pelas ruas num espetáculo tão deslumbrante quanto caótico.

É uma explosão de cor, música, cheiro a pólvora e gritos entusiasmados. E é precisamente esse contraste (o sagrado lado a lado com o profano, a liturgia com a festa popular) que dá a Caravaca um carácter tão particular.

Por isso, este não é apenas um destino de fé. É também um ponto de encontro entre história e quotidiano, entre pedra antiga e vida moderna.

Pode-se entrar num convento do século XVI de manhã e acabar a tarde a beber uma cerveja num terraço ensolarado, com jovens a rir alto e música espanhola a ecoar de um rádio portátil. Essa mistura é desarmante.

Não perca a Igreja do Salvador, um belo exemplo de arquitetura renascentista, terminando o dia na Praça do Arco, o centro nevrálgico de Caravaca de la Cruz.

A poucos quilómetros do centro, pode ainda ver a Ermida da Encarnação, assim como um sítio arqueológico com vestígios ibéricos, romanos e visigodos. Depois regresse ao centro de Caravaca e explore o Museu Arqueológico Municipal.

O Bairro Medieval de Caravaca, com as suas ruas estreitas e empedradas, é de visita orbigatória, podendo rematar esta visita com um passeio pelo Parque Natural das Fontes do Marquês, espaço com trilhos, nascentes e áreas de piquenique.

De que está à espera para se colocar a caminho?