Miguel Pinto
Miguel Pinto
08 Ago, 2025 - 15:00

Carregar um elétrico vai ser mais simples. Saiba as novas regras

Miguel Pinto

Carregar um elétrico em Portugal está prestes a dar um salto qualitativo. O novo regime aprovado pelo Governo simplifica o processo.

mulher a carregar um elétrico

Nos últimos anos, conduzir um automóvel elétrico em Portugal era, para muitos, uma experiência tão moderna quanto… frustrante. É que todo o processo para carregar um elétrico exaspera muita gente.

Entre aplicações redundantes, tarifas imprevisíveis e pontos de carregamento ocupados ou fora de serviço, a aventura da mobilidade elétrica nem sempre correspondia às promessas de conveniência e eficiência. Mas esse cenário está prestes a mudar.

O Governo aprovou recentemente um novo regime jurídico para a Mobilidade Elétrica que visa tornar o processo de carregamento mais simples, transparente e acessível.

Esta reforma legislativa surge numa altura crítica em que o parque automóvel nacional está em plena transformação, com os veículos elétricos a conquistarem uma fatia crescente das vendas.

Carregar um elétrico: mudanças nos CEME

Uma das grandes novidades é a eliminação da obrigatoriedade de recorrer a um contrato com um Comercializador de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) para carregar nos postos públicos.

Na prática, isto significa que os utilizadores passam a poder pagar diretamente no local, de forma instantânea, com cartão bancário ou através de apps generalistas, sem a necessidade de múltiplos registos ou cartões físicos.

É uma mudança que aproxima Portugal do modelo europeu mais comum, e mais intuitivo, e que promete democratizar o acesso ao carregamento público, sobretudo para os utilizadores ocasionais ou turistas.

Transparência nos preços

O novo regime também impõe regras mais rigorosas quanto à divulgação dos preços de carregamento. Os operadores dos postos serão obrigados a apresentar, de forma clara e acessível, os valores praticados (por kWh, por tempo ou por sessão) antes do início da carga.

Esta medida visa eliminar as surpresas na fatura e incentivar uma concorrência mais saudável entre operadores.

autonomia dos carros elétricos
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Instalação de carregadores

Mas o Governo não se ficou pelos carregamentos públicos. O novo diploma prevê ainda a simplificação do processo de instalação de pontos de carregamento em condomínios e edifícios multifamiliares, muitas vezes um verdadeiro labirinto burocrático.

Com o novo regime, os moradores passam a ter mais autonomia para instalar carregadores nas suas garagens, mesmo sem unanimidade em assembleia de condóminos, desde que cumpram requisitos técnicos e de segurança.

Carregar um elétrico: o papel das autarquias

As autarquias terão agora um papel mais ativo na rede de mobilidade elétrica, sendo incentivadas a integrar o planeamento de infraestruturas de carregamento nos seus Planos Diretores Municipais (PDM).

O objetivo é garantir uma cobertura mais equitativa do território, evitando zonas sem acesso a carregamentos rápidos ou sequer regulares.

Tudo isto faz parte de uma estratégia mais ampla que visa atingir as metas de descarbonização até 2030 e consolidar Portugal como um país referência na mobilidade sustentável.

Naturalmente, as mudanças não acontecem de um dia para o outro. Será necessário algum tempo até que todos os operadores se adaptem às novas exigências e que as novas regras estejam plenamente em vigor. Ainda assim, o caminho está traçado.

Para os condutores de elétricos, e os que ponderam fazer a transição, o novo regime representa um alívio bem-vindo. Menos complicações, mais liberdade e maior previsibilidade são pilares fundamentais para tornar os elétricos uma escolha lógica e não apenas ecológica.

O processo de carregar um elétrico em Portugal está a mudar. E, desta vez, parece mesmo que é para melhor.