Share the post "Carregar um elétrico vai ser mais simples. Saiba as novas regras"
Nos últimos anos, conduzir um automóvel elétrico em Portugal era, para muitos, uma experiência tão moderna quanto… frustrante. É que todo o processo para carregar um elétrico exaspera muita gente.
Entre aplicações redundantes, tarifas imprevisíveis e pontos de carregamento ocupados ou fora de serviço, a aventura da mobilidade elétrica nem sempre correspondia às promessas de conveniência e eficiência. Mas esse cenário está prestes a mudar.
O Governo aprovou recentemente um novo regime jurídico para a Mobilidade Elétrica que visa tornar o processo de carregamento mais simples, transparente e acessível.
Esta reforma legislativa surge numa altura crítica em que o parque automóvel nacional está em plena transformação, com os veículos elétricos a conquistarem uma fatia crescente das vendas.
Carregar um elétrico: mudanças nos CEME
Uma das grandes novidades é a eliminação da obrigatoriedade de recorrer a um contrato com um Comercializador de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) para carregar nos postos públicos.
Na prática, isto significa que os utilizadores passam a poder pagar diretamente no local, de forma instantânea, com cartão bancário ou através de apps generalistas, sem a necessidade de múltiplos registos ou cartões físicos.
É uma mudança que aproxima Portugal do modelo europeu mais comum, e mais intuitivo, e que promete democratizar o acesso ao carregamento público, sobretudo para os utilizadores ocasionais ou turistas.
Transparência nos preços
O novo regime também impõe regras mais rigorosas quanto à divulgação dos preços de carregamento. Os operadores dos postos serão obrigados a apresentar, de forma clara e acessível, os valores praticados (por kWh, por tempo ou por sessão) antes do início da carga.
Esta medida visa eliminar as surpresas na fatura e incentivar uma concorrência mais saudável entre operadores.
Instalação de carregadores
Mas o Governo não se ficou pelos carregamentos públicos. O novo diploma prevê ainda a simplificação do processo de instalação de pontos de carregamento em condomínios e edifícios multifamiliares, muitas vezes um verdadeiro labirinto burocrático.
Com o novo regime, os moradores passam a ter mais autonomia para instalar carregadores nas suas garagens, mesmo sem unanimidade em assembleia de condóminos, desde que cumpram requisitos técnicos e de segurança.
Carregar um elétrico: o papel das autarquias
As autarquias terão agora um papel mais ativo na rede de mobilidade elétrica, sendo incentivadas a integrar o planeamento de infraestruturas de carregamento nos seus Planos Diretores Municipais (PDM).
O objetivo é garantir uma cobertura mais equitativa do território, evitando zonas sem acesso a carregamentos rápidos ou sequer regulares.
Tudo isto faz parte de uma estratégia mais ampla que visa atingir as metas de descarbonização até 2030 e consolidar Portugal como um país referência na mobilidade sustentável.
Naturalmente, as mudanças não acontecem de um dia para o outro. Será necessário algum tempo até que todos os operadores se adaptem às novas exigências e que as novas regras estejam plenamente em vigor. Ainda assim, o caminho está traçado.
Para os condutores de elétricos, e os que ponderam fazer a transição, o novo regime representa um alívio bem-vindo. Menos complicações, mais liberdade e maior previsibilidade são pilares fundamentais para tornar os elétricos uma escolha lógica e não apenas ecológica.
O processo de carregar um elétrico em Portugal está a mudar. E, desta vez, parece mesmo que é para melhor.