João Abreu
João Abreu
11 Jan, 2019 - 10:46

Carros sem condutor: serão o futuro?

João Abreu

Serão os carros sem condutor o futuro das nossas estradas? Perceba os seus prós e contras e de que forma podem modificar a nossa forma de conduzir. Saiba mais.

Carros sem condutor: serão o futuro?
Cada vez mais lançam conceitos de carros sem condutor, assim como tentam cada vez mais implementar tecnologias de condução autónoma nos carros existentes no mercado e, consequentemente, cada vez vemos mais “carros sem condutor” nas estradas. Nesta temática, é a Tesla que se destaca das restantes marcas, as quais se limitam a abordar a sua intenção de lançar automóveis de condução autónoma. À Tesla tem sido dado o mérito de avançar com esta nova tecnologia dos modelos que já dispensam o condutor. Porém, será esta tecnologia antecipadora de um futuro credível e seguro?
Com a evolução tecnológica e a inteligência artificial a gerar a sua própria sustentabilidade, seria de esperar que surgissem veículos cuja condução fosse autónoma, mas estaríamos preparados para uma aplicação global da mesma? Será mesmo esta a resposta para o fim dos sinistros automóveis?
Existem variadas respostas para estas questões mas, por enquanto, a maioria das estatísticas e a reflexão dos futuros e potenciais utilizadores revelam que o tema de automóveis autónomos ainda se encontra numa fase evolutiva e de arquitetura construtiva para a sua aplicabilidade em todo o tipo de cenários e situações do dia-a-dia, nas nossas estradas. Futuramente, e com maiores avanços na área, pode ser possível que esta tecnologia seja melhorada. Contudo, de momento, já se registaram acidentes a nível global que nos fazem colocar a questão: haverá mesmo futuro para os carros sem condutor?

Fique a saber tudo sobre os carros sem condutor


sem condutor

Todas as evoluções tecnológicas carregam consigo vantagens e desvantagens, sendo importante entender as motivações da sua natureza. A velocidade do progresso e da evolução nunca pode ser mais rápida do que a sua compreensão e recetividade. É, por isso, relevante e importante refletir sobre como a ciência e o estado da arte tecnológico podem substituir um papel de ação já centenário e semanticamente passado entre gerações.

Entenda os progressos nesta área e os prós e contras da arte de poder conduzir, sem tocar nos pedais e no volante. 

Progressos da marca Tesla

Conforme mencionado, é a marca americana Tesla que se tem destacado nos avanços tecnológicos da condução autónoma. Atualmente, todos os modelos que produz contam com novas soluções de hardware, que ampliam as funções de condução autónoma.
Enquanto muitas outras marcas de produção automóvel comunicavam a sua intenção de se aliarem ao progresso na condução sem condutor, foi a Tesla quem recebeu o mérito de avançar neste compromisso. A marca alega que esta evolução é fundamental para a segurança rodoviária, para reduzir os custos de transporte e, ainda, para proporcionar soluções de mobilidade a baixo custo.
Da marca Tesla, todos os Model S, Model X e Model 3 em produção incorporam 8 câmaras panorâmicas que garantem uma visualização de 360° em torno do automóvel, até 250 metros de distância. Incluem ainda 12 sensores ultra-sónicos que complementam a visão assegurada pelas 8 câmaras e que permitem detetar objetos rígidos. Estes modelos contêm, ainda, um radar dianteiro que fornece dados adicionais sobre o meio envolvente, num comprimento de onda que permite que o sistema de condução autónoma identifique os perigos, mesmo através da chuva, do nevoeiro ou do pó. Este radar permite também “ver” além do veículo da frente, através destes comprimentos de onda, que vão muito além dos sentidos humanos.
radares carros automáticos
Em 2016, estes sistemas eram já disponibilizados no cerne destes carros, mas a marca fez saber que os mesmos apenas seriam ativados quando se realizassem os milhões de quilómetros de testes que se concordava serem necessários para a sua validação, bem como quando se obtivessem as autorizações legais necessárias para a sua utilização em condições reais.
Já no mercado, os carros sem condutor contam com diferentes formas de autonomia, classificadas por níveis.

Níveis de condução autónoma

  • Nível 0 – Sem autonomia: O condutor efetua todas as ações de condução, de forma independente;
  • Nível 1 – Assistência ao condutor: O carro inclui apenas sistemas de apoio à condução como, por exemplo, sistemas que ajudam o condutor a estacionar de forma totalmente autónoma;
  • Nível 2 – Autonomia parcial: Neste nível, a tecnologia e os sensores trabalham em conjunto, sendo que a inteligência do carro já permite que tome algumas ações, que não dispensam a atenção do condutor, o qual poderá, por momentos, retirar as mãos do volante;
  • Nível 3 – Autonomia condicional: Em locais pré-determinados e abaixo de certas velocidades, um carro com autonomia de nível 3 pode conduzir sozinho, mudar de faixa, acelerar ou travar, sem intervenção humana;
  • Nível 4 – Condução autónoma: Veículos com este nível de autonomia fazem quase tudo por si só, excluindo nas situações onde as condições meteorológicas são adversas;
  • Nível 5 – Automação completa: Nos carros equipados com este nível de autonomia, a inteligência artificial assume o controlo de todas as ações do veículo, sendo o mesmo desprovido de volante e de pedais.

Carros sem condutor em Portugal

piloto automático
Portugal começou a realizar os primeiros testes com veículos de condução autónoma em outubro de 2018. Durante 4 dias, a estrada A9/CREL serviu de pista para a realização dos testes, utilizando uma via própria. Lisboa integra o projeto AUTOCITS, juntamente com outros parceiros europeus, de forma a garantir que a condução autónoma seja testada em ambientes com as mesmas condições reais que as disponibilizadas aos restantes automóveis atuais.
Portugal vai ainda investir 8.350.000€ até ao final de 2020, com a finalidade de colocar nas estradas carros sem condutor que possam comunicar entre si e com as infraestruturas, através da partilha e fornecimento de dados pelas diversas plataformas móveis. Financeiramente, Bruxelas apoia em 50% o projeto das estradas inteligentes C-Roads, que vai funcionar em 1000km da rede rodoviária portuguesa.
Portugal pretende implementar carros sem condutor essencialmente para:
  • Acabar com as mortes nas estradas, até 2050;
  • Reduzir as filas de trânsito;
  • Diminuir as emissões do transporte rodoviário.

Acidentes

É sabido que a maior percentagem dos acidentes rodoviários acontece por erro humano, quer por distrações, cansaço, sono ou pelo uso indevido do telemóvel. A venda dos carros sem condutor procura incentivar o comprador, com a premissa de que estes erros jamais voltarão a colocá-lo em perigo, ao colocarem o seu carro a servir quase de piloto automático.
Contudo, infelizmente, a ocorrência de sinistros com carros de condução autónoma não é coerente com o que as marcas vendem. Eles acontecem, são perigosos e fazem-nos questionar se há ou não um futuro em que os carros sem condutor, se tornarão algo globalmente aplicado.
Tesla
Na Estado da Flórida, nos Estados Unidos da América (EUA), um condutor de um automóvel da marca Tesla – mais exatamente do Model X – bateu contra um ginásio à face da estrada. O preocupante é que o condutor referiu que sentiu o carro acelerar por si mesmo, antes do momento do impacto.
Outra ocorrência acidental, no ensaio de testes de modelos sem condutor, ocorreu no nosso país, em Viana do Castelo, com um Tesla Model S que embateu contra um poste de eletricidade. Os dois pilotos ficaram “apenas” feridos, mas foi grande o susto provocado pelo acidente.
Registou-se ainda outro caso nos EUA, desta vez no Utah, em que um Tesla Model S embateu com violência na traseira de um veículo dos bombeiros, após o mesmo ter parado num sinal vermelho. Embora este carro possa ser conduzido de forma autónoma, não ficou esclarecido se o piloto automático estava ou não ativo. Em todo o caso, todos estes acidentes colocam entraves a esta evolução. Há, também, alguns casos em que modelos da Tesla se auto-incendeiam.
Volvo
Além da Tesla, foram registados acidentes com carros sem condutor de outras marcas, o que generaliza o problema a um nível global. Nos EUA, em São Francisco, no Estado da Califórnia, um veículo de condução autónoma da Uber atropelou mortalmente uma pedestre que atravessava a estrada fora da passadeira e numa zona pouco iluminada. Este modelo da Uber – um Volvo XC90 – encontrava-se em modo autónomo e continha um técnico ao volante. Acabando por não resistir aos ferimentos graves, a pedestre de 49 anos acabou por falecer.
Durante os testes, a Uber obrigava a que os carros “sem condutor” tivessem ao volante um “condutor de segurança” que fosse capaz de agir em situações de acidentes iminentes. Na maioria destes testes, os carros estavam em modo de condução autónoma e confiavam nos seus sensores para a deteção de peões, veículos ou outros obstáculos. Após isto, a Uber suspendeu os seus testes e diversas empresas seguiram o seu exemplo.
Toyota
A marca Toyota, que também fornecia automóveis para executar testes de condução autónoma, acabou mesmo por cancelar estes testes nos EUA, com o choque emocional das suas equipas, após o acidente com o carro da Uber.
Contudo, a opinião divide-se no que concerne aos carros sem condutor pois, se por um lado alguns defendem a progressão tecnológica e garantem que a segurança está em primeiro lugar, outros duvidam da sua fiabilidade e aplicabilidade.
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