Muitos são os leitores que se lembrarão do popular Citroën Méhari, um espartano automóvel da marca francesa com carroçaria em plástico ABS que conquistou adeptos em todo o mundo. E que se tornou num símbolo do bom tempo e do verão.
Nascido em 1968, este compacto, original e inovador automóvel rapidamente começou a conquistar adeptos pela Europa fora, quer nas zonas mais rurais, quer nas zonas de praia.
O Méhari era apresentado como uma viatura “faz tudo”, conceito pouco em voga na época. Tanto servia para apoio profissional, como num ápice se transformava numa viatura de lazer.
Mais tempo perdia o seu proprietário a mudar de indumentária, que a transformar o Méhari de “profissional” em “aventureiro”.
Popularizado em Portugal nos anos 70 pelo mítico anúncio que começava com a música “Com capota, sem capota, ele é jipe, é camião”, o Citroën Méhari foi descontinuado nos anos 80, deixando entre os seus fãs a saudade.
Hoje em dia, as viaturas originais são tidas como automóveis de coleção na Europa Continental, mas continuam a desempenharas suas funções de viatura de trabalho e lazer nas ilhas baleares espanholas, onde é possível ver a maior concentração destes bólides.
Ouvindo as preces dos seus clientes, a Citroen reinventou em 2015 este ícone automóvel, convertendo-o à eletricidade. Esta é a história do mítico Citroën Méhari e do seu renascimento.
Citroën Méhari: um carro para várias ocasiões
Este utilitário, com nome inspirado no dromedário de corrida rápida conhecido por Méhari, foi fabricado e comercializado pela Citroën cerca de 20 anos (1968-1988) e conheceu duas versões: tração às duas rodas frontais (1968-1988) e tração às quatro rodas (1980-1983).
Era conhecido pela carroçaria construída em plástico ABS, não possuir portas e ter capota conversível em tecido. Isto é. Com três movimentos transformava-se num apetecível descapotável, sendo uma ótima alternativa para os dias quentes de Verão.
Leve, muito leve, o Méhari pesava 535 kg, tinha suspensão e chassis independentes, componentes que partilhava com outros modelos da marca francesa conhecido por “A-Series” e recebia motor de 602cc que partilhava igualmente com o 2CV6 Dyane e Ami, outros modelos da marca francesa que tiveram assinalável êxito comercial.
Entre o seu lançamento, em França, e o final de produção, a Citroën colocou no mercado automóvel 144.953 Méhari. O modelo foi projetado pelo conde Roland de la Poype, que dirigiu a companhia francesa SEAP – Société d’Etudes et d’Applications des Plastiques, empresa fornecedora da Citroën, e foi produzido na Bélgica, Espanha, Portugal, Argentina, Jugoslávia.
Méhari teve versões de duas e quatro rodas motrizes

A versão 4×4 do Citroën Méhari surgiu em 1979 e a marca francesa manteve este modelo em produção até 1983. Distinguia-se da versão de duas rodas motrizes por ter a roda sobressalente montada no capot, especialmente desenhado para esse efeito.
Ostentava ainda para-choques adicionais dianteiros e traseiros, arcos das rodas alargados, grandes pneus (em opção) e luzes traseiras semelhantes ao furgão Citroën Acadiane.
A versão 4×4 disponha ainda de caixa de quatro velocidades normais e uma caixa de transferência de três velocidades para cruzar inclinações de até 60%. O Méhari 4×4 era um dos poucos modelos com suspensão independente nas quatro rodas e estava equipado com travões de disco em todas as rodas.
Duas edições limitadas a reboque do sucesso do Méhari
Com o despontar do interesse pelo pequeno e ágil Méhari, a marca francesa apostou na construção de duas edições limitadas, mas que a reboque do sucesso conquistado ajudaram ainda mais a impulsionar as vendas. Uma delas usava até um termo caracterizador de liberdade: Plage (Praia).
- Versão Azur – Inicialmente pensada para ter apenas 700 exemplares, acabou por ser integrada na restante gama do Méhari, devido ao seu sucesso. Distinguia-se pela carroçaria branca com portas azuis, grelha e capota em lona, assentos estofados em tecido em riscas largas de azul e branco.
- Versão Plage – Surgiu ao mesmo tempo que a Azur, mas a marca francesa reservou-a para os mercados da Península Ibérica. Produzido em Mangualde, em Portugal caracterizava-se pela carroçaria pintada em cor amarela com apontamentos brancos.
Citroën E-Méhari: pioneiro elétrico, mas afastado de Portugal

Antecipando o dealbar da eletrificação massiva do automóvel que se acentuou nos últimos anos, a Citroën, em 2015, apresentou o irreverente E-Méhari 100% elétrico. Esteve me produção até 2019.
A proposta da casa francesa mantinha o espírito do original Citroën Méhari, mas com um design bem atual, mantendo o ar aventureiro que sempre caracterizou este modelo.
Elétrico assumido, o novo Citroën E-Mehari oferecia uma condução silenciosa, suave e acima de tudo segura.
Mantendo a versatilidade e aventureirismo do original Méhari o E-Méhari tinha uma carroçaria construída em material plástico leve e resistente a pequenos impactos. Foi um símbolo e que toda uma geração não esquece.