Afonso Aguiar
Afonso Aguiar
07 Mar, 2024 - 14:32

Conduzir em ponto morto poupa combustível? Saiba a resposta

Afonso Aguiar

Será a lenda verdade? Conduzir em ponto morto gasta mais ou menos combustível? Fomos em busca da resposta.

Conduzir em ponto morto

É um daqueles mitos pregado por, pelo menos, um dos seus amigos (se não forem vários) e, com certeza, já se sentiu tentado em experimentar (se é que já não o fez). E tem a ver com a eterna questão de conduzir em ponto morto.

Porém, pode não ser de todo verdade e até estar a fazer exatamente o contrário: querendo poupar dinheiro, pode acabar por ter de gastar mais no mecânico.

De que falamos? Do famoso mito de que conduzir em ponto morto pode poupar combustível. Está com dúvidas?

Não se preocupe, para dissipá-las, fomos à procura da resposta à pergunta “Afinal conduzir em ponto morto gasta mais ou menos combustível?

Conduzir em ponto morto: mito ou realidade

É verdade que quanto mais carregar no acelerador, mais gasolina ou gasóleo o carro vai injetar e, ao mesmo tempo, quanto menor for a mudança e mais elevadas as rotações por minuto o mesmo vai acontecer.

Esta noção indicaria, à partida, que conduzir em ponto morto acaba mesmo por diminuir os consumos de combustível.

Porém, a realidade é que desde que foi introduzida a injeção eletrónica, o carro acaba por não necessitar de injetar combustível se não carregar no acelerador. Ou seja, tem autonomia suficiente para continuar a marcha sem ter de continuar a inserir gasolina ou gasóleo.

Portanto, a título de exemplo, caso vá com a primeira, segunda, terceira… mudança numa descida, se deixar de acelerar é como se estivesse em ponto morto – não gasta combustível. A diferença reside nas vantagens de ter ou não ter o carro engatado (como veremos mais à frente).

 O que é a injeção eletrónica?

A invenção da injeção eletrónica deveu-se em larga escala à necessidade de as indústrias automóveis diminuírem a emissão de gases poluentes.

Para isso, criaram um sistema eletrónico que permite um controlo mais eficaz da injeção de combustível, procurando aproximar-se de uma mistura estequiométrica (medida ideal ou perfeita entre o combustível e o ar). Ora, isso obviamente traduz-se numa maior economia de combustível e um melhor desempenho do motor.

Para conseguir essa mesma mistura estequiométrica, é necessário que o automóvel ou veículo venha equipado com um software próprio.

Esse sistema computorizado faz a leitura de vários sensores espalhados em pontos estratégicos do motor, que acabam por reagir às diferentes circunstâncias através de atuadores, os quais, por sua vez, regulam as reações do motor.

conduzir em ponto morto
Em ponto morto, o carro fica mais solto e exige atenção constante

E se o carro não tiver injeção eletrónica?

Caso o seu carro não tenha injeção eletrónica, vai acabar por injetar combustível constantemente, sem controlar os gastos. A partir do momento em que acelere o carro, vai injetar gasolina ou gasóleo consoante a mudança de velocidade a que estiver e, ao mesmo tempo, o número de rotações por minuto a que circular.

Ou seja, neste caso, não se aplica a questão de ir numa descida em terceira, quarta ou quinta velocidade e o próprio veículo não sentir necessidade de injetar combustível.

Como não há um sistema computorizado a fazer a análise das necessidades, o carro está sempre a inserir gasóleo ou gasolina, mesmo que não necessite de o fazer.

Portanto, neste caso, há vantagens económicas em deixar o carro “ao ralenti” (expressão usada pelos mecânicos para a manobra de colocar o carro em ponto morto), uma vez que o veículo deixa de consumir combustível. Porém, essa escolha acarreta sérios riscos para a vida.

Riscos de conduzir com o carro em ponto morto

Em ponto morto, o carro fica mais solto, precisamente porque não está engatado – aquilo que já acima apelidamos de “ao ralenti”. Obviamente, isso acarreta riscos.

O carro torna-se mais facilmente afetado pelas condições da estrada, como o vento e o piso molhado. Resumindo, perde aderência.

O tempo de reação torna-se mais lento e em situações de necessidade pode não ser possível travar o carro a tempo, uma vez que o travão do pedal acaba por ser a única forma de o fazer, ao invés de se usar as reduções de velocidade como forma de parar em segurança. Ora, isso não só torna as manobras mais perigosas, como também acarreta um desgaste maior e desnecessário dos travões.

Portanto, mesmo que esteja a poupar de uma certa forma, acaba por não o fazer a longo prazo, uma vez que provavelmente vai necessitar de fazer um arranjo aos travões. Além disso, se conduzir em ponto morto, vai acabar por arriscar a sua vida, assim como a dos outros que viajam consigo.

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