Hugo Moreira
Hugo Moreira
18 Fev, 2011 - 00:00

Crise vs. salários milionários

Hugo Moreira

Apesar dos tempos difíceis, o certo é que a crise não é para todos. Que o digam as empresas que pagam salários chorudos ou prémios aos gestores, inclusivé aquelas empresas que dão prejuízos. Será que os gestores de empresas que dão prejuízo merecem algum prémio? Um prémio não deveria ser atribuído de acordo com os resultados e desempenho? Onde está o bom-senso?

Crise vs. salários milionários

Instalou-se a polémica a partir do momento que se tornou do conhecimento público que empresas públicas nacionais pagam salários milionários e prémios, mesmo se tiver tido prejuízo. Ora, que critério é este? O de atribuir prémios a um gestor que com certeza, não está a desempenhar a sua tarefa da melhor forma, já que a empresa está a dar prejuízo?

Entre estas empresas falamos de Estradas de Portugal, a TAP e a Águas de Portugal, que pagam ordenados acima da média e é bem sabido as dificuldades que estão a atravessar neste momento e o buraco financeiro com que se deparam. Então porquê este comportamento?

Um administrador só deveria ser recompensado com um prémio se tivesse um bom desempenho, ou seja, ver o seu trabalho reconhecido, pois se a empresa atingiu bons resultados foi por mérito do gestor.

Segundo Filipe Barreiros, autor do livro “Responsabilidade Civil dos Administradores – Os Deveres Gerais e a Corporate Governance”, o mais revoltante em tudo isto é que estamos a falar de empresas públicas, pois no fundo estão a gerir o nosso dinheiro, de todos os contribuintes. Por este motivo deveria haver uma política mais transparente, mais responsabilização dos dirigentes, assim como responsabilidade. Aliás, estas deviam dar o exemplo às empresas privadas.

Neste sentido, alguns partidos como o BE, PCP e PP pretendem limitar salários de gestores públicos e criar regras de maior transparência no sector empresarial do Estado.
Uma das propostas é haver um maior rigor ao uso de cartões de crédito, telemóveis e viaturas por parte dos gestores públicos e um máximo de cinco membros nos conselhos de administração das empresas, assim como  evitar desigualdades e remunerações muito diferentes em relação aos titulares de cargos nos serviços da administração directa do Estado, como por exemplo, um gestor público ganhar mais que o presidente da República.