Diogo Campos
Diogo Campos
22 Dez, 2016 - 09:13

Desafiando os medos em Ubatuba

Diogo Campos

Ir a Paraty e não andar de barco é como ir a Roma e não ver o Papa, isto porque é a única forma de conhecer algumas ilhas, praias e nadar com mil peixes à nossa volta. 

Desafiando os medos em Ubatuba

Apesar de ser uma viagem bonita sentimo-nos presos a um grupo e a um roteiro turístico. Aproveitámos estes últimos dias em Paraty para ajudar no jardim da escola, que era a forma de pagarmos o alojamento e também para dar mais uns passeios pelas ruas do centro, que têm um encanto especial.

Chegámos a Ubatuba, capital do surf e, apesar de ser uma cidade bastante próxima, logo percebemos, pelo descuido da cidade e o seu movimento desenfreado que teríamos que estar mais atentos.


Olá, Ubatuba!

Ainda assim fomos muito bem recebidos pelo Marcelo, um host do workway que está a fazer uma construção sustentável. Antes de irmos para a casa onde ficaríamos a dormir, levou-nos a uma pequena praia, o Cedrinho. Apesar da cidade não estar tão preservada as praias tinham uma beleza natural única, de águas verdes com a floresta a beijar o mar.

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Como era o seu último dia numa das duas casas em que vivia fomos ajudá-lo a levar tudo o que faltava para a outra casa. E que aventura! Um carro antigo com o Marcelo, a filha, a amiga da filha, a Susana e eu, mais as nossas malas e toda a “tralha” que faltava levar.

Dentro do carro, quase só o Marcelo conseguia ver o caminho. Passada uma hora e já com a noite cerrada subimos metade do morro de carro e o resto a pé. A mata era tão densa e inclinada que não foi tarefa fácil levar tudo o que estava dentro do carro.

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A casa onde ficámos a dormir estava tão envolvida pela floresta, para não dizer selva, que além de não ter vizinhos por perto, a porta só se via a vinte metros de distância, enquanto o resto da casa de tão envolvida pela natureza dificilmente se dava por ela. É algo completamente diferente de tudo o que já vi na vida. Mas a aventura mal tinha começado.

À noite, quando a luz estava acessa e a porta aberta, eu pensava que tínhamos que fechar a porta para os mosquitos não entrarem, mas logo me lembrava que algumas janelas não tinham vidros. Por onde entravam os pirilampos que iluminavam a sala escura e os saca rabos à noite para roubar a comida que era esquecida em cima da mesa.

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Na casa de banho, além de não ter vidros ou portadas na janela, era necessário pedir licença, não fosse estar ocupada por algum bichinho, como quando quis ir tomar banho. Por cima do chuveiro estava uma aranha enorme que fez com que o meu banho ficasse adiado para o outro dia.

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O choque foi tão grande, que no dia seguinte eu e a Susana ponderámos ir embora. Não estávamos preparados psicologicamente para este desafio. Mas todos os receios estavam dentro da nossa cabeça e entregámos-nos a esta aventura. Afinal a nossa colega de casa argentina já lá tinha dormido sozinha e iria ficar assim até final de Dezembro.

Jamais iremos esquecer esta casa, que apesar de não nos trazer o conforto que desejávamos, foi retirada de um conto de fadas e que à noite nos presenteava com os mais variados sons da natureza. Muito menos da praia da barra da fortaleza que fica mesmo em frente ao morro onde estávamos, bem como os fins de tarde na fabulosa casa do Zé Roberto a beber café e a ouvir histórias sem fim ao som de bossa nova.

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Para a semana há mais. Até lá, acompanhem-nos no Facebook em Puririy.

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