A doença da tiroide, descrita por Robert Graves em 1835, é hoje conhecida como doença de Graves. Trata-se de uma doença de natureza autoimune que afeta a glândula tiroidea.
Vamos conhecê-la.
Doença de Graves: o que é
A doença de Graves é uma doença autoimune, isto é, em que o próprio organismo produz anticorpos contra, neste caso, a tiroide. As alterações provocadas no tecido tiroideo levam à produção em excesso de hormonas da tiroide, o chamado hipertiroidismo.
Esta doença é a principal causa de hipertiroidismo (em 60% a 80% dos casos). Pensa-se que haja uma predisposição genética, afetando mais mulheres do que homens com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos. Contudo, a doença de Graves pode aparecer em qualquer idade.
Reconhecem-se outros fatores que predispõem ao aparecimento da doença, como fatores ambientais e endógenos (da própria pessoa).
Sinais e sintomas da Doença de Graves
A doença de Graves caracteriza-se pelo atingimento da tiroide com aparecimento do chamado bócio (que corresponde ao aumento visível da tiroide), atingimento ocular (oftalmopatia), dermopatia infiltrativa (atingimento da pele) e ainda mixedema pré-tibial (inchaço nas pernas).
Cerca de 30% das pessoas com a doença de Graves, apresenta sinais de oftalmopatia de Graves, isto é, uma alteração no globo ocular provocada pela disfunção na tiroide.
Assim, podem-se distinguir os seguintes sinais:
- exoftalmia (olhos saídos);
- fotofobia (olhos sensíveis à luz);
- pálpebras retraídas;
- visão dupla;
- olhos inflamados ou avermelhados;
- sensação de pressão nos olhos;
- dor nos olhos;
- em casos mais graves, perda de visão.
Quanto aos sintomas da Doença de Graves, podem-se identificar alguns como:
- bócio (aumento da glândula tiroidea);
- palpitações (aumento do ritmo cardíaco);
- ansiedade;
- irritabilidade;
- perda de peso repentina (que não seja de todo normal);
- sensibilidade ao calor;
- aumento da transpiração;
- tremor nas mãos;
- pele quente e húmida;
- diminuição da líbido ou disfunção erétil;
- aceleração do trânsito intestinal.
Todos estes sintomas estão associados à doença de Graves, contudo na presença de dermopatia infiltrativa, a pele pode apresentar um aspeto avermelhado e mais grossa. Normalmente esta é a forma da doença mais rara, e atinge sobretudo as mãos e os pés.
Diagnóstico da Doença de Graves
O diagnóstico da doença de Graves é feito, normalmente, através do estudo de alguns aspetos como a história familiar, o exame físico, algumas análises ao sangue, exames de imagem e o exame do ultrassom.
Primeiramente, o médico tentará compreender se poderá existir historial familiar desta doença. Depois, o exame físico é outro método bastante utilizado para diagnosticar a doença de Graves. Trata-se de um exame minucioso onde se faz a observação da pressão arterial, da pulsação, dos olhos, da pele, do sistema neurológico, da tiroide e ainda do abdómen (através da palpação).
Para além disto, é essencial que sejam feitas análises ao sangue, para que o médico consiga determinar quais são os seus níveis da hormona estimulante da tiroide (TSH), bem como os da hormona da hipófise (hormona esta que estimula a glândula tiroidea), e ainda os níveis das hormonas que são produzidas pela tiroide (T3 e T4).
Ao fazer análises ao sangue, o seu médico também vai conseguir perceber se existem ou não anticorpos envolvidos na doença.
As pessoas com a doença de Graves têm, normalmente, menos quantidade de TSH no sangue e por outro lado, os níveis de hormonas da tiroide são geralmente mais altos.
Quanto aos exames de imagem, são recomendados normalmente para as pessoas nas quais o diagnóstico da oftalmopatia de Graves não está claro. Isto é, se o diagnóstico que o médico fizer no consultório não ficar claro e totalmente esclarecido, é normal que tenha que fazer exames de imagem para que consiga obter um diagnóstico acertado.
São exemplos deste tipo de exames, a tomografia computorizada, as ressonâncias magnéticas e ainda as radiografias.
Outro exame que pode ser pedido pelo médico para que se consiga fazer o diagnóstico da doença de Graves, é o ultrassom. Este exame irá possibilitar a confirmação ou não do aumento da tiroide (se está maior do que é normal), e ainda a avaliação da presença de nódulos e do fluxo sanguíneo na tiroide.
O ultrassom utiliza ondas sonoras de alta frequência para conseguir produzir então as imagens de algumas estruturas internas do corpo.
Tratamento
Como doença autoimune que é, o tratamento ideal para a doença de Graves ainda não é conhecido. No entanto, os principais objetivos no tratamento desta doença passam pela inibição da produção de hormonas da tiroide e pelo bloqueamento do efeito dessas hormonas no organismo.
Veja alguns exemplos de tipos de tratamento.
- Os betabloqueadores: o hipertiroidismo está associado ao aumento do número de recetores beta-adrenérgicos, ou seja, à hiperatividade adrenérgica. Os betabloqueadores são medicamentos utilizados para melhorar alguns sintomas que possam estar associados à doença de Graves. Este tipo de medicamentos pode ajudar a melhorar palpitações, taquicardias, tremor, ansiedade e a intolerância ao calor;
- Uso de iodo radioativo: o objetivo deste tratamento é a destruição da glândula tiroidea. Desta forma, é possível reduzir o número que hormonas que a tiroide produz. É importante que saiba que, este processo pode demorar algum tempo, tudo depende do estado da doença. Para além disto, trata-se de um tratamento que pode ter alguns efeitos laterais, sendo o mais comum o agravamento da oftalmopatia de Graves;
- Medicação: alguns medicamentos poderão estar associados ao tratamento da doença de Graves. Muitas vezes, os medicamentos podem servir como uma alternativa ao uso de iodo radioativo. A medicação adequada para si, deve ser feita pelo seu médico;
- Cirurgia: a cirurgia pode ser também outro tipo de tratamento, principalmente para pessoas com bócio de grandes dimensões, em grávidas que sejam intolerantes à medicação ou para pessoas que façam alergia a alguns componentes da medicação que pode estar associada.
Como pode ver, os tratamentos existem e podem variar de pessoa para pessoa. Por isso mesmo, o médico é a única pessoa que pode fazer o diagnóstico da doença de Graves, bem como a atribuição do melhor tipo de tratamento.