Falta de dados sobre funcionários públicos trava gestão eficaz

A falta de dados sobre funcionários públicos está a tornar-se um obstáculo à reforma do Estado português. Sem informações fiáveis sobre o número de trabalhadores, localizações e funções, a gestão torna-se ineficaz e opaca.

Esta carência compromete a modernização da máquina do Estado e bloqueia políticas públicas informadas e eficientes. Num momento em que a transparência e a digitalização são prioridades, a ausência de dados consolidados põe em risco a eficiência governativa e o uso adequado dos recursos do país.

Gestão de recursos humanos na administração pública sem rumo

A recente resposta do Governo ao requerimento da Iniciativa Liberal confirma um problema estrutural grave: a falta de dados sobre funcionários públicos impede uma gestão eficaz do setor estatal. O executivo reconhece que não sabe exatamente quantos funcionários existem, onde trabalham ou quais as funções que exercem. Esta desorganização decorre de sistemas fragmentados e desatualizados de gestão de pessoal.

Este cenário compromete a gestão de recursos humanos na administração pública. Sem métricas claras, torna-se impossível planear contratações, redistribuir equipas ou decidir cortes ou investimentos em departamentos que realmente precisem.

Além disso, Mariana Leitão, líder da IL, destaca que este não é um caso isolado. Já se verificaram falhas na contagem de imóveis públicos e na monitorização dos alunos sem professores. A repetição de omissões indica um padrão de ineficiência e ausência de visão estratégica.

A transparência na função pública também sai prejudicada. Como pode o cidadão confiar na gestão do Estado se nem o próprio Governo sabe quem trabalha nas suas estruturas?

Como a digitalização dos serviços públicos pode corrigir ineficiências

Um dos caminhos para resolver esta lacuna estrutural é a total digitalização dos serviços públicos. Neste momento, o Governo afirma estar a aprimorar o Sistema de Informação da Organização do Estado (SIOE) e a desenvolver uma plataforma única para a função pública.

Se bem executado, este sistema pode centralizar todos os dados sobre os trabalhadores do Estado, permitindo atualizações em tempo real, melhorando a tomada de decisão e aumentando a responsabilização dos serviços. A digitalização eficaz poderá reduzir as ineficiências na gestão pública, evitando duplicações de funções, erros de registro e burocracias desnecessárias.

Mais ainda, com ferramentas digitais avançadas, será possível implementar políticas públicas baseadas em dados — uma prática comum em países com administrações públicas eficientes.

A urgência da reforma do Estado português e de mais transparência

A falha na recolha e uso de dados é mais do que uma questão técnica: é um entrave à reforma do Estado português. Modernizar a máquina do Estado implica investir em sistemas de informação confiáveis, promover a transparência e adotar práticas de gestão pública baseadas em evidência.

A criação de uma plataforma única do Governo representa, assim, uma resposta essencial à ineficiência. Permitirá ter um retrato fiel do aparelho do Estado, abrindo caminho para uma administração pública mais ágil, transparente e justificada perante os cidadãos.

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