Miguel Pinto
Miguel Pinto
16 Out, 2025 - 16:00

Ferrari Elettrica: o rugido do futuro elétrico

Miguel Pinto

A mítica marca italiana vai entrar em força no domínio da mobilidade sustentável. O Ferrari Elettrica está para chegar.

novo ferrari elettrica

Quando pensamos em Ferrari, a imagem que nos vem à mente é um V12 a uivar, um motor a extrair o último grama de potência da gasolina. Mas a marca de Maranello acaba de virar uma página ousada da sua história com o lançamento do Ferrari Elettrica, o seu primeiro automóvel 100 % elétrico, um hino à ambição: preservar a alma da marca enquanto abraça o inevitável futuro elétrico.

O anúncio do Elettrica não veio com uma forma final entregue; o que foi mostrado em Maranello foi o seu chassis pronto para produção, integrando bateria e blocos de motor, mas ainda sem a carroçaria exterior finalizada.

A Ferrari usa este momento como manifesto tecnológico, ou seja, revelar o coração antes da pele, mostrar que a engenharia será o centro da nova era.

A filosofia técnica revela componentes totalmente desenvolvidos internamente, fruto de investimento maciço no laboratório “e-building” da marca, dedicado ao veículo elétrico.

A bateria estará integrada no piso do carro, com o objetivo de garantir baixo centro de gravidade, e o Elettrica recorre a uma arquitetura elétrica de 800 V, que poderá permitir carregamentos rápidos.

Ferrari Elettrica: potência e rendimento elétrico

As primeiras informações divulgadas apontam para uma potência total espectacular: mais de 986 cv no modo Boost, distribuída por quatro motores elétricos, com aceleração de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos.

A velocidade máxima prevista ronda os 310 km/h, aproximando-se, assim, de níveis de hipercarro sem abdicar da eficiência que se exige a um elétrico.

A bateria, com capacidade bruta de cerca de 122 kWh, foi concebida para oferecer uma autonomia WLTP de mais de 530 km segundo algumas fontes.

Isso, claro, dependerá fortemente das condições de uso, estilo de condução e disponibilidade de pontos de carga.

A Ferrari decidiu também abordar o “vício” do silêncio elétrico com criatividade: em vez de um som artificial genérico, o Elettrica contará com uma solução que enfatiza as vibrações mecânicas do conjunto motor-bateria, garantindo uma presença sonora autêntica.

Em paralelo, haverá um sofisticado sistema de tração e vectorização do par por eixo/motor, aliado a quatro rodas direcionais e suspensão ativa, elementos que asseguram que o Elettrica seja mais do que uma mera jornada elétrica.

frente do ferrari elettrica

Entre passado e futuro: o dilema do legado

A chegada do Elettrica representa um divisor de águas para a Ferrari. A marca admite que, embora o elétrico entre no seu portefólio, os motores de combustão continuarão a ter lugar no futuro próximo.

A estratégia aponta para que até 2030 apenas 20 % da gama seja 100 % elétrica, com os restantes modelos distribuídos entre híbridos e motores tradicionais.

É um passo cauteloso, uma artimanha para salvaguardar a mística Ferrari e gerir uma transição que, reconhecidamente, é complexa para marcas com pedigree de motor térmico.

Há também um simbolismo forte no nome: “Elettrica”, fusão entre “eléctrico” e a tradição italiana, que soa familiar e respeitador. O desafio será corresponder à expectativa que prende o olhar do entusiasta da marca, mantendo o pulso emocional que define um Ferrari, mesmo em plena era de elétrons.

Novo capítulo escrito em Maranello

O Ferrari Elettrica não é apenas um automóvel. É o momento em que a marca de cavalinho empinado assume que precisa evoluir, sem se perder. É um veículo de transição, um ponto de viragem que revela ambição e cautela em doses iguais.

Quando o Elettrica estiver finalmente nas estradas (previsto para 2026) será mais do que um símbolo elétrico. Será aquilo que significa ser Ferrari no século XXI. Se conseguir unir verticalidade técnica, estética apaixonante e caráter emocional, poderá ser o primeiro elétrico capaz de piscar o olho ao passado sem deixar de olhar para o horizonte.

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