Depois de 27 anos, mais de 12 milhões de unidades vendidas e quatro gerações a definir o segmento dos familiares compactos, a Ford anunciou oficialmente que a produção do Ford Focus chegou ao fim.
A linha de montagem no centro europeu, em Saarlouis (Alemanha), produziu a última unidade neste mês de novembro.
O Focus estreou-se em 1998 e ao longo das suas quase três décadas de vida tornou-se símbolo da capacidade da Ford em competir globalmente, com um bom compromisso entre preço, espaço, condução e versatilidade.
No seu auge, o modelo foi um dos compactos mais vendidos da Europa, apareceu em listas de referência, serviu de base para versões desportivas (como a Focus ST) e chegou a convencer até os puristas de condução.
A sua produção no mítico local de Saarlouis, fábrica que ao longo da história já produziu Escort, Capri e Mondeo, encerra um capítulo relevante na indústria automóvel europeia.
Fim do Focus: reorganização estratégica
Um dos motores desta decisão da Ford é a reorganização estratégica da linha europeia de modelos.
Com a procura a deslocar-se para crossovers, SUV e elétricos, os modelos tradicionais de “carro de segmento C” com motor de combustão deixaram de ter a prioridade que tinham há anos.
A Ford enquadra este movimento no seu plano de electrificação, no qual pretende trazer para o mercado europeu veículos elétricos e híbridos, concentrando recursos na nova geração de automóveis mais alinhados com o futuro.
Do ponto de vista técnico-industrial, o facto reveste-se de várias implicações. A fábrica de Saarlouis, que até agora era a base da produção europeia do Focus, deixa de ter este modelo em produção, o que implica reorganização de recursos, força laboral e rede de fornecedores.

Focus ainda vai circular
Do lado dos consumidores, o encerramento da produção não significa que o Focus deixará de circular, longe disso. Ainda haverá stock, e muitos proprietários mantêm os seus modelos com confiança.
Mas, simbolicamente, o fim da produção marca o encerramento de um capítulo familiar da mobilidade europeia. Para quem pensava comprar um Focus novo nos próximos anos, a opção desaparece e quem quiser ainda um novo deverá recorrer à substituição ou alternativas da marca (ou mesmo fora dela).
A verdade é que o Ford Focus sai de cena com carreira digna, deixou uma marca profunda no automóvel familiar e abre espaço para que a Ford redesenhe as suas prioridades em termos de veículo, mobilidade e estratégia europeia.
O fim de uma era? Sem dúvida.