Cátia Aguilar
Cátia Aguilar
20 Nov, 2017 - 12:12

Já teve uma situação de tensão como casal no IKEA? Saiba porquê

Cátia Aguilar

Quem nunca foi ao IKEA? E quem nunca discutiu no IKEA? Perceba de onde vêm esses conflitos e aprenda a controlá-los.

Já teve uma situação de tensão como casal no IKEA? Saiba porquê

Psicólogos, terapeutas e especialistas em análise comportamental foram questionados sobre as discussões que existem entre casais a propósito do IKEA e montagem do respetivo mobiliário. Os profissionais explicam as causas para esses confrontos para que possamos compreender melhor como uma tarefa destas se pode tornar tão perigosa numa relação.

A tensão gerada pelo IKEA

Aparentemente, as discussões entre casais na sequência da montagem de mobiliário do IKEA é tão comum, que a comediante Amy Poehler fez disso piada, dizendo que IKEA é a palavra sueca para “discussão”.

Por vezes, ações simples como a montagem de uma prateleira despertam ressentimentos antigos, porque são testadas capacidades e postas à prova competências que, em alguns casos, remontam a experiências passadas. Os casais acabam por fazer acusações quando a montagem não corre bem.

Mas de onde vêm os confrontos?

Muitos casais começam a montagem pouco tempo depois de terem vindo do IKEA, o que por si só é uma experiência desgastante. Assim, o estado de espírito nem sempre é o melhor para se começar outra tarefa que pode gerar discussões entre o casal.

As discussões temáticas

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A psicóloga Ramani Durvasula ouviu tantas vezes, nas terapias de casais que promove, relatos de situações passadas no IKEA, que começou a fazer algumas visitas de pesquisa à loja. Descobriu que áreas específicas da “casa” dão origem a discussões concretas. Por exemplo, na zona das cozinhas os casais discutem sobre as tarefas domésticas e na zona dos quartos sobre a sua intimidade.

Diz-me que móvel queres e dir-te-ei quem és

Também se chegou a outra conclusão. Ainda que todo o design seja moderno, o IKEA tem uma vasta oferta de linhas. Por vezes, até a escolha de peças simples pode levantar dúvidas profundas. Como quando um casal não está de acordo relativamente a uma peça, ainda que insignificante, algumas pessoas questionam-se sobre se quererão o mesmo tipo de casa, de vida e até se se conhecem verdadeiramente.

Batalha nas montagens

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Outra questão que costuma gerar confusão é o facto de os casais estarem perante uma tarefa nova. Mesmo quando há divisão de tarefas em casa, normalmente, cada elemento tem tarefas específicas, que costumam ser feitas por um ou por outro. Neste caso, é preciso definir quem a vai liderar. E isso pode gerar atrito, tal como situações em que um casal vai para um sítio que ambos desconhecem e é preciso escolher um caminho.

Neste caso, a tarefa corre melhor quando um dos elementos é, naturalmente, a pessoa que tem jeito para construções e montagens.

Ainda no tema das montagens, tudo no IKEA transmite a ideia de ser fácil de montar, mas nem sempre é assim. Quando as coisas correm mal, surge um sentimento de frustração e a natural irritação que acaba por ser canalizada para quem está mais perto.

Em 2014, um estudo da Universidade de Monmouth e da Faculdade de Ursinus, nos EUA, concluiu que pessoas que sejam expostas a um nível mais elevado de stress têm um comportamento menos positivo na sua relação do que as que não sejam expostas a tanto stress, que conseguem ter uma atitude mais positiva.

A atitude subconsciente

O professor de Psicologia e Economia Comportamental da Universidade de Duke, Dan Ariely, sugere aos casais que se queiram conhecer melhor que façam uma atividade como canoagem, onde há muitos fatores externos que vão causar dificuldades e situações difíceis de controlar. Isso mostrará como cada pessoa reage sob pressão.

Algumas pessoas assumem que nem sempre as coisas correm como esperamos, outras têm a tendência para culpar o outro.

E Dan faz o paralelismo com a montagem de móveis do IKEA, porque por vezes desaparecem peças na montagem, encaixa-se mal uma tábua e aqui se vê quem é mais compreensivo e quem acaba por culpar o companheiro.

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O professor refere ainda que todos temos a tendência de atribuir os nossos erros a problemas que nos são externos, como culpar as instruções ou arranjar alguma outra justificação. Por outro lado, quando é o outro a errar, é comum que culpemos diretamente o companheiro, afirmando que algo correu mal porque essa pessoa está sempre distraída ou não quis ajuda, por exemplo.

Resumindo, quando nos encontramos em situações destas, a nossa atitude torna-se primitiva e acabamos por “desligar” temporariamente a nossa maturidade, paciência e o nosso lado racional. Inconscientemente, usamos uma tarefa tão insignificante, como comprar e montar um móvel, num motivo de discussão que chega a tomar proporções absurdas.

Da próxima vez que for ao IKEA, o melhor é tomar consciência de que esta tarefa é propícia a gerar conflitos e tenha calma. Tente ser o mais racional possível e fuja às discussões desnecessárias, porque no fundo a única coisa que ambos querem é tornar o seu lar mais acolhedor e funcional.

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