Márcio Matos
Márcio Matos
11 Mai, 2018 - 00:00

Os 5 melhores doces portugueses: doçuras obrigatórias

Márcio Matos

Esta é apenas uma pequena amostra das inúmeras delícias da nossa terra, mas são os melhores doces portugueses que pode experimentar…

Os 5 melhores doces portugueses: doçuras obrigatórias

A lista dos melhores doces portugueses não tem fim… Todos sabemos quão rica é a doçaria nacional, sobretudo graças à excelente produção dos conventos e mosteiros. As doçuras das quais vamos falar são já seculares, mas mantêm-se atuais e cheias de fãs. A estes manjares poderíamos juntar muitos mais, é bem verdade, Porém, este é sem dúvida o top 5 dos melhores doces de Portugal.

Se faz parte da equipa dos gulosos que apreciam iguarias com muito açúcar e ovos, este artigo é para si… E se tem amigos de fora que vêm de visita, já sabe bem o que pode lhes apresentar para adoçar a viagem.

5 dos melhores doces portugueses: conheça a sua história tããão doce

Arroz doce

arroz doce

O arroz doce é, sem dúvida, um dos melhores doces portugueses e nunca falta à mesa dos portugueses em épocas festivas. Provavelmente, trata-se de uma herança moura e, não obstante, todas as suas variantes, a receita base e original leva arroz carolino, leite, açúcar, canela, ovos, casca de laranja ou limão e, ainda que algo em desuso, água de flor de laranjeira.

Supõe-se que tenha sido difundido através da Pérsia, embora as suas origens apontem para a Índia e a Indonésia. Apesar disso, esta é uma das primeiras receitas a ser conhecida com a designação “à portuguesa”.

Não sendo um doce reconhecido como conventual, é possível encontrar algumas receitas suas em conventos, como é o caso do Convento de Arouca – que não utiliza gemas -; do Convento de Santa Clara de Guimarães; do Convento de S. Domingos de Elvas; do Convento da Senhora da Conceição de Lagos; do Convento de S. João de Ponta Delgada; e do Convento de Sant’ Ana de Coimbra. Comum a todas as receitas é polvilhar de forma decorativa – e até artística – o arroz, após este estar pronto.

Há também diferenças no arroz produzido de norte a sul do país. No Minho, o arroz é macio, cozido em leite, e é enriquecido com açúcar em pó e algumas gemas de ovo; já em Trás-os-Montes, encontramos um arroz mais simples, pois não recebe quaisquer gemas;  na Beira-Alta, também não é habitual a utilização de gemas.

Já na Estremadura, o arroz é mais “saloio” e a quantidade de açúcar é ligeiramente inferior à de arroz, sem esquecer as gemas de ovos; finalmente, no Alentejo não se adicionam gemas, mas acrescenta-se um pouco de banha de porco, a qual dá uma consistência muito cremosa ao doce.

Ver receita de arroz doce >>

Ovos moles

Falar de ovos moles é falar de Aveiro, particularmente do Mosteiro de Jesus de Aveiro . Os ovos moles apenas requerem dois ingredientes: açúcar e gemas de ovo. Cada convento teria as suas próprias receitas que, entretanto, se iam conjugando formando uma só. De recordar também que a venda destes doces constituía uma parte importante das receitas financeiras dos conventos. Atualmente, este produto possui uma menção oficial: “Ovos moles de Aveiro – Indicação Geográfica Protegida”.

Embora com poucos ingredientes, esta receita requer a sua técnica. As gemas devem ser bem separadas das claras e o açúcar deve ficar entre o ponto de estrada e o ponto de cabelo. A forma de misturar os dois ingredientes também é importante, pois a colher não deve fazer movimentos circulares e sim movimentos de vaivém, em direção a quem confecciona.

Tradicionalmente, os ovos moles são colocados em barricas de madeira, pintadas com temas aveirenses. Porém, é também possível encontrar esta delícia em potes de porcelana ou em folhas de hóstia, moldadas com motivos marinhos.

A sigla IGP – que atesta a veracidade deste produtos – apenas pode ser utilizada pelos fornecedores dos concelhos de Aveiro, Ovar, Murtosa, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Ílhavo, Águeda, Vagos e Mira.

Ver receitas de ovos moles de Aveiro >>

Pão-de-ló

pao de lo

Bolo tradicionalmente português, ele conhece inúmeras versões de norte a sul do país. A primeira receita encontrada que se aproxima deste doce, aparece no livro “Cozinheiro Moderno ou a Nova Arte de Cozinha”, de Lucas Rigaud, em 1780, a qual ele chama de Pão-de-ló ou Bolo de Sabóia. No geral, o Pão-de-ló é um bolo fofo confecionado com ovos, açúcar e farinha.

Partindo desta receita base, há pelo menos três tipos genéricos deste bolo que podemos encontrar, a saber: o seco, o cremoso (zona central), e o molhado ou servido com cobertura. O que os diferencia é, sobretudo, a composição dos produtos, a forma de os misturar e a temperatura de cozimento.

No Minho, encontramos a maior variedade. O mais conhecido é o Pão-de-ló de Margaride, cozido em alguidar duplo de barro e revestido de papel. Ainda hoje é produzido pelos herdeiros de Leonor Rosa da Silva, fornecedora da Casa Real. Ainda no Minho, há o exemplar de Vizela (também chamado de Bolinhol), o qual possui uma forma retangular e uma cobertura de calda de açúcar. Ainda a norte, há o Pão-de-ló de Freitas, de Amarante, que utiliza dois tipos de farinha na sua confeção.

No Peso da Régua, encontramos uns doces que podemos considerar parentes do Pão-de-ló e que são as Cavacas de Resende. Confecionadas com grande quantidade de ovos que se batem, em maior quantidade de gemas do que claras, diretamente com o açúcar por cerca de uma hora. Naturalmente, que não há como não falar do famoso Pão-de-ló de Ovar. Uma tradição popular que remonta ao século XVIII, a principal caraterística deste doce é ficar bem cremoso na sua zona central.

Também delicioso é o Pão-de-ló de Arouca, embalado às fatias e com cobertura de açúcar. Vale ainda a pena falar do Pão-de-ló de Alfeizerão, reza a história que terá “nascido” acidentalmente no século XIX, quando uma freira o retirou do forno cedo demais. A sua origem crê-se que seja o Convento de Cós, perto de Alcobaça.

Ver 3 receitas de pão-de-ló >>

Pastéis de nata

pastel de nata

O pastel de nata é um dos principais ícones da doçaria nacional. As suas origens apontam para o Convento de Santa Catarina de Sena, em Évora, onde eram feitos com massa folha e um recheio de natas frescas, açúcar e gemas de ovo. A mesma receita surge no Mosteiro de Arouca e, ainda, no Convento de Santa Clara de Évora. Vários conventos femininos de Lisboa, também confecionavam pastéis de nata. A receita original fala-nos da massa folhada, que leva açúcar e canela, e do creme feito com gemas de ovo, açúcar, natas, leite, um pouco de farinha de trigo, sal e pau de canela.

Ver receita do pastel de nata >>

Pastéis de Santa Clara

A Ordem de Santa Clara proliferou pelo país em cidades como Vila do Conde, Porto, Xabregas, Mosteiro de Jesus em Setúbal, Mosteiros das Chagas e da Esperança em Vila Viçosa e o Mosteiro da Conceição em Beja. Entre os vários doces lá produzidos, ficaram famosos os pastéis de Santa Clara, em honra da santa.

Trata-se de um doce em forma de meia-lua, constituído por uma massa externa feita com farinha e um líquido ou gordura e depois recheado com um creme doce com gemas de ovo. O pastel pode ser frito ou cozido no forno e, no final, polvilhado com açúcar em pó. É delicioso e, por isso, um dos melhores doces portugueses.

Vila do Conde é o local de maior produção destes pastéis. A massa exterior é feita com farinha de trigo, açúcar, manteiga e um pouco de sal. Para o recheio, é colocado açúcar em ponto de estrada e depois adiciona-se amêndoa ralada e gemas de ovo que, ao lume, se transforma num creme consistente e uniforme. Vai a fritar e depois é polvilhado com açúcar em pó.

Em Vila Real, a massa exterior é confeccionada apenas com farinha de trigo fina e manteiga, e com um pouco de água para ganhar elasticidade. O recheio é preparado com açúcar levado a ponto de cabelo, gemas de ovo, amêndoa ralada e um pouco de canela. Prontos os pastéis vão a forno lento cozinhar e antes de servir polvilham-se com açúcar em pó.

De Coimbra vêm uns pastéis, cuja massa exterior é confeccionada e trabalhada manualmente, apenas com farinha, manteiga e água, e o seu recheio são os famosos ovos-moles. Os pastéis são pincelados com gema de ovo e vão cozer em forno para no final serem, também, polvilhados com açúcar em pó.

Mais a sul, em Portalegre, os pastéis são também confecionados com uma massa exterior de farinha, manteiga e água, e o recheio é preparado com açúcar em ponto de fio, ao qual se adiciona requeijão e gemas de ovos.

Depois de preparados os pastéis, estes vão cozer em forno lento para depois serem também polvilhados com açúcar em pó. Finalmente, em Évora, a massa exterior é confecionada com farinha, açúcar e água. Para o recheio, prepara-se açúcar em ponto de pérola ao qual se junta amêndoa ralada e gemas de ovo. Depois os pastéis vão fritar, para posteriormente serem polvilhados com açúcar em pó. Com pequenas diferenças, a forma base de conceção destes pastéis mantém-se.

Ver receitas obrigatórias da doçaria conventual >>

Certamente que acrescentava outras receitas a esta lista com os melhores doces portugueses, certo? Mas acreditamos que esta seleção engloba uma diversidade de iguarias, apreciadas de norte a sul do país e que comprovam como a pastelaria nacional é extrema rica e variada. Aproveite esta doce lição de história, para provar cada um destes melhores doces portugueses!

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