Sara Piteira Mota
Sara Piteira Mota
03 Mar, 2017 - 10:37

15% dos peões atravessam as ruas distraídos com o telemóvel

Sara Piteira Mota

A maior parte dos peões que atravessam a via pública ao telemóvel são jovens com menos de 30 anos.

15% dos peões atravessam as ruas distraídos com o telemóvel

A legislação portuguesa é clara quanto ao uso do telemóvel quando estamos ao volante de um automóvel. Para cortar com esse hábito, a fiscalização portuguesa penaliza os infractores com contra-ordenação grave. No entanto, para o uso dos smartphones por parte dos peões, não existe fiscalização. A Prevenção Rodoviária Portuguesa foi para as ruas de Lisboa e concluiu que  pelo menos 783 (15,6%) dos 5.223 peões observados foram vistos a usar o telemóvel enquanto atravessavam.

A maior parte das distrações observadas incluem pessoas a andar na via pública a falar com o telemóvel na mão (5,7%), a manusear o equipamento para consultar as redes sociais ou e-mail (4,8%) e a usar auriculares/auscultadores (5,9%). Sem grande novidade, a percentagem de peões envolvidos numa das três atividades foi mais elevada entre os mais novos.

De acordo com o estudo, 28,5% dos peões observados tinham até 30 anos, 17,3% estavam entre os 30 e 60 anos e 2,7% tinham mais de 60 anos.
A observação destes comportamentos revelou que os peões tendem a usar mais os auriculares/auscultadores no início da manhã e fazem uma maior utilização do telemóvel para falar à hora de almoço e durante a tarde.

A Prevenção Rodoviária Portuguesa avança que a utilização dos auriculares é de 15,2% no grupo dos peões até aos 30 anos e de 5,6% nos peões dos 30 aos 60 anos. E não interessa se o sinal está verde ou vermelho para peões, pois as percentagens de utilização do telemóvel ou de auriculares nas passadeiras com semáforos foram iguais.

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Prevenção Rodoviária alerta para os perigos dos peões ao telemóvel

Muitas são as pessoas que na sua actividade de jogging, laboral ou social utilizam o smartphone enquanto se deslocam na via pública. Fazem-no na convicção de que tal não representa qualquer perigo para si próprios e para os condutores envolventes. Mas é do conhecimento geral os perigos que estão associados à utilização do telemóvel por parte de peões: distração, abandono da atenção envolvente, perda de noção de posicionamento na via, são alguns deles. Situações estas, que podem levar a consequências graves em caso de sinistro automóvel.

Esse comportamento representa um elevado risco para a segurança rodoviária, uma vez que concentração do peão para o meio envolvente diminuí consideravelmente. Esta diminuição da atenção, leva a que os peões abordem a faixa de rodagem sem a necessária avaliação do tráfego envolvente, invadindo o espaço de circulação dos automóveis de modo súbito, o que faz com que, muitas vezes, haja atropelamentos com consequências graves.

Segundo um estudo da DEKRA Accident Research (2016) Estocolmo (Suécia) é a capital europeia com o maior índice de utilização de peões ao telemóvel (23,55%), logo seguido por Lisboa com 15,6%, Berlim (14,9%), Paris (14,53%) e Bruxelas (14,12%). Por último, está Roma (10,2%) e Amesterdão que tem o índice mais baixo (8,2%) de peões distraídos nas ruas. Este estudo sobre o uso do telemóvel foi realizado em seis capitais europeias tendo sido observados 14 mil peões.

A Prevenção Rodoviária Portuguesa alerta que os dados da sinistralidade no concelho de Lisboa mostram que entre 2010 a 2015 mais de metade (54%) das vítimas mortais de acidentes rodoviários eram peões. Este grupo representou ainda 46% do total de feridos graves e 23% dos feridos leves.

José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, alerta que “assim como os condutores que enviam mensagens, falam ao telemóvel ou consultam as redes sociais aumentam o risco de se envolverem em acidentes, os peões distraídos com os mesmos dispositivos também se colocam em maior risco de se verem envolvidos num acidente”.

Para que a segurança dos peões e dos condutores seja garantida, ou pelo menos melhorada, devem os peões evitar a utilização do telemóvel quando utilizam a via pública para circularem.

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