Miguel Pinto
Miguel Pinto
03 Set, 2025 - 10:40

Ensino Superior: Governo anuncia aumento das propinas

Miguel Pinto

Congeladas desde 2020, as propinas do Ensino Superior vão aumentar no ano letivo de 2026/2027. Saiba quanto.

propinas vão aumentar

O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, anunciou que o valor máximo das propinas das licenciaturas, congelado desde 2020 nos 697 euros, será aumentado para 710 euros no ano letivo de 2026/2027, um acréscimo de 13  euros anuais.

O Governo explicou que propõe incluir na proposta de lei do Orçamento do Estado para 2026 uma atualização das propinas de acordo com a taxa de inflação de 2025.

Segundo o anúncio, os mestrados integrados também serão descongelados, com as instituições de ensino superior a ganharem maior autonomia para ajustar essas propinas.

Para atenuar este impacto financeiro, o ministro informou que haverá um reforço substancial da ação social no ensino superior, com o orçamento a subir de 70 milhões de euros para 100 milhões de euros no ano letivo 2026/2027, um aumento de 43 %.

Aumento das propinas: repercussões e críticas

A medida gerou reacções críticas, sendo considerada por alguns como um “retrocesso”, numa altura em que o custo de vida e as dificuldades no sistema de ação social já pesam sobre muitos estudantes.

O congelamento prolongado das propinas, instaurado em 2020, visava minimizar os impactos financeiros da pandemia e apoiar a acessibilidade ao ensino superior.

Contudo, com a inflação em alta, o Governo considera necessário reajustar os valores para garantir o financiamento sustentável das instituições.

Fernando Alexandre defende que descongelar as propinas evita que o sistema beneficie, sobretudo, alunos de famílias com rendimentos mais elevados.

As propinas são vistas como um meio para financiar políticas de excelência e reforçar a capacidade competitiva internacional das universidades.

Oposição e academias contra

A oposição e associações académicas consideram que este aumento, ainda que modesto, penaliza estudantes com menos recursos económicos.

É que os estudantes universitários em Portugal enfrentam atualmente um conjunto de dificuldades económicas que condicionam seriamente a sua experiência académica.

O custo do alojamento é, de longe, um dos maiores obstáculos. A escassez de residências universitárias públicas e os preços elevados no mercado privado, sobretudo nas grandes cidades como Lisboa, Porto e Coimbra, tornam o acesso à habitação um desafio para muitas famílias.

Em alguns casos, as rendas chegam a representar mais de metade do orçamento mensal de um estudante, levando muitos a ponderar alternativas como longos deslocamentos diários ou até a desistência do curso.

A par da habitação, também as despesas de alimentação, transportes e material académico pesam significativamente no orçamento dos estudantes.

Apesar das medidas de apoio (como passes sociais mais acessíveis ou cantinas universitárias subsidiadas), estes custos continuam a acumular-se num contexto de inflação persistente.

Para muitos, as bolsas de estudo não são suficientes para cobrir as necessidades básicas, obrigando-os a procurar trabalhos a tempo parcial, o que frequentemente compromete o rendimento académico.

Veja também