A Revolut passa, a partir de hoje, a integrar oficialmente a rede MB Way, numa novidade que promete alterar o panorama dos pagamentos digitais em Portugal.
Essa integração abre caminho para que utilizadores façam transferências imediatas a partir da app Revolut, como já acontece entre bancos portugueses aderentes.
Durante muito, a ausência de ligação completa ao sistema Multibanco (e ao MB Way) foi vista como uma barreira para os utilizadores optarem pela Revolut como conta principal.
Agora, esse obstáculo diminui e quem tem um cartão Revolut poderá efetuar pagamentos por QR, pagar faturas ou impostos através de referências Multibanco e levantar dinheiro em caixas automáticas da rede, funcionalidades antes inviáveis para clientes com IBAN estrangeiro.
Revolut aposta no crescimento
O acordo com a SIBS é uma mudança estratégica profunda. Ignacio Zunzunegui, responsável de crescimento da Revolut para o sul da Europa, afirma, citado pelo jornal ECO, que desde o verão o crescimento da app em Portugal tem sido “sem precedentes” e que a integração com o MB Way é “essencial para ganhar” no mercado nacional.
Parte desse movimento inclui a migração gradualmente planeada dos clientes para uma sucursal local da Revolut em Portugal e a transição para IBANs iniciados por “PT50”, que deverão substituir os IBANs lituanos atuais.
É importante notar que essa migração não está concluída. A Revolut diz que o processo deverá estender-se, previsivelmente, até ao fim de 2025.
No entanto, mantém-se a promessa de que, enquanto isso, os clientes poderão ir fazendo a transição voluntariamente, sem rupturas abruptas do serviço.
O que muda?
O que muda no dia a dia do utilizador? Com esta integração quem tiver Revolut passará a poder usar o MB Way para enviar e receber transferências instantâneas através de número de telemóvel e e-mail, como com outros bancos portugueses.
Será possível gerar um cartão Multibanco virtual da Revolut, que permitirá pagar nos sistemas POS (supermercados, restaurantes, lojas) que ainda não sejam compatíveis com Visa ou Mastercard.
Os pagamentos de impostos, luz, água, telecomunicações, etc., por entidade e referência, ficarão acessíveis diretamente pela Revolut, o que antes era uma limitação considerável para muitos utilizadores com IBAN estrangeiro.
Há, contudo, questões que ainda geram atenção e cautela. A migração para IBAN português não altera, por si só, tudo.
O sistema interno dos bancos que efetuam as transferências (as contrapartes) pode ainda gerar atrasos ou bloqueios em casos pontuais.
unzunegui reconhece que muitos atrasos reportados têm origem nesse “lado contrário” da transação, não necessariamente no banco que envia.
Outra dúvida que muitos utilizadores levantam é o estatuto de proteção dos depósitos.
Mesmo com a sucursal em Portugal, os depósitos dos clientes permanecem cobertos pelo Fundo de Garantia de Depósitos da Lituânia, já que a Revolut opera sob licença lituana enquanto entidade bancária.
Uma nota final: com a adoção do IBAN local, os clientes deixarão de ter de declarar o IBAN da Revolut no anexo J do IRS, algo que até agora gerava confusão para quem usava IBAN lituano.