Os condutores portugueses devem preparar-se para uma subida significativa no custo do seguro do carro em 2026.
Esta é uma tendência que o setor dá como praticamente inevitável, com aumentos que poderão variar entre os 6% e os 10%, dependendo da seguradora e do perfil de cada condutor.
As principais companhias do setor já começaram a divulgar as suas previsões, sendo que a Fidelidade antecipa um aumento médio de 6%, a Generali prevê subidas entre 7% e 9%, e o Grupo Ageas admite aumentos que podem chegar aos 10%.
Aumento do seguro do carro: duas razões principais
A subida dos prémios de seguro automóvel em 2026 resulta da combinação de dois fatores fundamentais que têm vindo a pressionar o setor.
1. Aumento da sinistralidade
Portugal regista atualmente mais veículos em circulação e, contrariando as expectativas de que as tecnologias modernas de segurança reduziriam os acidentes, a sinistralidade tem aumentado.
Os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) revelam que entre janeiro e junho de 2025 foram registados 17.409 acidentes com vítimas, um número superior ao do mesmo período do ano anterior.
Com mais acidentes a ocorrer nas estradas portuguesas, as seguradoras enfrentam custos crescentes com indemnizações, viaturas de substituição, perícias e outros encargos administrativos. Este aumento do risco reflete-se inevitavelmente no valor das apólices.
2. Custos de reparação mais elevados
O segundo grande fator prende-se com o custo médio de reparação dos veículos sinistrados.
O custo médio das reparações subiu devido ao aumento dos preços das peças e à escassez de mão de obra especializada, sobretudo nas áreas de colisão, chapa e pintura das oficinas portuguesas.
Os tempos de reparação também se tornaram mais longos, o que aumenta todas as despesas associadas.
Os veículos modernos incorporam cada vez mais tecnologia sofisticada, como sensores, câmaras, radares e sistemas avançados de assistência à condução, tornando as reparações mais complexas e dispendiosas.
O caso dos veículos elétricos
Um aspeto que tem chamado a atenção é o impacto dos veículos elétricos nos custos dos seguros.
Os veículos elétricos apresentam custos médios de reparação superiores devido às questões técnicas relacionadas com as baterias, sistemas de alta voltagem e mão de obra especializada.
Assim, sempre que ocorre um sinistro com um veículo elétrico, o custo tende a ser superior devido à menor experiência do mercado com estas tecnologias, às questões específicas das baterias e à menor disponibilidade de peças.
Mais fatores que contribuem para o aumento
Para além das duas razões principais, outros elementos têm contribuído para a pressão sobre os preços.
Inflação. O aumento generalizado dos preços na economia tem impactado os custos operacionais das seguradoras e o valor das indemnizações.
Resseguros mais caros. O custo dos resseguros internacionais, o chamado “seguro das seguradoras”, também tem aumentado, e este custo adicional é parcialmente transferido para os clientes.
Veículos mais complexos. A tecnologia cada vez mais sofisticada incorporada nos automóveis modernos encarece tanto as peças como as horas de diagnóstico necessárias para reparações.
Como Minimizar o Impacto no Orçamento Familiar
Apesar das subidas previstas, existem estratégias que os condutores podem adotar para mitigar o impacto no seu orçamento:
- Comparar preços anualmente e evitar renovações automáticas sem análise prévia
- Manter um bom histórico de condução, evitando sinistros que agravem o prémio
- Atualizar os dados junto da seguradora, nomeadamente sobre quilometragem, garagem ou condutor habitual
- Avaliar as coberturas realmente necessárias, evitando pagar por proteções desnecessárias
- Ponderar agrupar vários seguros na mesma seguradora para beneficiar de descontos