Share the post "Unhas de gel: por que razão a União Europeia proibiu o TPO?"
Entrou em vigor a 1 de setembro a proibição total da substância TPO (Trimethylbenzoyl Diphenylphosphine Oxide) em produtos cosméticos, especialmente em vernizes de gel e géis curados com luz UV ou LED.
Antes permitida com restrições, esta substância agora é classificada como CMR, ou seja, cancerígena, mutagénica ou tóxica para a reprodução, e foi incluída na lista de ingredientes proibidos à luz do Regulamento (CE) n.º 1223/2009.
A decisão da União Europeia tem gerado intensa discussão no setor de cosmética, particularmente entre os profissionais de unhas e esteticistas.
A verdade é que a proibição pode ter severos impactos económicos no setor, pelo que se pedem medidas para mitigar eventuais prejuízos
TPO: absorver radiação UV ou LED
Para compreender o que está em causa, é importante perceber o papel do TPO nos cosméticos para unhas.
Trata-se de um fotoiniciador extremamente eficaz, cuja função é absorver radiação UV ou LED e desencadear a reação de polimerização necessária para a solidificação rápida e duradoura dos geles.
É essa rapidez de cura, associada a um acabamento resistente e altamente brilhante, que tornou o TPO popular entre os produtos de manicure profissional.
Contudo, a decisão europeia foi baseada em preocupações de saúde que emergiram de investigações científicas ao longo dos anos.
Embora inicialmente o TPO tivesse sido aceite em fórmulas profissionais até 5%, após parecer favorável do SCCS em 2014, avaliações mais recentes consideraram que a substância representa riscos suficientes, justificando a sua reclassificação como CMR categoria 1B.
Sem fase de transição
Não foi prevista qualquer fase de transição ou exceção, o que significa que produtos com TPO, mesmo que ainda em stock ou já colocados no mercado, não podem continuar a ser utilizados ou comercializados.
Em Portugal, o Infarmed confirmou estas orientações numa circular divulgada a 8 de julho de 2025, alertando os profissionais para cessarem imediatamente o uso desses produtos e procederem à sua remoção do mercado.
Esta medida tem suscitado reações de vários intervenientes do setor. Muitos profissionais de unhas manifestaram preocupação, apontando que foram avisados com pouco tempo para se adaptarem.
O alerta oficial deixou apenas cerca de um mês para descartarem stocks, procurarem alternativas e adaptarem os seus serviços.

TPO: apanhados de surpresa
Alguns testemunhos nas redes sociais expressaram frustração, afirmando que “este sector foi apanhado de surpresa” e pedindo uma extensão de prazo para evitar prejuízos significativos em stock e perda de clientela.
Por sua vez, algumas marcas de referência no setor anteciparam a mudança, anunciando já produtos 100 % livres de TPO, proporcionando assim alternativas seguras e em conformidade.
Para os profissionais, a proibição do TPO significa uma transição forçada, mas também uma oportunidade de repensar práticas e fórmulas em prol da saúde e segurança dos clientes.
Substitutos como TPO‑L ou outros fotoiniciadores alternativos têm sido desenvolvidos para manter desempenho, cor, tempo de cura e acabamento, ainda que por vezes com leve amarelecimento inicial que desaparece em poucas horas.
Assim, o que antes era uma solução técnica eficaz tornou-se inaceitável face aos riscos potenciais à saúde reprodutiva, levando à sua proibição total.
A decisão tem criado incómodo, especialmente pela curta janela de adaptação imposta aos profissionais, mas no fim também incentiva à reformulação e à adoção de práticas mais seguras.