Luís Seco
Luís Seco
15 Mai, 2017 - 10:27

O que ter em conta ao viajar para um país muçulmano

Luís Seco

Devido aos ataques terroristas dos últimos anos um pouco por todo o mundo, muitos mitos surgiram na cabeça dos ocidentais.

O que ter em conta ao viajar para um país muçulmano

A falta de compreensão desta cultura e o medo semeado pela constante atenção que é dada nas notícias aos atos terroristas muito tem contribuído para que muitos países muçulmanos tenham vindo a perder visitantes de forma avassaladora.

É precisamente pelas razões expostas acima que esta é a melhor altura para conhecer melhor o Islão, visitando um país completamente diferente do nosso de modo a desmistificarmos esta cultura tão rica de pessoas fascinantes e amigáveis.

Ainda que, à partida, possa parecer intimidante, a verdade é que viajar no mundo muçulmano é uma aventura que revela uma parte do mundo que nos vai surpreender (pela positiva) e apaixonar pelos séculos de história, pela beleza das paisagens e da arquitetura, pela hospitalidade das pessoas, pela comida,…

A verdade é que existem muitas mais semelhanças do que diferenças. Ainda que, claro, haja alguma diferença entre a maneira de viver nos países ocidentais e nos países muçulmanos. Mas não é para conhecermos coisas novas que viajamos? São estas particularidades que vamos descobrir nesta página, assim como algumas regras que devemos aceitar de mente aberta enquanto formos hóspedes destes povos.

De viagem a um país muçulmano: algumas dicas

Não há “receitas” para todos os países aos mesmo tempo

Todos os países muçulmanos são diferentes. O que é aceitável em Marrocos pode muito bem não o ser na Turquia, no Dubai ou na Indonésia… Por isso, o melhor mesmo é certificarmo-nos que estudamos bem as especificidades do local onde vamos passar as nossas próximas férias. Muito provavelmente vamos descobrir que essa sociedade é mais formal e tradicional do que aquela a que estamos habituados.

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As pessoas são simpáticas e acolhedoras

Os costumes de séculos no mundo islâmico implicam que se seja um bom anfitrião. Isto quer dizer que é quase certo que sejam genuínos todos os convites que possamos receber de estranhos para tomar chá, para que nos façam uma visita guiada à sua cidade, para um jantar de família nos seus lares.

Só temos de usar o bom senso tal como fazemos no nosso país e desfrutar da hospitalidade em segurança e sem grandes preocupações. Se formos alvo de demasiada atenção, especialmente no caso das mulheres, o melhor é mesmo ignorar essas pessoas e continuarmos o nosso caminho. Vai sempre haver alguém simpático uns metros mais à frente.

A comida é simplesmente excelente, mas…

Para algumas pessoas, a gastronomia dos países muçulmanos é extremamente apelativa, esteja ela impregnada de sabores exóticos ou de outros bem mais familiares (nos países do mediterrâneo como Marrocos ou Tunísia onde, por exemplo, o azeite está presente).

Porém, para outro tipo de sensibilidades, pode haver sabores mais fortes ou diferentes do dia a dia que se estranham ao início. Como quase tudo na vida, é um gosto que se adquire com o tempo. O ideal para quem não está habituado é não ser muito ousado inicialmente com as comidas locais.

Sendo o porco considerado um animal impuro, não vai encontrar este tipo de carne à venda. Provavelmente nem nos hotéis, que muitas vezes são o único local onde se abre uma exceção à proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos países muçulmanos mais tradicionais.

O ato de comer em comunidade é uma forma de mostrar amizade. Aceitando um convite para comer na casa de alguém, devemos seguir os costumes e não comer com a mão esquerda. Em alguns lugares, é de bom tom deixar um pouco de comida no prato. É costume um anfitrião oferecer chá ou café aos seus convidados.

O modo como se veste não deverá ser um problema

Muitos viajantes preocupam-se demasiado com o vestuário em países islâmicos. A melhor forma de encarar esta questão é… vestirmo-nos como os locais. Seja como for, existe uma tolerância superior em relação aos visitantes. Ao visitar uma mesquita, é necessário cobrir pernas, ombros e cabeça (aqui, no caso das mulheres) em sinal de respeito.

Em bastantes mesquitas visitáveis, haverá lenços para emprestar aos turistas à porta. Se pensarmos um pouco, nos países ocidentais católicos, por exemplo, também se espera este tipo de decoro, em sinal de respeito, ao entrar num local sagrado.

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Saber um pouco sobre a religião

Para os muçulmanos é obrigatório rezar cinco vezes por dia em horários estabelecidos pela posição do sol. Encontraremos pessoas a rezar em espaços públicos mas muitas irão à mesquita, que não poderemos visitar durante esse período. É igualmente possível que algumas lojas e restaurantes estejam fechados, especialmente em locais menos turísticos. É também importante saber que nem todas as mesquitas são visitáveis pelos não crentes nesta religião.

No mês do Ramadão, os muçulmanos não comem, bebem ou fumam durante o dia. Em sinal de respeito, devemos fazer o mesmo quando estivermos em lugares públicos, a não ser que estejamos num hotel, onde a comida estará disponível para servir aos não muçulmanos. O fim do Ramadão é comemorado numa grande refeição chamada iftar. Se formos convidados para a iftar, devemos, sem dúvida, viver essa experiência da vida familiar.

Outros costumes a ter em conta num país muçulmano

  • Interação com o sexo oposto – Normalmente, nas sociedades islâmicas que são mais tradicionais, é esperado que os homens apenas se dirijam a outros homens e mulheres a outras mulheres (a não ser que esteja numa loja, hotel, serviço público, etc). O mesmo sucede para cumprimentar com um aperto de mão. Colocar a mão sobre o próprio coração é uma forma de mostrar sinceridade ao dar as boas-vindas ao visitante.
  • Mostras de afeto em público – É conveniente mostrar modéstia e obedecer às leis e costumes do país que visitamos. Para não ofendermos os nossos anfitriões, devemos deixar as demonstrações de afeto mais calorosas para quando estivermos em privado.
  • Generosidade e outros gestos de consideração – Este tipo de comportamentos são considerados extremamente admiráveis e respeitados nos países muçulmanos.
  • Política – O assunto da política pode ser delicado no mundo islâmico. De preferência, devemos abordá-lo apenas se já conhecermos bem a pessoa com quem estamos a falar.
  • Fotografia – Se quisermos tirar uma fotografia a alguém na rua, especialmente uma mulher, é melhor pedir permissão previamente em certos países. É má ideia fotografar instalações militares e devemos verificar bem se o podemos fazer dentro de cada mesquita que visitarmos.
  • Compras – Uma visita a um mercado em nações muçulmanas é uma aventura sensorial inesquecível. A agitação depressa deixa de nos intimidar e passa a ser contagiante. Regatear é uma tradição incontornável. Devemos perguntar o preço somente se pretendermos comprar. A última palavra é nossa, nunca seremos forçados a levar o artigo, claro. É obrigatório divertirmo-nos nos mercados…
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Seja qual for o país que decidirmos conhecer a seguir, o importante numa viagem, como na vida, é termos a mente e o coração aberto para deixarmos entrar tudo o que de positivo encontrarmos. Sejam maneiras diferentes de vestir, comer, viver. E especialmente as pessoas.

Para terminar, em jeito de inspiração, fica uma pequena lista de países com maioria muçulmana que vale a pena incluir na sua lista das próximas viagens a fazer. Boas viagens!

  • Marrocos
  • Irão
  • Qatar
  • Emiratos Árabes Unidos (uma federação de sete Emiratos do Golfo Arábico, sendo os mais conhecidos Dubai, Abu Dhabi e Sharjah)
  • Bahrain
  • Jordânia
  • Gâmbia
  • Indonésia
  • Bangladesh
  • Turquia
  • Palestina
  • Brunei
  • Egito
  • Tunísia
  • Maldivas
  • Cazaquistão
  • Azerbeijão
  • Senegal

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