Pedro Andersson
Pedro Andersson
09 Jun, 2023 - 10:34

Acabaram os Certificados de Aforro que rendiam 3,5%. Tenho alternativas?

Pedro Andersson

O Governo suspendeu os Certificados de Aforro da Série E. E agora? Será que compensa investir na Série F?

Acabaram os Certificados de Aforro da Série E

Durante cerca de 6 meses os portugueses aproveitaram – e bem – os juros de 3,5% dos Certificados de Aforro da Série E. Estavam no máximo previsto por lei que, recordo, ao fim de 10 anos podiam chegar – teoricamente – aos 4,5% com a soma dos prémios de permanência. Mas como tudo o que é bom, acabou!

Os Certificados de Aforro da Série E foram suspensos pelo Governo para dar início à Série F, que entraram em comercialização no dia 5 de Junho.

Como vos disse várias vezes, os Certificados de Aforro da Série E eram de aproveitar (aproveitei também) porque estavam a ter um rendimento muito acima da média e que seria uma questão de tempo até acabarem com eles ou alterarem as regras.

Avisei também que seria sem pré-aviso (tem sido sempre a uma sexta-feira, depois de fecharem os Correios). E assim foi.

O que acontece agora?

Para quem já os tinha, continua tudo como está. Mesmo os que já os tinham há mais tempo, continuam – de 3 em 3 meses – a ver refletidas as condições da Série E no valor que já tinham até atingirem os 10 anos de maturidade.

O que muda é apenas para quem queria subscrever mais Certificados de Aforro nos próximos meses. Agora já só poderá subscrever ou acrescentar aos que tinha, os da Série F, que renderão no máximo 2,5% em vez de 3,5%.

Certificados de Aforro: as novas regras

O prazo é mais longo, 15 anos em vez de 10, e prevê uma remuneração crescente ao longo do tempo, através de um prémio de permanência.

Tal como na série anterior, a taxa base aplicável à Série F é determinada mensalmente, no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte. Essa taxa base corresponde à média dos valores da Euribor a 3 meses observados nos 10 dias úteis anteriores.

A taxa base nunca poderá ser superior a 2,50% nem inferior a 0%. A série anterior tinha o máximo de 3,5%. Logo aqui ficamos a perder. Como a Euribor a 3 meses já está superior a 2,5 quer dizer que esta Série F começa já com o valor máximo possível. A anterior ainda somava 1% à Euribor a 3 meses. Essa possibilidade também foi alterada. Ou seja, se a Euribor descer dos 2,5, o rendimento destes novos Certificados de Aforro começa a baixar também imediatamente. Os anteriores ainda tinham uma “almofada” de 1%.

A estrutura de prémios de permanência crescentes começa em 0,25% entre o 2º e o 5º anos e permite atingir 1,75% adicionais à taxa base nos últimos 2 anos do prazo máximo de subscrição:

  • Ano 1: Sem prémio de permanência
  • Anos 2 a 5: +0,25%
  • Anos 6 a 9: +0,5%
  • Anos 10 e 11: +1%
  • Anos 12 e 13: +1,5%
  • Anos 14 e 15: +1,75%

Com esta alteração, os Certificados de Aforro ficam mais ou menos com o mesmo rendimento das Obrigações do Tesouro.

O mínimo de subscrição são 100 unidades (100 €), e o máximo será de 50 000 unidades (50.000 €), em vez de 250 mil euros. Se já tem Certificados de Aforro da Série E, a soma dos dois não pode ultrapassar os 250 mil euros.

Continuam a valer a pena?

Na minha opinião, sim! Em comparação com os juros que os bancos estão a pagar, subscrever Certificados de Aforro da Série F continua a ser uma excelente opção. É menos bom, mas continua a ser bom. Tem de comparar com a oferta que o seu banco tem atualmente e nos bancos da concorrência (desde que não tenha outro tipo de despesas, como comissões) e se não conseguir melhor, mude. E rápido.

Só mantém o seu dinheiro no banco se eles lhe oferecerem mais de 2,5% brutos. Por ano, não é a 3 ou 6 meses. Se for menos, é tirar e colocar em Certificados de Aforro da Série F.

A subscrição dos Certificados de Aforro da Série F pode ser realizada através do AforroNet, nas lojas dos CTT, e na rede de Espaços Cidadão. No futuro, alguns bancos talvez os comercializem também, mas duvido que estejam interessados.

Quais as alternativas aos Certificados de Aforro?

A lição que lhe quero transmitir no fim disto tudo é que deve mudar para melhor sempre que encontrar uma alternativa que seja mais rentável para si. Não fique à espera para ver o que acontece e com medo de coisas que não vão acontecer ou que podem nunca acontecer.

Houve pessoas que estavam a pensar em fazer os Certificados de Aforro daqui a uma semana ou no mês que vem. Esta oportunidade – da Série E em máximos de sempre – já existia desde o final do ano passado. Passaram mais de 6 meses. É o risco de não avançar quando é a altura. Se não foi a tempo da série anterior, agora não tem desculpa para não aproveitar esta (antes que a alterem outra vez)… Mais vale ganhar menos do que não ganhar nada.

Se, entretanto, os bancos tiverem um rebate de consciência e decidirem aumentar os depósitos a prazo para valores que se vejam, é simples, retira dos Certificados de Aforro e volta para os bancos. Qual é o problema?

Neste momento já há alguns bancos que oferecem 2,5%, 3% ou até 4%, mas são bancos muito pequenos e de investimento que a maior parte das pessoas não conhece, exigem montantes muito altos para ter acesso a esses juros e normalmente têm um prazo muito curto (inferior a 1 ano) e não são mobilizáveis, isto é, não pode levantar o seu dinheiro antes se precisar.

Em resumo, os Certificados de Aforro estão menos bons, mas continuam a deixar a léguas os depósitos a prazo dos bancos. A média de todos eles subiu apenas de 0,9 para 1,03%. A média da zona Euro está em 2,27 e em Itália, está nos 3,08%. É uma vergonha para os bancos portugueses estarem a dar tão pouco quando pedem tanto aos clientes nos créditos indexados à Euribor. Portanto, se eles não se mexem, mexa-se você! Não tenha é o seu dinheiro parado.

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