Miguel Pinto
Miguel Pinto
04 Jun, 2025 - 16:30

Albarracín: visita ao tesouro medieval das montanhas de Aragão

Miguel Pinto

Aninhada nas formações montanhosas de Aragão, a espetacular vila de Albarracín merece uma visita atenta. Marque na agenda.

Muralha de Albarracín

Escondida nas escarpadas montanhas da Serra de Albarracín, na província de Teruel, em Aragão, Albarracín é uma daquelas jóias raras que nos fazem duvidar que ainda existam lugares assim no mundo moderno.

Com as suas muralhas que abraçam a encosta e as ruas de pedra que serpenteiam por entre casas cor-de-terra, esta vila parece ter sido congelada no tempo, oferecendo aos visitantes uma viagem mágica à Idade Média.

Ao chegar a Albarracín, o primeiro impacto visual é avassalador. A vila ergue-se em tons de ocre e terracota, harmonizando-se com a paisagem árida que a rodeia.

As muralhas mouriscas do século X, bem preservadas, correm pelas colinas como se estivessem a proteger um segredo antigo. É um povoado pequeno, mas cada canto é um convite à contemplação e uma mistura de autenticidade, história e beleza natural.

Albarracín: ruelas que contam histórias

O verdadeiro encanto de Albarracín revela-se ao ritmo dos pés. Perder-se nas suas ruelas estreitas é quase obrigatório.

As casas, com as suas varandas de madeira esculpida e janelas decoradas com grades de ferro forjado, guardam séculos de história.

A Calle del Portal de Molina, por exemplo, é uma das mais pitorescas, com as suas fachadas tortuosas e atmosferas de conto de fadas.

Durante o passeio, a sensação é de estar dentro de um cenário cinematográfico. Não é por acaso que a vila já foi escolhida como pano de fundo para filmes históricos.

Património que perdura

Entre os monumentos mais emblemáticos está a Catedral do Salvador, que data do século XVI.

O seu interior é surpreendente, com elementos góticos, renascentistas e barrocos que refletem as diferentes épocas de construção. Ao lado, o Palácio Episcopal acrescenta um toque de imponência à paisagem urbana.

Outro ponto imperdível é o Castelo de Albarracín, que remonta ao tempo dos mouros. Do alto da fortificação, obtém-se uma vista panorâmica da vila e da paisagem envolvente, onde os tons avermelhados das montanhas contrastam com o céu azul profundo de Aragão.

Caminhar pelas muralhas é uma experiência única, sobretudo ao pôr-do-sol, quando a luz dourada transforma tudo numa pintura viva.

O Museu Diocesano é uma paragem obrigatória para quem quer mergulhar mais profundamente na história local. A sua coleção de arte sacra é notável, com peças que vão desde tapeçarias a ourivesaria religiosa.

Já o Museu do Juguete (Museu dos Brinquedos) oferece uma perspetiva mais lúdica, especialmente para quem viaja em família. Aqui, brinquedos tradicionais de madeira partilham espaço com raridades do século XX, despertando a nostalgia em adultos e a curiosidade em crianças.

Vista de Albarracín

Albarracín: natureza em estado puro

Albarracín não é apenas história e arquitetura. A natureza que a rodeia é igualmente impressionante.

A poucos minutos da vila, encontra-se o Parque Cultural da Rodénia, um dos segredos mais bem guardados da região.

Esta zona protegida alberga pinturas rupestres declaradas Património Mundial pela UNESCO e formações geológicas únicas que atraem tanto geólogos como caminhantes.

Outro ponto de interesse é o canhão do rio Guadalaviar, ideal para caminhadas ao longo da água, entre vegetação exuberante e penhascos dramáticos.

Aliás, para os amantes da escalada, Albarracín tornou-se um destino de eleição graças às suas formações rochosas perfeitas para boulder.

Gastronomia com sabor de montanha

Após um dia de descobertas, nada melhor do que saborear a cozinha local. Ali, os sabores são intensos, com pratos que aquecem o corpo e a alma.

A truta do Guadalaviar, os guisados de javali e o presunto de Teruel são apenas alguns exemplos das iguarias que se podem encontrar nas tabernas da vila. Acompanhados por um vinho da região ou um copo de “orujo”, a experiência é verdadeiramente reconfortante.

A vila ganha ainda uma nova vida durante as suas festas tradicionais. Em setembro celebra-se São Mateus, com uma mistura vibrante de folclore, música e procissões.

Acima de tudo, esta viagem é uma experiência sensorial e emocional. É mais do que um destino. É um mergulho na alma de uma Espanha ancestral, onde o tempo corre devagar e a beleza se encontra nos detalhes.

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