Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
28 Jun, 2021 - 08:10

Aprenda a analisar a planta da casa para tirar o máximo proveito

Mónica Carvalho

É verdade: saber ler este documento pode ser uma mais-valia na hora de escolher. Saiba como analisar a planta da casa e tome a melhor decisão!

analisar a planta da casa

Sabia que é possível, ao analisar a planta da casa, identificar questões como a correta ou incorreta iluminação ou ventilação? Afinal, este documento é, nada mais nada menos, do que a impressão digital do imóvel, o seu cartão de cidadão e teste de ADN.

Se anda no processo de procura de casa, seja para comprar ou para arrendar, vale a pena parar um pouco e espreitar este artigo. Ou até se está a pensar fazer umas obras de remodelação e quer tirar o máximo partido das suas características!

Vamos ajudá-lo a analisar a planta da casa e a perceber o que deve ser valorizado e desvalorizado.

Como analisar a planta da casa sem dores de cabeça

Quando tem a planta da casa na sua mão consegue perceber o que são determinados desenhos e linhas significam, mas e o resto? Confira todas estas questões que não deve esquecer na hora de descodificar uma planta de um imóvel para conseguir interpretá-lo e conhecer o espaço de fio a pavio.

Além disso, nos dias de hoje, as plantas de casa são criadas a partir de programas de desenho que, combinados com outros softwares, permitem criar projetos bastante realistas em 3D. Isto serve para que o cliente saiba exatamente como é a disposição do imóvel, sem que tenha que visitá-lo pessoalmente. As imagens são tão reais que, em muitos casos, mais parecem verdadeiras, fotografias.

projeto arquitetura casa

O que é representado na planta da casa?

Em cada planta aparecem várias informações, algumas mais fáceis de interpretar do que outras. São indicados dados como:

  • Acessos ao imóvel para pedestres e automóveis;
  • Nível dos pisos em relação à cota natural do terreno e cota da rua;
  • Indicação da existência de portas e janelas;
  • Nomes e áreas dos espaços / divisões;
  • Tipos de revestimentos;
  • Desenho do piso;
  • Áreas permeáveis do terreno;
  • Acrescentar orientação solar;
  • Sistema de águas sanitárias (se tem esquentador, bomba de calor, caldeira);
  • Sistema de aquecimento/arrefecimento ambiente;
  • Tipo de isolamento;
  • Tipo de caixilhos;
  • Distribuição dos móveis – informação facultativa;
  • Projeto elétrico;
  • Projeto hidráulico;
  • Projeto estrutural;
  • Projeto de interiores;
  • Projeto paisagístico.
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Diferentes cortes

Este é o primeiríssimo passo na hora de analisar a planta da casa: saber que existem diferentes cortes. Trocando por miúdos: os cortes são basicamente vistas que permitem mostrar os compartimentos internos de um projeto, alturas do pé direito, tamanho das portas e janelas, perceber a existência de tetos falsos, sancas, entre muitas outras coisas que não são possíveis de ver na vista standard da planta.

Existem dois principais tipos de corte: transversal e longitudinal. Para perceber em que consiste o primeiro, imagine que cortaram a sua casa a meio, mas na horizontal. Já o segundo é como se uma lâmina cortasse a casa a meio e a dividisse na vertical.

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Escalas

Em qualquer planta vai encontrar este símbolo x:xxx. Isto corresponde à escala em que o documento se encontra e quer dizer que o primeiro valor corresponde ao segundo.

Regra geral, as plantas das casas contam com uma escala de 1:100, o que significa que cada centímetro no desenho equivale a 100cm (1metro) na escala real.

Tudo numa planta é desenhado à escala! Paredes interiores e exteriores, portas e janelas, dimensões da sala, escadas, armários, loiças e elementos fixos; tudo tem uma medição real.

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Medidas ao pormenor

Para que uma planta esteja legal e totalmente correta, todas as medidas têm de ser exatas ao pormenor! Das paredes às janelas e portas, passando pela altura dos pisos, detalhes de construção e até medidas entre tomadas e caixas de eletricidade.

Tudo consta na planta, desde os elementos construtivos (paredes, portas, janelas), aos elementos acessórios (canalização, tomadas, módulos de casa de banho, etc.).

planta da casa
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Andares

Ao analisar a planta da casa, é importante também que verifique a questão dos pisos.

Se a casa possuir apenas um único piso, só haverá, obviamente, uma única planta que abrange toda a área. No caso dos imóveis com mais do que um andar, o que acontece é que são anexadas várias folhas (uma para cada piso) e cada uma será apelidada com nomes específicos (ex: Planta do Pavimento Térreo, Planta do 1º andar, etc.).

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Orientação

Sim, é possível perceber se a sua casa tem uma boa ou menos boa exposição solar natural! Não está a ver como? Nós damos uma ajuda: procure os símbolos dos pontos cardeais. Só para relembrar são: Norte, Sul, Este, Oeste.

Considerando esses pontos, e sabendo que em Portugal o Sol nasce a Este e se põe a Oeste, e que a orientação a Sul é mais vantajosa do que a Norte, é só verificar o seu caso e tirar o maior partido do mesmo.

Procure ainda fazer com que as áreas sociais tenham a maior exposição possível e deixe o Norte para as zonas mais técnicas. A maior parte das pessoas prefere acordar com a luz do sol pela manhã, por exemplo.

Normalmente, na planta de casa há uma indicação no canto direito superior com uma rosa dos ventos desenhada, o que lhe permite identificar a posição do imóvel.

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Ficha Técnica da Habitação

A Ficha Técnica da Habitação é um documento que descreve as características técnicas e funcionais de um prédio urbano habitacional e feito após a conclusão das obras de construção, reconstrução, ampliação ou alteração do mesmo.

Compete ao promotor imobiliário a elaboração da FTH do imóvel a transmitir, sendo da sua responsabilidade, bem como da do técnico responsável pela obra, a conformidade das informações constantes da FTH com o tudo o que foi efetivamente executado.

A FTH é exigida para os prédios que tenham sido edificados ou que tenham sido submetidos a obras de reconstrução, ampliação ou alteração após 30 de março de 2004. Existem algumas exceções:

  • Prédios edificados antes da entrada em vigor do Regulamento Geral das Edificações Urbanas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 38382, de 7 de agosto de 1951;
  • Prédios edificados após a data referida na alínea a), desde que, em 30 de março de 2004, tivessem obtido a licença de utilização ou tivesse sido requerida a respetiva emissão.
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Certificado energético

Trata-se de um documento que avalia a eficiência energética de um imóvel numa escala de A+ (muito eficiente) a F (pouco eficiente), emitido por técnicos autorizados pela Agência para a Energia (ADENE) – que é o organismo público que regula a certificação energética de edifícios (SCE).

Contém informação útil sobre as características de consumo energético do imóvel relativas a várias questões, como por exemplo, climatização e águas quentes sanitárias; medidas de melhoria para reduzir o consumo, como a instalação de vidros duplos ou o reforço do isolamento, entre outras.

O documento é válido por dez anos para edifícios de habitação e pequenos edifícios de comércio e serviços. Depois dessa data, é preciso requerer novo certificado.

Muitas vezes olhamos para uma planta e não fazemos um esforço por compreender o que lá está, porque assumimos de imediato que não percebemos os termos técnicos.

Como vê, é mais simples do que pensava e compensa certamente. Além de ser capaz de reconhecer especificidades e/ou problemas do imóvel e fazer as questões a tempo, fica também a conhecer o seu espaço melhor do que ninguém.

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