Share the post "Burlas mais comuns no Natal: como identificar e evitar esquemas"
Para além do seu significado, o Natal é tempo de compras, presentes e alguma correria. Infelizmente também é uma das épocas preferidas de quem vive de enganar os outros. Entre encomendas online, promoções relâmpago e mensagens que chegam sem aviso, as burlas entram na rotina com a mesma facilidade que as luzes de Natal.
6 Burlas a que deve estar atento
Compras online que nunca chegam
Durante o Natal surgem frequentemente lojas online falsas que parecem legítimas à primeira vista. Estas lojas anunciam produtos muito procurados, como brinquedos, tecnologia, perfumes, com preços muito baixos e ofertas “imperdíveis”. Na prática, o pagamento é feito e o produto nunca chega ao destino ou acaba por ser de má qualidade ou inexistente.
Estas lojas costumam desaparecer poucas semanas depois ou simplesmente não respondem a contactos, deixando os consumidores sem opção de reembolso. Os burlões tiram partido da pressa de quem quer comprar presentes e do facto de muitos consumidores procurarem rapidamente o “melhor preço” sem confirmar credibilidade.
Estes são os sinais a que deve estar atento para não ser vítima deste tipo de burlas:
- URLs estranhas ou domínios desconhecidos, muitas vezes com erros mínimos no nome da marca (uma prática conhecida como typosquatting);
- Ausência de contactos reais ou morada física da empresa;
- Métodos de pagamento limitados a transferência bancária, MB Way ou vales-preço sem possibilidade de pagar com cartão de crédito, que oferece maior proteção;
- Reviews demasiado positivas ou inexistentes fora do próprio site.
Mensagens falsas dos CTT e transportadoras
No Natal aparecem com frequência mensagens falsas em nome dos CTT ou de outras transportadoras a dizer que há uma encomenda “pendente”, “retida” ou que é necessário pagar uma taxa para a entrega prosseguir. Estas mensagens podem chegar por SMS ou email e parecem autênticas, mas são técnicas de phishing, tentativas de enganar a pessoa para obter dados pessoais ou bancários.
Por exemplo, é comum circularem SMS fraudulentas a fazer-se passar pelos CTT Expresso com textos como “o desalfandegamento da sua encomenda foi suspenso por falta de dados” e com um link que não pertence ao domínio oficial dos CTT. Esses links dirigem para páginas falsas criadas para recolher informação ou instalar malware.
Este tipo de burla é parecido com as chamadas smishing (phishing via SMS) que também têm sido relatadas noutras partes do mundo, onde mensagens fingem ser de serviços como DHL ou UPS para roubar dados ou induzir a pagar taxas fictícias.
A melhor forma de se proteger é saber que as transportadoras não pedem dados sensíveis por mensagem ou email, nem enviam links para introduzir informações pessoais ou bancárias. Sempre que uma notificação de entrega parecer suspeita, o caminho mais seguro é ir diretamente ao site oficial da empresa ou contactar o apoio ao cliente, em vez de clicar no link da mensagem.
Falsos sorteios e prémios de Natal
No Natal e noutras épocas festivas, muitos burlões usam o velho truque do “Parabéns, foi selecionado!” para enganar as pessoas. Recebe-se um email, mensagem ou aviso nas redes sociais a dizer que ganhou um prémio, pode ser uma viagem, um gadget caro ou um vale-oferta, e logo de seguida vem o detalhe importante: é preciso pagar uma taxa, cobrir custos de processamento ou confirmar dados pessoais para receber o prémio.
Este tipo de burla faz parte dos chamados esquemas de prémios e lotarias falsas, nos quais os burlões tentam obter dinheiro ou dados sensíveis, fingindo que a vítima ganhou algo em que nunca participou. As autoridades de proteção ao consumidor alertam que se for pedido um pagamento para reclamar um prémio, o esquema é quase sempre uma fraude. Os prémios legítimos não exigem pagamento de taxas antecipadas nem pressionam para agir com pressa.
Vendas duvidosas nas redes sociais
No Natal, plataformas como Facebook Marketplace, Instagram e grupos de compra e venda em redes sociais tornam-se terreno apetecível para burlões. Todos os anos surgem relatos de compradores que viram anúncios de artigos muito procurados, bicicletas, consolas, telemóveis, brinquedos populares ou até vouchers de experiência, com preços muito abaixo do normal. Depois de pagar através de MB Way ou transferência bancária, o vendedor simplesmente desaparece e o presente nunca chega.
Este padrão de fraude não é raro. A Polícia Judiciária em Portugal e várias forças de segurança europeias têm divulgado alertas sobre este tipo de burla, em que perfis novos, com poucas amizades ou seguidores e sem histórico de transações, publicam ofertas demasiado atraentes para serem verdade. Muitas vezes usam imagens que não são sequer deles, retiradas de outros anúncios legítimos, para atrair compradores.
Para se proteger esteja atento aos principais sinais como perfis recentes ou com poucas interações, um número reduzido de amigos ou seguidores e preços muito inferiores ao valor de mercado. É também frequente existir pressão para pagar de imediato, normalmente através de MB Way ou transferência bancária, bem como a recusa em utilizar métodos de pagamento com proteção ao comprador.
Falsos pedidos de donativos
No Natal, o espírito solidário cresce e a vontade de ajudar também. É precisamente por isso que esta é uma das épocas favoritas para burlas com pedidos de donativos falsos. Todos os anos circulam campanhas que usam o nome de causas emocionais, crianças doentes, famílias carenciadas ou instituições inexistentes, muitas vezes com nomes muito semelhantes aos de organizações reconhecidas.
O Centro Europeu do Consumidor tem identificado este tipo de burla como uma prática comum em toda a União Europeia, recomendando que os donativos sejam feitos apenas através de sites oficiais e plataformas reconhecidas.
Cartões-presente usados como armadilha
Algumas burlas recorrem a um método muito específico e fácil de identificar: o pedido de pagamento através de cartões-presente ou vales digitais. O contacto pode chegar por email, SMS ou redes sociais e surge em nome de empresas conhecidas, falsas entidades públicas, sorteios ou até pedidos urgentes relacionados com encomendas.
O argumento varia, mas o pedido é semelhante. Comprar um cartão-presente e enviar o código para resolver um problema, pagar uma taxa ou receber um prémio. Depois disso, o dinheiro desaparece sem possibilidade de recuperação.
Este tipo de fraude é amplamente documentado. A Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos identifica os cartões-presente como um dos meios de pagamento mais usados por burlões, precisamente porque são difíceis de rastrear e praticamente impossíveis de recuperar depois de usados.
Como reduzir o risco de cair numa burla
Basta atenção e alguns hábitos simples, pois, a maioria das burlas explora sempre os mesmos gatilhos: pressa, medo de perder uma oportunidade e confiança excessiva.
Desconfiar de ofertas demasiado boas para serem verdade é um dos primeiros passos para evitar fraudes. Preços muito abaixo do mercado, prémios inesperados ou pedidos urgentes de pagamento raramente são legítimos. Confirmar o remetente das mensagens é outra regra essencial: emails, SMS ou mensagens nas redes sociais podem usar nomes e logótipos conhecidos, mas o endereço, o link ou o número de contacto não correspondem às entidades oficiais.
Também nunca devem ser partilhados códigos, passwords ou dados bancários, independentemente do motivo apresentado. Bancos, transportadoras, empresas de serviços ou entidades públicas não pedem este tipo de informação por telefone, SMS ou email. Outro sinal recorrente é a urgência exagerada: mensagens que pressionam para agir “já”, “nas próximas horas” ou “antes que a conta seja bloqueada” são uma técnica clássica de manipulação.
Para se manter informado e reduzir o risco de cair em esquemas semelhantes, vale a pena acompanhar alertas e dicas de segurança atualizadas. Subscrever a newsletter do Ekonomista é uma forma simples de receber informação útil e atual sobre burlas, fraudes online e boas práticas de segurança digital, especialmente em épocas mais sensíveis como o Natal.