Em Portugal, são diagnosticados cerca de 500 novos casos de cancro do ovário todos os anos, um número que coloca a doença como rara no país. O problema é que a sua taxa de mortalidade é considerada alarmante: dentre os novos casos, mais de 400 mulheres morrem por consequência deste diagnóstico.
Com sintomas inespecíficos, muitas vezes confundidos com incómodos menos graves, e o problema da falta de acesso aos cuidados primários de saúde ainda a ser enfrentado por muitas mulheres, a chave para a deteção precoce da doença passa por conhecer e atender aos sinais de alarme que o corpo comunica.
Mas quais são os sintomas que indicam uma doença nos ovários e quando devemos procurar ajuda médica médica? Existem comportamentos de risco?
Saiba tudo sobre a doença oncológica feminina mais letal.
Cancro do ovário: causas, sintomas e tratamento
Apesar de ser um cancro mais frequente em mulheres com mais de 55 anos – que já passaram pela menopausa -, não é, contudo, exclusivo de qualquer faixa etária. Sim, o cancro do ovário pode vitimar mulheres mais jovens.
Ao contrário de tantas outras doenças, a sua incidência não apresenta variações em função das áreas geográficas em causa: todos os países são afetados de forma semelhante por este problema.
Como ocorre o cancro do ovário?
As células epiteliais dos ovários são responsáveis pela formação da camada externa que recobre a glândula. Quando saudáveis, estas células desenvolvem-se e dividem-se em novas sempre que necessário. Contudo, por vezes as células sofrem alterações no seu genoma e perdem o mecanismo de controlo que faz com que morram naturalmente quando estão danificadas – tornam-se, então, células cancerígenas, que ficam descontroladas e deixam de funcionar corretamente.
O problema agrava-se quando as células de cancro do ovário não respeitam as fronteiras do órgão e começam a invadir os tecidos circundantes, disseminando-se para o resto do organismo. De facto, estas células podem metastizar de 3 formas distintas:
- crescimento do tumor para os órgãos circundantes;
- infiltração dos gânglios linfáticos ou invasão da corrente sanguínea;
- descamação de células cancerígenas para o abdómen.
Fatores de risco
O cancro do ovário não tem nenhuma causa concreta conhecida. Contudo, existem alguns comportamentos e fenómenos que são considerados fatores de risco. São eles:
- síndrome dos ovários poliquísticos;
- tabagismo;
- menopausa após os 50 anos;
- histórico familiar de doença;
- uso de DIU;
- herança genética (alterações nos genes BRCA 1 e BRCA 2);
- primeira menstruação antes dos 12 anos.
Sintomas
Esta é uma doença com um diagnóstico precoce muito dificultado, uma vez que a fase inicial do cancro do ovário raramente se faz acompanhar por sintomas notórios e/ou considerados relevantes pela doente.
No entanto, quando surgem, seja nos estágios iniciais ou mais avançados, os sinais costumam ser:
- dor abdominal;
- necessidade constante de urinar;
- aumento do volume do abdómen;
- dores pélvicas;
- fadiga;
- dificuldade em comer;
- alterações no ciclo menstrual;
- dores durante a relação sexual.
Quando procurar ajuda?
Quando os sinais de alarme persistem por três ou mais semanas.
Infelizmente, o diagnóstico deste tipo de cancro é identificado somente em fases avançadas da doença – cerca de 80% das mulheres descobrem o cancro do ovário tardiamente.
Uma vez que não existem rastreios específicos, como é o caso dos cancros do útero e da mama, é fundamental que todas façam o seu acompanhamento médico regular.
Tratamento
O tratamento varia de paciente para paciente porque depende de fatores tão variados como o estágio do cancro, da idade da doente, do estilo de vida, entre outros.
É, por isso, muito importante que a paciente converse com o seu médico sobre todos os aspetos que possam ser relevantes – incluindo, no caso das mulheres em idades férteis, o desejo de ter filhos. Desta forma, o especialista decidirá qual a melhor caminho a seguir no que se refere ao tratamento: cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.
De uma maneira geral, a cirurgia é o método de combate à doença mais adotado pelos médicos. Esta pode ser total (remove-se o útero e o colo do útero), unilateral (são removidos um ovário e uma trompa de Falópio) ou bilateral (perda de ambos os ovários e das duas trompas).
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