Luana Freire
Luana Freire
13 Set, 2023 - 11:58

Cancro em Portugal: conheça os números e os mais comuns

Luana Freire

Um familiar, um amigo, um vizinho, um colega de trabalho… Nós. O número de casos de cancro em Portugal está a subir em escalada.

Os estudos mais recentes sobre o tema apontam que, entre os anos de 2010 e 2019, o número de casos de cancro em Portugal aumentou em quase 20% – ou seja, em números mais exatos, em 2019 foram diagnosticados cerca de 58 mil casos de cancro no país, o que representa uma subida de 19,3% face ao ano de 2010.

Os dados, revelados pelo Registo Oncológico Nacional 2019, dão conta que existem três tipos de cancro mais incidentes na população e outros três que, embora diagnosticados com menor frequência, preocupam pela escalada do número de novos casos.

De uma maneira geral, o estudo concluiu que os doentes mais afetados por cancro em Portugal são homens, embora os cancros em mulheres esteja a aumentar – em especial nas mulheres em idade fértil.

Cancro em Portugal

Tratamento de doente com Covid-19

Onde há mais casos de cancro no país

Há mais casos de cancro diagnosticados no litoral, face ao interior, e esta informação poderá indicar que existe uma associação direta entre o aparecimento de tumores e o estilo de vida.

Os distritos de Braga, Porto e Lisboa são aqueles onde a incidência da doença é maior, mas também a Região Autónoma da Madeira registou dados alarmantes no ano de 2019.

Homens mais afetados

Os 57.878 casos de cancro diagnosticados em 2019 resultam numa taxa de incidência aproximada de 560 casos por 100 mil pessoas. Mas, se olharmos para os números por género, os dados revelam que o cancro tem afetado mais homens do que mulheres.

Seriam, então, 648 casos de cancro em cada 100 mil homens, anualmente, e 485 em cada 100 mil mulheres. Em resumo simples, para cada 100 diagnósticos de cancro nas mulheres, há 119 nos homens – e o cancro da próstata é o mais recorrente.

Cada vez mais mulheres com diagnóstico de cancro

Apesar de revelar que os homens são os mais afetados pelo cancro em Portugal, o registo nacional de 2019 dá conta que estão a aumentar os casos de tumores em mulheres, especialmente nas que estão em idade fértil.

Ainda no ano de 2019 foram identificados quase 8.500 novos casos de cancro da mama, que continua a ser o tipo de cancro que mais afeta o sexo feminino.

Cancro da mama
Veja também Cancro da mama: prevenção, sintomas e combate

Mortalidade por cancro

O Registo Oncológico Nacional de 2019 refere, ainda, a taxa de mortalidade por cancro no país. De acordo com os dados revelados, nesse ano morreram 28.464 pessoas em decorrência de complicações provocadas por algum tipo de cancro.

Os 3 tipos de cancro mais comuns em Portugal

1.

Cancro da mama

É a segunda causa de morte por cancro nas mulheres, mas pode ocorrer nos homens. Em 2019, dos cerca de 8.500 casos, 85 foram diagnosticados no sexo masculino.

Este tipo de cancro ocorre quando as células saudáveis da mama sofrem alterações e crescem, constituindo uma massa – o tumor, que pode ou não ser cancerígeno. Nos casos malignos da doença existe a possibilidade de metástase – quando a doença espalha-se para outras zonas do corpo.

Rastreio, autopalpação e sintomas

Mais uma vez, o rastreio é uma das maiores armas de combate ao cancro da mama, mas em Portugal apenas é recomendado a partir dos 50 anos – e até aos 69 -, ou antes, se houver história clínica que justifique a sua realização mais cedo.

Antes dos 50 anos o autoexame regular (autopalpação) é, então, a principal medida que as mulheres podem adotar para que sejam identificadas possíveis anomalias na mama. Veja alguns sinais de alreta:

  • nódulo endurecido;
  • inchaço local e de toda uma mama, mesmo sem presença de nódulo;
  • sinais de irritação numa parte da mama; .
  • dor no mamilo ou na mama;
  • inversão do mamilo;
  • vermelhidão na pele da mama;
  • inchaço na pele da mama.

De salientar que o sucesso do tratamento da doença está intimamente relacionado com o quão precocemente for diagnosticada e, então, se iniciem os protocolos médicos.

2.

Cancro da próstata

O cancro da próstata (gânglio que constitui o sistema reprodutor masculino) é o tipo de cancro mais comum nos homens – em 2019 foram registados 6.912 novos casos em Portugal.

O desenvolvimento de tumores da próstata ainda não têm razão conhecida, mas já se sabe que alguns fatores de risco estão associados à doença.

Fatores de risco e sintomas

  • ​idades superiores aos 65 anos;
  • história familiar da doença;
  • ser de origem negra;
  • ocorrência de quaisquer alterações nas células da próstata;
  • alimentação à base de carnes e gordura animal.

O toque retal e uma análise química específica são os meios de diagnóstico, por isso é tão importante fazer o rastreio regular a partir da idade recomendada, ou se for identificado algum sintoma sugestivo da doença.

Muitas vezes, os sintomas ocorrem quando o cancro está em estádio avançado e os mais comuns são:

  • dificuldade em urinar – ou mesmo incapacidade em começar ou interromper o fluxo;
  • acordar várias vezes à noite para urinar;
  • ardor ou dor ao urinar;
  • fluxo de urina intermitente ou fraco;
  • dificuldade em conseguir ereções;
  • vestígios de sangue no sémen ou na urina ou no sémen;
  • dor frequente nas ancas ou costas.
3.

Cancro colorretal

5.483: este é o número que representa os novos casos de cancro colorretal em Portugal, somente em 2019.

A maior parte dos casos de cancro do cólon e do reto, os cancros colorretais, tem início a partir de pólipos e são mais comuns a partir dos 50 anos – idade em que o rastreio regular passa a ser recomendado.

Sintomas e diagnóstico

A única forma de identificar esses pólipos – e de prevenir a sua evolução – é por meio de exames de rastreio, como análises clínicas, colonoscopia, exames de imagem e biópsia.

O cancro colorretal pode, muitas vezes, ser silencioso e o rastreio é maneira mais eficaz de identificar a doença precocemente. No entanto, existem alguns sintomas clínicos que podem anunciá-lo. São eles:

  • constipação;
  • diarreia;
  • sensação de não esvaziamento do intestino;
  • sangue nas fezes;
  • inchaço abdominal;
  • cólicas abdominais;
  • fadiga;
  • Perda de peso por causa não identificada.

Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhores serão as respostas do doente durante o tratamento de combate à doença.

3 tipos de cancro menos frequentes, mas que merecem destaque

Entre todos os cancros identificados em Portugal em 2019, é possível dedicar uma preocupação especial a três tipos que, apesar de menos incidentes – face aos cancros da mama, da próstata, do cólon e do reto -, têm sido diagnosticados de forma cada vez mais recorrente.

São eles:

  1. cancro do pulmão;
  2. cancro da pele;
  3. cancro do estômago.

Entre os três, o cancro do estômago desperta maior preocupação pelo rápido aumento da sua taxa de incidência em Portugal. Por esta razão, especialistas em saúde pública têm defendido que haja prioridade no rastreio de tumores gástricos a partir dos 60 anos.

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