André Freitas
André Freitas
08 Jan, 2020 - 17:55

Compra de automóveis desceu em 2019. Porquê terá sido?

André Freitas

Os portugueses compraram menos automóveis novos em 2019 do que em 2018. Conheça os números e as razões que podem ter conduzido a esta descida.

Família e comprar carro

Há seis anos consecutivos que se registava um crescimento nas vendas de automóveis, em Portugal. No entanto, em 2019, a compra de automóveis desceu.

Segundo dados da ACAP – Associação Automóvel de Portugal, o mercado automóvel português registou uma diminuição das vendas na ordem dos 2%, no ano passado.

O ano de 2012 tinha sido o último ano no qual se havia registado uma diminuição das vendas no mercado automóvel. Desde 2013 que o número de veículos vendidos superava sempre o número atingido no ano anterior.

O ano de 2019 em vendas

vendedor a mostrar carro novo

No ano de 2019 foram vendidos no total 267 828 veículos, em comparação com os 273 252 carros matriculados no ano de 2018, o que representa uma quebra de 2% nas vendas.

O total de 267 828 veículos novos vendidos em 2019 distribui-se pelas seguintes categorias:

  • ligeiros de passageiros: total de 223 799 veículos, face a 238 327 veículos vendidos em 2018 (diminuição de 2%)
  • ligeiros de mercadorias: total de 38 454 veículos, comparativamente a 39 282 veículos vendidos em 2018 (diminuição de 2,1%)
  • veículos pesados: total de 5 575 veículos, face a 5 643 veículos comercializados em 2018 (diminuição de 1,2%)

Embora no mês de dezembro se tenha registado um aumento de 9,8% nas vendas face ao período homólogo no ano anterior, este aumento não foi suficiente para compensar a diminuição das vendas registadas ao longo do ano.

As marcas mais vendidas

A Renault, fabricante francesa, continua a ser a marca mais vendida. Tal como nos anos anteriores, continua a dominar o mercado português.

Mesmo com este domínio inquestionável no território nacional, em 2019, a Renault registou uma diminuição no total de vendas em cerca de 7,1%, tendo vendido 29 014 unidades.

Em segundo lugar surge a Peugeot com um total de 23 668 unidades vendidas. Este aumento de 3% nas vendas permitiu uma aproximação à líder Renault.

Na terceira posição ficou, novamente, a Mercedes. Em 2019, a marca alemã vendeu 16 561 veículos, um aumento de 0,6% nas vendas comparativamente ao ano de 2018.

Para além destas marcas, podemos destacar outras fabricantes que viram as suas vendas aumentarem com uma taxa superior às anteriormente referidas, mas também marcas que viram as suas vendas totais descerem.

Os maiores crescimentos foram registados pela Hyundai (33,4%, para 6144 unidades), Smart (27%, para 4071 unidades) e Jeep (24,3%, para 1801 carros).

No sentido oposto, as maiores diminuições a nível de vendas pertencem à Alfa Romeo (49,9%, para 552 unidades), Nissan (32,1%, 10.233 unidades) e Land Rover (24,4%, 582 unidades).

E os elétricos?

Em 2019 foram vendidos 7 096 veículos totalmente elétricos. Em 2018 tinham sido vendidos 4 073 destes automóveis. Estes números representam um crescimento de mais de 40%, nas vendas deste segmento.

No primeiro ano em que foram oficialmente registadas vendas em Portugal, a Tesla assumiu logo a liderança na comercialização de carros elétricos.

Em 2019 foram matriculados um total de 1 979 veículos desta marca norte-americana. O Tesla Model 3 foi o modelo preferido pelos portugueses.

A Nissan, líder neste segmento até à entrada da Tesla no mercado português, desceu para o segundo lugar, com um total de 1 759 carros vendidos em 2019.

Em terceiro lugar ficou a Renault com 1 107 carros matriculados.

Estas três marcas, juntas, perfazem mais de dois terços das vendas de automóveis elétricos em Portugal.

Mas porque é que as vendas diminuíram em 2019?

Na nossa perspectiva são vários os fatores que podem ter contribuído para a diminuição das vendas.

Certamente, há fatores que contribuíram mais do que outros. Vamos conhecê-los.

1. Desenvolvimento natural do mercado

Depois de vários anos de crescimento, é normal atingir uma fase de estagnação ou decréscimo. Esta “lei” é praticamente universal e transversal a todos os mercados.

Esta diminuição vai ao encontro do que se tem verificado nos mercados automóveis de outros países.

No entanto, para além deste motivo, há outros que podem explicar esta descida. 

2. Carros elétricos em fase de desenvolvimento

O setor automóvel tem vindo a sofrer várias alterações, principalmente com o desenvolvimento dos automóveis elétricos. Apesar deste segmento ter registado um crescimento, ele pode ser um “impedimento” na compra de veículos novos.

Como certamente compreenderá, a aquisição de um automóvel é uma compra de grande envolvimento, quer financeiro, quer emocional.

Atualmente, ainda há algumas limitações na compra deste tipo de veículos (rede de carregamento, autonomia, preço de aquisição, custo de baterias ou aluguer, entre outros).

Todas estas limitações, podem funcionar como elementos de ponderação que adiam a compra de um veículo novo. O consumidor prefere então esperar mais algum tempo e ver como se desenvolve o mercado.

3. Legislações

Como sabemos, o mercado elétrico está em crescimento em pouco por todo o mundo, incluindo Portugal. Este desenvolvimento é um pouco “forçado” pelas diretivas que têm sido implementadas.

Estamos a falar de normas referentes às emissões de CO2, legislações relacionadas com a exploração e uso de recursos naturais (ex: combustíveis fósseis), entre outras.

4. Impostos

Para terminar, os impostos. 

Caso não saiba, os impostos representam uma percentagem significa no custo de aquisição de um veículo. Para além disso, também representam uma enorme fatia no custo dos combustíveis fósseis.

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