Luísa Santos
Luísa Santos
04 Mar, 2021 - 15:21

DarkWeb: conheça a realidade paralela da internet

Luísa Santos

A DarkWeb é a Internet que não está visível e que não pode ser acedida da forma convencional. Explicamos-lhe tudo sobre os segredos da web.

Homem a aceder à darkweb

A Internet é (bem) mais complexa do que pode parecer. Nem tudo pode ser tão facilmente acessível e permanece, por isso, alojado numa espécie de realidade paralela. É impossível aceder à DarkWeb através dos browsers que conhece, já que tem de estabelecer uma ligação anónima. E não só.

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O que é a DarkWeb?

Se já ouviu falar da DarkWeb, o mais provável é não ter sido pela melhor das razões. Este é um termo que está normalmente associado a temas ilegais e que não se obtêm da forma mais convencional. E esta é, sem dúvida, uma definição muito próxima daquilo que é a “parte negra” da Internet.

A DarkWeb funciona quase como uma realidade paralela, que não é indexada pelos browsers tradicionais, como o Chrome, Safari, Firefox, Opera, entre outros. Por outras palavras, isto quer dizer que não pode aceder aos sites da DarkWeb por muito que pesquise por eles.

Tão provável como ter ouvido falar desta realidade como estando relacionada com atividade criminal, é o facto de, na verdade, esta ser a realidade. Digamos que tudo aquilo que é ilegal e que pode ser considerado crime (seja em que país for) pode ser feito ou obtido através da DarkWeb.

A esta altura já se deverá de que forma é que se pode aceder a esta “Internet paralela”, se a mesma não pode ser acedida através dos motores de pesquisa convencionais. Isto acontece porque só pode navegar na DarkWeb se utilizar o browser Tor.

O que pode encontrar?

Tudo aquilo que é ilegal ou até mesmo considerado crime pode ser encontrado na “parte negra” da web. Pode comprar números de cartões de crédito, todo o tipo de drogas, armas, dinheiro contrafeito, credenciais de subscrição (que já foram roubadas) e contas hackeadas da Netflix. E isto é apenas uma ínfima parte daquilo que ali se pode encontrar.

A DarkWeb é muito procurada pelos “serviços” que oferece, uma vez que pode encontrar todo o tipo de ações ilegais que lhe possam vir à mente. É possível contratar pessoas para entrar em computadores de terceiros (e não só), comprar usernames e passwords e comprar cartões com milhares de dólares disponíveis.

Como é óbvio, esta rede é muito acedida por hackers, que encontram aqui terreno fértil para um sem número de atividades no mínimo duvidosas. No entanto, ainda que possa parecer fácil aceder à DarkWeb, desengane-se, porque o grau de complexidade é elevadíssimo.

Como aceder?

Não basta fazer o download e instalar o browser Tor para aceder a este mundo ilegal. Muito pelo contrário. Aceder a esta “perspetiva” da Internet é extremamente difícil e não tem nada a ver com o acesso convencional. Nem coisa que se pareça.

Ao utilizar o Tor, este vai monitorizar todos os pedidos que faz à página através de uma série de servidores proxy que, por sua vez, são operados por milhares de voluntários espalhados pelo mundo. São estes voluntário que renderizam o endereço de IP do seu computador, tornando-o impossível de identificar e de localizar.

Contudo, nem todas as pesquisas feitas são devolvidas da forma esperada. A razão é simples: ao estar a trabalhar com uma realidade paralela, esta nem sempre funciona da forma que deve. É, por isso, uma navegação que se torna imprevisível e que, na maior parte das vezes, é bastante lenta.

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O que distingue a DarkWeb da Web convencional?

Os sites que encontra neste contexto são, basicamente, muito semelhantes àqueles que está habituado a visitar. No entanto, existem diferenças importantes que distinguem uma navegação da outra, principalmente a estrutura de cada endereço.

Em vez de cada endereço terminar em “.com” ou “.co”, terminam em “.onion”, um domínio de alto nível de utilização e que identifica uma página que pode ser acedida pelo Tor e que, por sua vez, torna o próprio endereço anónimo. O Tor não é o único motor de pesquisa que pode ser utilizado para aceder à DarkWeb. Existem outros que, desde que usem o proxy adequado, também podem aceder a estes sites.

No entanto, é importante referir que é praticamente impossível memorizar os endereços URL da DarkWeb, isto porque estes são criados de forma muito complexa. A título de exemplo, e como existem sites que não têm associação criminosa nesta web, o Dream Market tem o seguinte endereço: eajwlvm3z2lcca76.onion.

A DarkWeb é ilegal?

Ainda que a grande parte do conteúdo disponível nesta web seja ilegal ou de associação criminosa, nem tudo aquilo que está na DarkWeb é, necessariamente, ilegal. Isto acontece porque, também na Internet convencional, é possível pesquisar ou comprar serviços/produtos de forma pouco ortodoxa.

Ora, da mesma forma que isto acontece na web que utiliza regularmente, também no caso da DarkWeb coexistem ambas as perspetivas, pelo que esta não pode ser vista como totalmente ilegal. Sabe-se, no entanto, que é lá que se encontra tudo aquilo que nem imaginamos.

Aquilo que esta navegação permite é, sobretudo, o anonimato e a impossibilidade de controlar onde está, o que procura e onde procura.

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