Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
05 Set, 2025 - 15:30

Educação mais cara: despesas por estudante sobem em 2025

Cláudia Pereira

O custo da educação aumenta em 2025: 604€ por aluno. O estudo Observador Cetelem mostra prioridades de consumo, novas estratégias de poupança e tendências no regresso às aulas.

O regresso às aulas em 2025 traz uma novidade pouco animadora: as despesas médias por estudante aumentaram para 604€, face aos 598€ de 2024. O dado é do Observador Cetelem 2025, estudo que analisa o comportamento de consumo das famílias portuguesas no início do ano letivo.

Mas o aumento dos custos não significa falta de planeamento. Pelo contrário: os encarregados de educação estão a mudar hábitos, a controlar melhor o orçamento e a investir apenas no essencial.

Famílias gastam mais, mas planeiam melhor

De acordo com o Observador Cetelem 2025, apesar do aumento das despesas médias para 604€ por estudante, as famílias portuguesas estão a adotar estratégias mais conscientes para gerir o orçamento do regresso às aulas. O foco está em evitar desperdícios e priorizar o essencial. O estudo revela que:

  • 66% das famílias vão comprar apenas o necessário, um aumento de 2 pontos percentuais face a 2024;
  • 63% vão aproveitar promoções e descontos para reduzir os custos (mais 3 pontos percentuais face ao ano anterior);
  • 57% vão reutilizar material escolar já existente, também com crescimento face a 2024 (mais 2 pontos percentuais).

Estes dados mostram uma tendência clara: menos compras por impulso, mais planeamento financeiro. As famílias estão a avaliar necessidades com antecedência e a tomar decisões mais racionais, com base na relação qualidade-preço e na durabilidade dos produtos.

Prioridades de consumo para 2025

Quando se trata de decidir onde investir o dinheiro, o estudo aponta uma lista clara de prioridades:

  • 88% destinam o maior orçamento ao material escolar essencial;
  • 84% investem em vestuário e calçado;
  • 76% compram material de apoio didático extra;
  • 75% reservam verba para educação física;
  • Apenas 55% consideram comprar material de atividades artísticas.

Já a compra de tecnologia perde força. Apenas 30% dos encarregados de educação equacionam adquirir computadores, com um gasto médio de 653€, valor superior ao de 2024, mas com menos famílias a fazer esse investimento.

Onde os pais compram: lojas físicas dominam

Apesar do crescimento das compras online, as lojas físicas mantêm a liderança em 2025. O estudo mostra que:

  • 48% dos encarregados de educação compram exclusivamente presencialmente;
  • 41% combinam compras online e offline;
  • 73% preferem papelarias e lojas especializadas;
  • 65% optam por hiper e supermercados.

A conclusão é clara: embora o comércio digital esteja consolidado, o contacto direto com o produto ainda pesa na decisão de compra.

Smartphones: nova lei muda comportamentos

Uma das mudanças mais relevantes para 2025 é a proibição do uso de telemóveis por alunos até ao 6.º ano. O Observador Cetelem indica que:

  • 88% dos pais já estão informados sobre a medida;
  • 15% admitem que a nova lei vai influenciar a decisão de compra de um smartphone;
  • 27% das escolas já aplicavam esta regra antes;
  • 35% tinham apenas restrições parciais e 25% vão adotar a medida agora.

A consequência imediata? Muitos pais estão a adiar a compra de smartphones para os mais novos, o que impacta diretamente o mercado tecnológico.

Tecnologia ainda pesa, mas menos

O estudo mostra que 80% dos estudantes usam computador e 52% utilizam smartphones para fins escolares. Apesar disso, 65% dos encarregados de educação apontam o custo elevado como a maior barreira na aquisição de novos equipamentos.

O ciclo de substituição dos dispositivos tecnológicos também é longo: 49% das famílias só renovam computadores e tablets a cada 2 a 5 anos. Na hora de escolher, os três fatores mais valorizados são o preço, a durabilidade e o desempenho.

Orçamento familiar: mais confiança e melhor gestão

Apesar do aumento das despesas, o Observador Cetelem 2025 revela sinais positivos na perceção financeira das famílias portuguesas. Cerca de 28% dos encarregados de educação consideram que a sua situação melhorou em relação a 2024, enquanto 50% afirmam que se mantém estável.

Além disso, 34% planeiam recorrer a poupanças acumuladas para enfrentar os custos do regresso às aulas e 27% pretendem criar uma poupança exclusiva para estas despesas. O estudo mostra ainda que o planeamento financeiro, a comparação de preços e o aproveitamento de promoções tornaram-se estratégias essenciais para gerir os gastos de forma mais equilibrada.

Sobre o estudo Observador Cetelem 2025

O Observador Cetelem é um estudo anual que analisa os comportamentos de consumo das famílias portuguesas no regresso às aulas. Para esta edição, foram realizadas 1.300 entrevistas online a encarregados de educação com filhos em idade escolar, entre 7 e 14 de agosto de 2025. A amostra é representativa da população portuguesa e tem um erro máximo de +4,1% para um intervalo de confiança de 95%. O objetivo do estudo é compreender como as famílias se preparam financeiramente para o início do ano letivo, identificando tendências, prioridades de consumo e mudanças de hábitos face aos desafios económicos atuais

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