São cada vez mais comuns as propostas de investimento que parecem demasiado boas para ser verdade. Em Portugal, têm sido vários os pedidos de informação e as denúncias sobre situações que se enquadram no chamado ‘esquema em pirâmide’, um modelo comercial insustentável que é ilegal no país. Saiba o que é, conheça um exemplo e descubra como se proteger.
Esquema em pirâmide: o que é?

Nos últimos anos, em Portugal, têm chegado ao conhecimento do Banco de Portugal várias situações que se enquadram no chamado ‘esquema em pirâmide’, nas quais é prometido aos participantes um investimento baixo com elevado retorno a curto prazo, muitas vezes associado a uma alegada actividade comercial relacionada com produtos ou serviços e a comissões pelo recrutamento de novos membros.
Segundo a Proteste Investe, neste modelo, ilegal em Portugal e punível com pena de prisão, para que um participante receba o que investiu inicialmente é necessário que entrem mais seis investidores para a pirâmide.
No quarto escalão, serão precisas mais de mil pessoas, enquanto que, alguns níveis depois, se teria de recrutar toda a população Portuguesa.
A maior parte dos envolvidos (83%) sairá, por isso, a perder dinheiro. O esquema em pirâmide é um modelo de colapso inevitável que deve evitar a todo o custo.
Um exemplo de esquema em pirâmide: a fraude dos selos
Criada pelo português Albertino Figueiredo, em Madrid, a Afinsa chegou a ser a terceira maior empresa de activos não-financeiros a nível mundial. Neste esquema, o investidor adquiria um conjunto de selos seleccionados pela empresa e esta prometia assegurar a sua venda por um preço mínimo, garantindo ao investidor uma rentabilidade que rondava os 6%.
Com os pagamentos iniciais a serem cumpridos, a popularidade da Afinsa cresceu e, quando descoberto, o buraco tinha uma dimensão estimada de 1800 milhões de euros. Só em Portugal, a Afinsa tinha reunido cerca de 12 mil investidores.
Os sinais vermelhos existiam, porém, como a regularidade dos rendimentos (quando, supostamente baseado na valorização dos selos, este era um investimento de carácter obrigatoriamente especulativo) e o recrutamento de novos investidores, quando o negócio por si só não o exigia.
Como se proteger?

Para não cair num esquema em pirâmide, o melhor é suspeitar de propostas aliciantes que envolvam rendimentos acima do normal, regulares e garantidos e a necessidade de recrutamento de novos membros.
Estes são dois sinais de alerta que deverão levá-lo a avaliar a viabilidade da empresa em questão, ao consultar a lista das instituições autorizadas na página do Banco de Portugal.
Caso esteja já envolvido numa teia deste género, o primeiro passo é contactar o Serviço de Informação da Deco Proteste e seguir as seguintes instruções:
- Pare de investir (ainda que lhe digam que um novo pagamento permitirá recuperar o que já investiu);
- Reúna toda a documentação em que constem as promessas que lhe foram feitas;
- Denuncie a situação junto da CMVM, Banco de Portugal, Instituto de Seguros de Portugal, Polícia Judiciária (Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira) e Ministério Público (Departamento Central de Investigação e Acção Penal).
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