Jorge Aguiar
Jorge Aguiar
03 Jun, 2020 - 15:39

A pandemia apanhou todos de surpresa, e ninguém se pôde preparar

Jorge Aguiar

Jorge Aguiar, Diretor de Marketing de Automóveis Mercedes-Benz em Portugal, reflete sobre o futuro da indústria automóvel pós COVID-19.

Jorge Aguiar

Nos últimos anos a indústria automóvel tem vindo a reinventar-se, não só pela necessidade de redução de emissões de CO2, mas também pela crescente eletrificação, condução autónoma e inteligência artificial.

Deste modo, a COVID-19 veio, por um lado, atrasar ou adiar os investimentos necessários, fruto da redução de vendas e limitação na liquidez na indústria e, por outro, veio também mostrar as necessidades de se construir um mundo cada vez mais sustentável e seguro, em todas as áreas, sendo o automóvel prioritário.

O pós COVID-19, passará por uma adaptação dos planos a médio e longo prazo na indústria automóvel, com volumes de vendas inferiores ao inicialmente previsto e com a necessidade de todo o ecossistema se reajustar a esta nova realidade, o que passa por todos os intervenientes, desde as fábricas até ao concessionário, tendo em consideração um reajuste para baixo nos orçamentos alocados à promoção das marcas. 

No entanto, será uma ‘’crise’’ semelhante às anteriores, fazendo com que se volte para volumes de vendas inferiores e reiniciando de novo a ‘’escalada’’.  Sendo o automóvel elétrico o foco da indústria, naturalmente que esta será a área de maior atenção por parte dos grandes construtores e que não irá parar, mas que irá absorver elevadas fatias de investimento na indústria. 

Esta é uma indústria com mais de 100 anos, habituada a grandes crises económicas e mundiais e que sempre soube reajustar-se e adaptar-se a novas realidades, e o pós COVID-19 não será diferente. Temos pela frente anos desafiantes e ambiciosos, mas também motivadores pela necessidade de um maior foco na sustentabilidade e na procura de um propósito maior com impacto na sociedade.

De que modo a Mercedes-Benz Portugal se preparou para esta pandemia?

Concecionário Mercedes

A pandemia apanhou todos de surpresa, e ninguém se pôde preparar – o encerramento das instalações físicas na Rede de Concessionários, das fábricas e até mesmo dos escritórios em todo o mundo, levaram a uma paragem brusca das operações, de um dia para o outro. 

As vendas pararam porque tudo fechou as portas e não é o mesmo que comprar um artigo de baixo valor na internet. Ou seja, por muito que se fale ou se tente mostrar que as vendas online são uma possibilidade, ou solução, ainda estamos todos muito longe dessa realidade, pela especificidade do produto, preço, necessidade de um test-drive, financiamento, entre outros fatores.

Mercedes Classe A Limousine
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A Mercedes-Benz já tinha uma plataforma de vendas online desde 2019 e, naturalmente, que esta serviu para conquistar mais potenciais clientes sendo que, efetivamente, o tráfego digital aumentou, mas estamos a falar de vendas que jamais substituem as que são realizadas atualmente na Rede de Concessionários, onde o contacto físico é ainda fundamental.

Quando se fala em vendas online, estamos a falar de mais um canal de contacto com potenciais clientes e respetivo seguimento pelas equipas comerciais.  Ou seja, as vendas online apenas permitem que quem navega nestas plataformas, possa iniciar o contacto digitalmente, mas será sempre necessário um contacto posterior, nem que seja a entrega física da viatura.

Obviamente que as marcas acabam por criar campanhas específicas online de modo a conquistarem os seus potenciais clientes. Na Mercedes-Benz optámos por dar a possibilidade aos nossos clientes de adquirirem a viatura, nesta altura de maior insegurança, começando a pagar apenas 3 meses depois da aquisição, ajudando nesta fase mais incerta e de necessidades em outras áreas pessoais.

Que ilações a Mercedes-Benz Portugal levará para uma futura “normalidade”?

A Mercedes-Benz é atualmente a marca com maior nível de notoriedade, reputação, imagem e confiança, pelo que acreditamos que marcas forte geram maior desejo e paixão, segurança e confiança, e que isso se reflete na decisão de compra.  

A Mercedes-Benz foi a marca que melhor se comportou em termos de resultados de vendas, tendo reduzido as suas vendas, mas ficando com uma posição relativa no mercado superior à que tinha antes da crise.  

No futuro vamos reiniciar as nossas ações junto dos clientes e potenciais clientes, respeitando sempre o distanciamento necessário, mas mantendo a nossa relação de proximidade. 

Obviamente que as plataformas digitais continuarão a suscitar uma maior atenção, sejam as vendas online ou outras plataformas geradoras de vendas como a marcação de test-drives online, o configurador que permite o potencial cliente construir o seu Mercedes-Benz de sonho, entre outros canais e ferramentas digitais.

As vendas online serão uma excelente plataforma futura, com campanhas específicas e ações focadas em determinados modelos e tipo de cliente, contudo vão sempre necessitar e uma intervenção humana, seja pelo test-drive, financiamento, entrega física da viatura etc.

A Mercedes-Benz tem já o seu Showroom Online a funcionar desde 2019, com muito bons resultados e um tráfego acima do que tínhamos estimado, mas deveremos olhar para as vendas online como mais um ponto de contacto com o cliente, entre muitos outros. O concessionário continua e continuará a ser um ponto de contacto fundamental e de relação na compra de um automóvel.

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