Colmar, na Alsácia, parece daquelas cidades inventadas só para o Natal. Assim que o frio começa a mordiscar as manhãs e as primeiras luzes piscam nas varandas em madeira, o centro histórico transforma-se num postal vivo, daqueles que parecem demasiado perfeitos para ser reais.
As ruas empedradas, as fachadas coloridas e o reflexo das luzes nos canais criam uma atmosfera quase teatral. É impossível não abrandar o passo. A pressa não combina com Colmar (veja o vídeo no final deste artigo).
O mercado de Natal da cidade é uma sucessão de pequenos mundos. São seis mercados, espalhados pelo coração medieval, cada um com a sua personalidade.
O da Place des Dominicains tem o encanto tradicional, com chalés de madeira e artesãos, doces alsacianos e um cheiro persistente de vinho quente com canela que parece guiar o visitante
O da Petite Venise, com os seus canais e pontes iluminadas, é o mais fotogénico, um verdadeiro íman para quem viaja com a câmara sempre pronta.
E há ainda o mercado gourmet, o paraíso dos gulosos, onde o foie gras e o bretzel convivem com chocolates artesanais e copos de Riesling fumegante.
Colmar: toda magia da quadra natalícia
Passear por Colmar em dezembro é mais do que visitar um mercado, é mergulhar num ritual coletivo de encantamento.
A música ecoa pelas praças, coros infantis cantam junto às igrejas e cada esquina revela um detalhe que parece pensado para nos desarmar, seja um anjo esculpido na madeira ou uma janela iluminada com estrelas. Tudo parece ter uma cadência própria, como se o tempo ali fosse menos severo.
E depois há a arquitetura, aquele casamento improvável entre o gótico e o conto de fadas. Fachadas inclinadas, janelas com flores que sobrevivem ao frio e casas que parecem dobrar-se umas sobre as outras.
Quando a noite cai e o reflexo das luzes dança nas águas dos canais, percebe-se por que razão Colmar é frequentemente chamada de “a cidade mais natalícia da Europa”.
Perder-se por vielas
Talvez seja o vinho quente, talvez seja o coro que entoa “Il est né le divin enfant”, talvez seja o simples facto de as pessoas sorrirem mais facilmente.
Há algo em Colmar que nos reconcilia com a ideia do Natal, não o das compras ou do stress, mas o outro, o das pequenas coisas. Do cheiro a bolachas no ar, das luvas de lã que seguram um copo de chocolate quente, das conversas interrompidas por um floco de neve que se atreve a pousar no cabelo.
Durante o dia, vale a pena perder-se pelas vielas e deixar que o acaso dite o rumo. Uma loja de brinquedos antigos aqui, uma adega acolhedora ali, um artista de rua que pinta em silêncio.
À noite, a cidade torna-se quase silenciosa, coberta por uma luz dourada. As sombras ganham forma, as janelas transformam-se em quadros, e o som dos passos sobre a calçada parece o compasso de uma valsa lenta.
Colmar não é um destino de Natal, é um estado de espírito. E talvez seja por isso que quem a visita em dezembro volta com a sensação de ter participado num sonho que não precisava de acordar.
Ainda vai a tempo. Veja este vídeo e marque já a sua viagem.