Ana Graça
Ana Graça
09 Ago, 2018 - 11:00

Descubra o poder curativo da música

Ana Graça

O poder curativo da música tem sido descrito em diversos estudos e tem sido aplicado a diversas doenças. Conheça alguns dos benefícios mais relevantes.

Descubra o poder curativo da música

A música é uma forma de expressão inerente ao ser humano. Através da música partilhamos emoções e afetos, fortalecemos laços e evocamos memórias. É também conhecido e muito estudado o poder curativo da música, a música afetar de forma positiva a saúde e o bem-estar.

A música está presente ao longo do nosso desenvolvimento e todos nós sentimos os seus benefícios ao nível do humor, do prazer, do bem-estar e, portanto, não é complicado entender que possa de facto existir um poder curativo da música.

Nos últimos anos, a ciência médica tem-se debruçado sobre os possíveis efeitos terapêuticos da música ao nível das mais diversas patologias. A estimulação através da música é cada vez mais aceite nos hospitais e existem já em Portugal alguns projetos pioneiros nesse sentido.

A música é hoje utilizada na intervenção de pessoas com as mais diversas demências, no alívio da dor crónica, nas situações de ansiedade, nas recuperações após acidente vascular cerebral, entre outras situações clínicas.

Evidências do poder curativo da música

Ao longo dos tempos, os profissionais da área da saúde têm vindo a procurar evidências que estabeleçam uma relação entre a música e a recuperação dos doentes. Foram realizados alguns estudos importantes que evidenciam o poder curativo da música. Conheça-os abaixo.

#1. No final da 2ª grande guerra foi pedido a vários músicos que tocassem em hospitais, como forma de tratamento e acalmia dos feridos. Esta experiência teve resultados tão positivos que as autoridades americanas resolveram profissionalizar pessoas com o intuito de recorrer à música como forma de terapia. Foi então que nasceu o 1º curso de musicoterapia;

#2. Experiências efetuadas com o objetivo de monitorizar a pressão arterial, a frequência cardíaca, a frequência respiratória e a velocidade de fluxo sanguíneo na artéria cerebral média, mostraram que nos crescendos vocais ou orquestrais havia vasoconstrição, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Por outro lado, a vasodilatação e a diminuição da pressão sistémica verificavam-se nas alturas em que a música era mais uniforme ou suave;

#3. Tanto a ansiedade como a depressão criam uma baixa eficiência cerebral, com origem na diminuição de serotonina, um neurotransmissor envolvido na comunicação entre neurónios. Várias investigações têm sido realizadas no sentido de compreender o efeito da música ao nível de serotonina e da sua potencialidade para melhorar o humor e diminuir a ansiedade;

#4. A música parece diminuir significativamente o nível de dor e ansiedade nos doentes em cuidados pré-operatórios. Há autores que avançam que a música tem uma potente ação analgésica estimulando a sensação de bem-estar, conforto e melhoria de humor.

A música diminui o nível de dor e ansiedade

#5. Vários estudos sugerem que a música clássica tem efeitos no sistema cardiovascular, influenciando a frequência cardíaca e a sua variabilidade, bem como a pressão arterial;

#6. Um estudo recente mostra que o ritmo musical tem um papel crucial na reabilitação. Aumenta as ligações entre os sistemas auditivo e motor e, portanto, o som e o ritmo podem funcionar como desbloqueadores da marcha. O ritmo musical pode ajudar a melhorar a velocidade, a frequência e o comprimento da passada, a coordenação entre os membros, o controlo da postura e o equilíbrio;

#7. Investigadores americanos examinaram o cérebro de pacientes com demência, de forma a observar que régios cerebrais se ativavam quando estes ouviam excertos de 20 segundos das suas músicas preferidas, alternando-os com blocos de silêncio. Ao comparar as imagens em cada uma das situações, foi evidente que enquanto os doentes ouviam a música todo o seu cérebro estava ativo e em comunicação.

Em suma…

Apesar das evidências científicas acerca dos benefícios terapêuticos da música serem ainda frágeis e ténues, têm surgido cada vez mais investigações que atestam a importância da música ao nível da regulação emocional, do bem-estar e do prazer. A música tem mostrado ter a capacidade de chegar a doentes com quem outras formas de intervenção já haviam sido tentadas. No entanto, são necessárias novas e mais robustas investigações que clarifiquem, de forma mais definitiva, o poder curativo da música.

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