Share the post "Prestações da casa sobem em outubro: o que significa para as famílias"
Outubro traz más notícias para quem tem crédito habitação com taxa variável. A Euribor voltou a subir nos prazos de três, seis e doze meses, o que significa que muitas famílias vão sentir um aumento nas prestações mensais.
Em particular, a Euribor a seis meses — a mais usada em Portugal — é a que mais tem mexido com os orçamentos. Pequenos pontos percentuais fazem diferença, e quando a taxa sobe, a mensalidade segue o mesmo caminho.
Porque é que os juros voltaram a subir?
Há várias razões por trás desta tendência. As decisões do Banco Central Europeu influenciam diretamente as taxas interbancárias, e mesmo quando a taxa diretora não sobe, os mercados podem antecipar movimentos e ajustar os juros.
A inflação persistente também desempenha um papel importante, já que, quando não cede, os bancos acabam por refletir essa pressão nas taxas de juro. A isto soma-se a revisão das margens por parte das instituições financeiras: alguns bancos aproveitam o contexto para ajustar spreads e manter os lucros, mesmo que a Euribor recue em determinados prazos.
Por fim, a incerteza económica, alimentada por fatores externos como a energia ou a geopolítica, acrescenta volatilidade e torna as taxas menos previsíveis.
O impacto no dia a dia das famílias
Para quem já tem crédito habitação, a subida da Euribor traduz-se em prestações mensais mais pesadas. Quando o aumento significa centenas de euros por ano, o impacto no orçamento é imediato e difícil de ignorar.
Famílias que até agora conseguiam manter algum equilíbrio veem-se forçadas a reduzir gastos em lazer, poupança e até em despesas do dia a dia. Não é apenas a carteira que sofre: também a tranquilidade de quem sonha pagar a casa a médio prazo fica abalada, substituída por uma preocupação constante com o futuro.
O que esperar nos próximos meses
As expectativas dos analistas para os próximos meses são moderadas. Não se antecipam descidas abruptas das taxas, mas sim ajustes graduais, acompanhados de pequenas oscilações até ao final do ano. A perspetiva dominante é de que uma eventual descida mais consistente só aconteça em 2026, caso a inflação estabilize.
O Banco Santander prevê que, até ao final de 2025, a Euribor a 12 meses se mantenha próxima dos 2 %, enquanto os prazos mais curtos, de três e seis meses, poderão ter alguma margem para recuar. Outros estudos, como os divulgados pelo Idealista, vão mais longe e projetam que a Euribor possa cair abaixo dos 2 % até 2027, criando espaço para uma certa serenidade nos orçamentos familiares.
Contudo, esta margem de folga está diretamente dependente da estabilidade económica global e da prudência na política monetária. Qualquer choque inflacionário ou crise internacional pode inverter rapidamente as expectativas.
Estratégias para aliviar o impacto
Apesar do aumento das prestações, existem estratégias que podem ajudar a aliviar a pressão financeira:
- Negociar com o banco – rever as condições do contrato pode fazer a diferença. Em alguns casos, é possível mudar de taxa variável para taxa fixa, garantindo prestações mais estáveis. Também pode ser viável pedir um alargamento do prazo do crédito, reduzindo o valor mensal, embora implique pagar mais juros no total.
- Fazer simulações regulares – utilizar simuladores de crédito ajuda a antecipar o impacto de novas taxas da Euribor e a planear o orçamento com antecedência. Estas projeções permitem perceber se há margem para suportar aumentos ou se é necessário renegociar condições.
- Constituir uma reserva financeira – ter uma poupança dedicada a amortizar prestações em momentos de maior aperto cria uma almofada de segurança. Mesmo pequenas quantias, acumuladas ao longo do tempo, podem fazer a diferença quando a mensalidade sobe.
- Transferir o crédito para outro banco – comparar propostas de diferentes instituições pode resultar em taxas de juro mais competitivas e, consequentemente, numa prestação mais baixa. No entanto, é essencial calcular os custos de transferência e confirmar se o ganho compensa.
- Aproveitar descidas pontuais da Euribor – optar por prazos de indexação mais curtos (como três meses) pode permitir beneficiar mais cedo de eventuais descidas da Euribor. Ainda assim, esta escolha exige cautela, já que a mesma rapidez se aplica em caso de subida.
- Amortizar capital sempre que possível – utilizar poupanças extra, prémios de trabalho ou reembolsos de IRS para amortizar parte do crédito pode reduzir significativamente os juros a longo prazo e até encurtar o prazo do empréstimo.
A subida das prestações da casa em outubro é um lembrete de que os mercados não dão tréguas. Para as famílias portuguesas, significa ajustar contas, rever prioridades e procurar soluções criativas para manter o equilíbrio.