Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
15 Out, 2025 - 10:30

Pudding mit Gabel em Portugal: quando comer pudim une pessoas

Cláudia Pereira

Descubra o movimento ‘pudim com garfo’ que chega a Portugal: eventos em jardins onde se come pudim e se conhecem pessoas de forma espontânea.

Em Karlsruhe, na Alemanha, nasceu um fenómeno social inesperado: jovens que se juntam em jardins públicos para comer pudim com um garfo. O evento chama-se Pudding mit Gabel e segue uma lógica simples. O local é anunciado nas redes sociais, os participantes aparecem com o seu pudim — comprado ou caseiro — e aguardam o sinal para, em uníssono, baterem com o garfo na tampa antes da primeira colherada.

A ideia, aparentemente banal, tornou-se um sucesso espontâneo entre jovens que procuram novas formas de socializar fora do ambiente digital. O conceito rapidamente atravessou fronteiras e chegou a várias cidades europeias, incluindo Lisboa. No domingo, 12 de outubro, o Parque Eduardo VII serviu de palco para o primeiro encontro português: dezenas de pessoas sentaram-se na relva, garfo em riste, prontas para partilhar pudim e conversa.

Apesar do nome peculiar, o evento tem pouco a ver com sobremesa. O pudim é apenas um pretexto para criar pontes entre desconhecidos e incentivar o convívio num tempo em que o ecrã costuma mediar quase todas as relações.

Porque funciona e conquista cada vez mais adeptos

O poder do momento partilhado

Há algo de simbólico em esperar, em conjunto, pelo mesmo sinal. Quando dezenas de pessoas erguem o garfo e mergulham no pudim ao mesmo tempo, cria-se uma sensação de pertença difícil de replicar. Visto de fora, o gesto pode parecer trivial; para quem participa, é uma espécie de ritual coletivo, simples mas eficaz.

A leveza da interação espontânea

Não é uma speed-date formal, nem um workshop. Não há regras, apresentações formais ou pressão para socializar. É um encontro sem guião, onde a conversa surge naturalmente, entre uma colherada e outra. Quem quer falar, fala; quem prefere observar, também cabe no grupo. É essa ausência de expectativa que torna o ambiente descontraído e acessível.

Um antídoto contra o digitalismo

Num tempo dominado por ecrãs e aplicações de encontros, a proposta soa quase revolucionária: conhecer pessoas ao vivo, num jardim, sem filtros nem algoritmos. Basta aparecer com um pudim e alguma curiosidade. No pior cenário, come-se uma sobremesa; no melhor, sai-se com novas histórias e talvez um novo contacto guardado no telemóvel.

Como participar — ou organizar o seu próprio encontro de pudim

1. Acompanhe o movimento nas redes
Tudo começa online, normalmente é no no TikTok ou no Instagram que os encontros são anunciados, as datas definidas e os vídeos se tornam virais. Quem quiser organizar o seu próprio evento pode criar uma conta dedicada e partilhar a iniciativa, apenas precisa de um nome apelativo e uma boa dose de entusiasmo.

2. Escolha o cenário certo
O ideal é um espaço ao ar livre, acessível e convidativo: um jardim público, uma praça com árvores ou um parque com relva e bancos. O ambiente deve permitir tanto a descontração de quem chega sozinho como o convívio de pequenos grupos.

3. Defina horário e “rito” do pudim
A tradição manda que todos esperem pela contagem decrescente. Ao sinal combinado, os participantes batem com o garfo na tampa e provam o pudim em simultâneo. É o gesto que transforma um simples lanche em evento.

4. Cative quem passa
Muitos curiosos acabam por parar para ver o que se passa. Aproveitar essa atenção é parte da estratégia: explicar o conceito, convidar a seguir nas redes e transformar a curiosidade em futuras presenças.

5. Repita e reinvente
A chave está na continuidade. Organizar novas edições, mudar o local ou até variar o doce — mousse, bolo, gelatina — ajuda a manter o interesse e a criar uma comunidade. O essencial é preservar o espírito leve e acessível que tornou o movimento tão popular.

Mais do que comer pudim — um convite a sair do ecrã

No fim, o Pudding mit Gabel é menos sobre sobremesa e mais sobre pessoas. Estes encontros trazem de volta algo que parecia esquecido: o prazer de estar presente, de conversar sem pressa, de partilhar um momento simples com desconhecidos que podem, quem sabe, tornar-se amigos.

Num mundo onde quase tudo acontece através de ecrãs, a ideia soa refrescante. Para uns, é uma oportunidade de sair da bolha digital; para outros, uma desculpa legítima para conhecer pessoas novas sem o peso de um “evento social” formal.

E há ainda um bónus: o lado visual. As fotografias, os vídeos e os stories destes encontros são irresistíveis para quem gosta de registar o quotidiano com um toque de originalidade. Afinal, quantas vezes se vê um grupo de pessoas sentadas num jardim a comer pudim em perfeita sincronia?

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