Valdemar Jorge
Valdemar Jorge Com: Marvin Tortas
26 Abr, 2021 - 12:26

Safety Car: a bem da segurança na Fórmula 1

Valdemar Jorge Com: Marvin Tortas

Apontado como um dos responsáveis pela morte de Senna, é hoje fulcral para evitar mais mortes nas corridas. Conheça a história que começou num Fiat Tempra.

Safety Car

Safety Car, Pace Car, ou em português, “carro de segurança”. Para mais fácil compressão vamos adotar designação oficial e mais comum nas corridas de Fórmula 1: Safety Car.

É um carro diferente dos que estão a competir em pista, mas que nos dias de hoje, tal como Lewis Hamilton, Max Verstappen ou Charles Leclerc, assume um grande protagonismo sempre que entra na corrida.

O Safety Car posiciona-se à frente do líder da prova sempre que se registem momentos críticos como acidentes, chuva extrema, ou qualquer outro motivo que retire a segurança da prova. Nesta condição todos os automóveis em pista devem manter as suas posições, não podendo executar qualquer ultrapassagem, devendo abster-se de manobras perigosas.

Safety Car: um conceito que surgiu em 1911

Safety Car

O Safety Car surgiu pela primeira vez numa prova das 500 Milhas de Indianápolis, em 1911 (Stoddard-Dayton conduzido por Carl G. Fisher).

Na Fórmula 1 foi usado pela primeira vez, em 1973, no Grande Prémio do Canadá. Mas, só em 1993 é introduzido oficialmente nas provas da disciplina “Rainha” do automobilismo, após registo de uma série de acidentes e incidentes durante as corridas.

O primeiro Safety Car oficial de um Grande Prémio de Fórmula 1 foi um Fiat Tempra, usado no GP do Brasil de 1993.

Fiat Tempra
Direitos reservados.

Foi a partir desta corrida em Interlagos que todos os Grande Prémios foram obrigados a designar um automóvel que marcaria o ritmo de corrida em caso de acidente.

A partir de 1997, a Mercedes-Benz assinou um contrato de longa duração com a Fórmula 1, e até aos dias de hoje, o Safety Car oficial é sempre uma viatura da Mercedes.

Características das luzes do Safety Car

Mercedes SLS

Uma barra colocada sobre o teto o Safety Car ostenta luzes laranja e verdes. A luz verde tem como finalidade autorizar os carros entre o Safety Car e o líder da corrida a passar, numa velocidade reduzida e prosseguir até alcançar a fila de carros atrás do carro de segurança.

Por outro lado as luzes laranja acendem-se logo que o líder seja o primeiro carro posicionado logo atrás do Safety Car.

Em todo o processo, o condutor do Safety Car manterá uma velocidade que conserve o aquecimento dos pneus e evite o superaquecimento dos motores dos Fórmula 1.

Safety Car: as regras quando entra em pista

Para evitar más interpretações e incidentes durante a presença do Safety Car em pista durante numa corrida os Fórmula 1, desde 2007, estão equipados com um sinal luminoso no volante que indica que bandeira está a ser acenada. Por isso, um sinal amarelo indica que o Safety Car entrou em pista.

Logo que a pista seja considerada segura pelo diretor de prova surge novo aviso luminoso com uma volta de antecedência e, o Safety Car, deixa a pista sendo a corrida retomada.

Com a presença do Safety Car em pista o pit lane é fechado e os carros só podem dar entrada na boxe após estarem todos alinhados atrás dele e que na entrada do pit lane surja o aviso luminoso “pit lane aberto’.

O piloto que se dirigir à boxe antes do aviso recebe de imediato uma penalidade de 10 segundos – também designado por ‘stop&go’. O piloto ou pilotos que se encontrem na zona de pit lane após a entrada do Safety Car em pista não são alvo de penalização. Outra regra de segurança surge sempre que o Safety Car e os restantes carros em pista passam na linha de chegada. Nesse momento uma luz vermelha na saída do pit lane avisa o piloto ou pilotos dessa circunstância. Se por qualquer motivo um piloto ou pilotos saírem do pit lane nesta altura são de imediato penalizados.

Regulamento Desportivo da FIA: Artigo 39 do

A ação do Safety Car em pista está descrita, em pormenor no artigo 39 do Fórmula 1 – Regulamento Desportivo 2021, datado de 19 de março.

Nele a FIA – Federação Internacional do Automóvel descreve em pormenor a importância e ação do Safety Car e das regras que cumpre e que devem ser cumpridas.

Entre elas está a indicação de que o Safety Car será conduzido por um condutor designado pela FIA que será acompanhado por um observador capaz de reconhecer todos os caros concorrentes em pista e deverá estar em contacto permanente pelo rádio com o controlo da corrida. Ainda com referência à Enciclopédia Fórmula 1, “em 2019, e desde 2000, Bernd Mayländer pilota o Safety Car de Fórmula 1, um Mercedes AMG GT R de 585 cv de potência.  Com uma velocidade máxima de 323 km/h, o AMG GT R é o veículo perfeito para ajudar a manter a ordem na pista. Um dos maiores desafios do Mayländer é garantir que o fluxo de ar para os carros de Fórmula 1 seja mantido”.

O Safety Car e o acidente de Ayrton Senna em 1994

Safety Car

Tendo presente o pressuposto de que a presença do Safety Car em pista é a segurança dos pilotos e ainda a de conseguir um andamento que permita que pneus e mecânicas mantenham as respetivas capacidades de ação/funcionamento recuemos até 1994 e recordemos o acidente que vitimou o piloto brasileiro Ayrton Senna no ano em que se assinala o 40.º aniversário da sua morte (1 de maio de 1994).

Ayrton Senna
Veja também Ayrton Senna: 27 anos de saudade

Relativamente ao fatídico acidente, que ocorreu após presença do Safety Car em pista, muito se escreveu e, por certo continuará a escrever.

Ayrton Senna foi um dos pilotos mais criativos da Fórmula 1 desapareceu no auge da idade e quando ainda tinha muito para dar. Enquanto piloto sempre pautou a sua ação pela via da segurança. Sua e dos restantes pilotos tendo-se batido, mais do que uma vez, pela adoção de mais e melhores meios de socorro e segurança nas pistas dos diversos circuitos que integram ou integraram o campeonato mundial de Fórmula 1.

Infelizmente faleceu no fim-de-semana que ficou referenciado como um dos mais negros da história da Fórmula 1. Mas, foi também a partir dessa data que o Safety Car começou a ser encarado com outros olhos e regras por todos quantos participavam e participam neste campeonato.

Medicina de emergência também evoluiu

E as mudanças foram e têm sido adotadas em várias áreas, nomeadamente nas regras de ação do Safety Car e do piloto que o conduz; mas também ao nível da segurança que os capacetes têm de garantir aos pilotos, atualmente reforçada pela utilização do HANS – Suporte da Cabeça e Pescoço; a segurança dos carros no que respeita a robustez e capacidade de sofrer impactos extremamente fortes, mantendo estrutura indeformável. Para este desiderato contribui a designada “célula de sobrevivência”.

A chamada Medicina de Emergência também evoluiu com o contributo do médico Professor Sid Watkins que é um dos pilares da medicina no seio da Fórmula 1.

Helicópteros garantem rápida evacuação para unidades hospitalares

Os carros médicos e de socorro estão posicionados estrategicamente nos circuitos que são equipados com centro médico e presença de cirurgião e diversos clínicos.

A presença de helicópteros em todas as corridas é um garante de transporte rápido para evacuação de pilotos gravemente feridos, ou de outro pessoal, para unidades hospitalares circundantes.

Também os circuitos ao longo dos anos foram sofrendo melhoramentos, com os fardos de palha a darem lugar a estruturas e a zonas de escapatória pensadas e executadas de forma a garantirem a segurança de pilotos e público, em caso de acidente.

OS Safety Car na Fórmula 1

Mercedes AMG GTR
O Mercedes AMG GTR é o Safety Car oficial da Fórmula 1 desde a temporada de 2018.
  • 1973 – Fiat Tempra – GP do Brasil e GP Inglaterra;
  • 1973 – Porsche 914 2.0 Targa – GP do Canadá (conduzido por Eppie Wietzes);
  • 1980 a 1983 – Lamborghini Countach – GP de Mónaco;
  • 1993 – Fiat Tempra 2.0 16V – GP do Brasil;
  • 1992 e 1993 – Ford Escort RS – GP da França e Grã-Bretanha;
  • 1994 – Opel Vectra 4×4 Turbo – GP de San Marino (conduzido por Max Angelelli);
  • 1995 – Porsche 911 993 GT2 – GP da Bélgica (conduzido por Jean Ragnotti);
  • 1996 – Renault Clio Williams – GP da Argentina de 1996 (conduzido por Jean Ragnotti);
  • 1996 – Mercedes C 36 AMG – GP da Bélgica
  • 1997 a 1999 – Mercedes-Benz CLK 55 AMG C208 (conduzido por Oliver Gavin);
  • 2000 – Mercedes-Benz CL 55 AMG;
  • 2001 e 2002 – Mercedes-Benz SL 55 AMG;
  • 2003 – Mercedes-Benz CLK 55 AMG C209;
  • 2004 e 2005 – Mercedes-Benz SL 55 AMG;
  • 2006 e 2007 – Mercedes-Benz CLK 63 AMG;
  • 2008 e 2009 – Mercedes-Benz SL 63 AMG;
  • 2010 – Mercedes-Benz SLS AMG;
  • 2012 a 2014 – Mercedes-Benz SLS AMG GT;
  • 2015 a 2017 – Mercedes – AMG GT S;
  • 2018 até à atualidade – Mercedes AMG GT R

Desde o ano 2000 até à atualidade o condutor do safety car nas provas de Fórmula 1 é o alemão Bernd Mayländer, substituído uma única vez pelo piloto Marcel Fässler em 2001 (Grande Prémio do Canadá).

Bernd Maylander
O atual piloto do Safety Car da F1, Bern Maylander.

Retemos assim que o Safety Car é elemento importantíssimo no desenrolar de uma corrida de Fórmula 1 tendo em vista que a sua presença é o garante da disciplina dos pilotos em caso de acidente ou de inesperado acontecimento que limite o andamento de corrida.

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