Valdemar Jorge
Valdemar Jorge
24 Ago, 2021 - 12:22

Stock Car: o puro sangue das corridas automóveis

Valdemar Jorge

Stock Car é o termo que se refere às corridas de automóveis mais popular nos Estados Unidos da América. No entanto, está também presente noutros países.

Stock car em pista

O termo Stock Car define uma das competições automóveis mais populares nos Estados Unidos da América, mas que também está enraizada, em países como Canadá, México, Grã-Bretanha, Austrália e no Brasil.

Na origem, Stock Car descreve o automóvel que utilizamos para passeio, isto é, no nosso quotidiano, mas usado em competição, sem modificações especiais para corrida.

Mais tarde, estes automóveis, passaram a ser modificados para competição. E, numa fase mais recente, muitas competições utilizam carros – Stock Car – especiais, construídos exclusivamente para as corridas, mas mantendo, de alguma maneira, o design próximo dos carros de passeio.

Este ripo de corrida de Stock Car é, atualmente, considerada uma categoria das provas de competição de turismo.

Tipos de Stock Car e categorias

Antes de fazermos “uma viagem” pelo que é um Stock Car e como se produz um automóvel de competição deste tipo, refira-se que existem três tipos a considerar:

  • Pure Stock – Designado igualmente de Street Stock são automóveis (carros de produção) que podem ser adquiridos pelo público em geral. Estes podem ser usados em corridas, mas as modificações autorizadas apenas incidem ao nível da segurança.
  • Super Stock – Em tudo semelhantes ao Pure Stock, mas com permissão para proceder a modificações ao nível dos motores e dos pneus utilizados.
  • Late Models – Esta é a classe de topo dos Stock Car que geralmente integra carros construídos com chassi tubular e motores próprios.

Quanto a categorias o destaque vai para a NASCAR – National Association for Stock Car Auto Racing (Associação Nacional para Corridas de Carros de Série) criada há 73 anos, e que possui três categorias principais: Cup Series, Xfinity Series e Truck Series.

A estas têm de somar-se as categorias regionais e locais (designadas Home Tracks), como a Pro Series East e Pro Series West, a Modified Tour, a All-American Series.

Estas categorias têm lugar em mais de 30 etapas distribuídas ao longo do ano, sendo corridas, na maior parte, em circuitos ovais. Nos Estados Unidos da América paralelamente à NASCAR existem outras associações de Stock Car a nível regional ou local.

No México, encontramos a Corona Series, categoria propriedade da NASCAR americana, que se realiza também maioritariamente em circuitos ovais. No Canadá existe a Canada Series e na Europa a Europe Series.

Por fim no Brasil, desde 1979, existe a Stock Car Pro Series (igualmente chamado Campeonato Brasileiro de Stock Car) que começou como monomarca com o apoio da Chevrolet, que ainda hoje patrocina o campeonato. No Reino Unido, há uma variedade de competições a este nível, muitas associadas à British Stock Car Association. Estas são realizadas quase exclusivamente em circuito de terra.

Construção de Stock Car: o exemplo brasileiro

Nesta viagem pelo mundo dos Stock Car é exemplo de perseverança e know-how, no Brasil, a empresa JL fundada em 1990 pela família Giaffone, que fabrica estes automóveis para competição, sendo uma das mais importantes no ramo, com representantes para as regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Atualmente não se encontra um automóvel desta competição a sair da linha de montagem de um qualquer fabricante. E embora sejam utilizadas carroçarias que fazem lembrar os tradicionais automóveis de rua, o Stock Car é, na essência, considerado um “puro-sangue” da competição, sendo planeado e fabricado para competir.

Pormenor de stock car

Parece um carro comum… mas não é!

Um olhar rápido pode dar a impressão de que se trata de um tradicional automóvel com algumas modificações para competição. Mas não é bem assim. As semelhanças com um normal automóvel resumem-se aos faróis traseiros e à utilização de gasolina. No mais, até os faróis frontais são diferentes, pois tratam-se apenas de adesivos que imitam os reais.

A construção do automóvel recorre a chassi tubular, chapas de alumínio e revestimento anti chamas, por motivo de segurança do piloto. A carroçaria é toda construída recorrendo a fibra de vidro reforçada e projetada em grandes peças desmontáveis, para rápido acesso aos componentes do motor ou substituição em caso de dano durante a corrida.

Por seu lado, o vidro frontal, é construído utilizando lâmina de policarbonato entre lâminas com resistência elétrica para evitar que embacie.

Stock car: segurança do piloto é prioridade

Um qualquer Stock Car é construído tendo em conta, em todo o processo, a segurança de quem vai ao volante, ou seja, o piloto. Para isso muito contribui a utilização de chassi tubular com barras de proteção e carroçaria que se desagrega em caso de acidente.

Por outro lado, pormenores como o tanque de combustível construído em fibra de carbono e kevlar, para maior resistência, o banco moldado e exclusivo de cada piloto, o cinto de segurança de seis pontos e a utilização de roupa anti-chamas, por parte dos pilotos, são fatores importantes no capítulo da segurança.

Também a utilização de pneumáticos adequados para piso seco ou molhado (chuva) recorrendo a diferentes tipos de borracha constituem elementos que contribuem para a segurança dos carros em pista.

A eletrónica é outro componente que permite monitorizar o veículo a todo o tempo. O piloto, através do computador de bordo, tem acesso a informações como velocidade, consumo de combustível, temperatura dos travões, entre outros itens, enquanto que os diversos sensores espalhados pelo automóvel possibilitam que as equipas, na boxe, monitorizem as máquinas ao pormenor.

Mecânicas de eleição: V8

No caso dos Stock Car construídos pela JL, no Brasil, os projetos são concebidos na empresa de acordo com os normativos da categoria. Em média, cada carro de Stock Car compreende a utilização de 15 mil peças.

As mecânicas eleitas são potentes blocos V8, oriundos dos Estados Unidos da América, com 5.7 litros, capazes de debitar 550 cv, quando em “push to pass”. Normalmente os motores debitam 470 cv podendo ir aos 500 cv em algumas corridas. Devido à utilização intensiva têm uma vida útil de cerca de 5 mil quilómetros.

A caixa é de seis velocidades mais marcha-atrás, os pneus de medida 305/660-R18 e os travões são de disco ventilados. O peso dos carros, com piloto incluído é de 1.325 kg.

No mais, estes automóveis são muito simples, embora atinjam velocidades de cerca de 300 km/h. E, em competição, é o piloto, a sua sensibilidade, a forma de conduzir, de perceber o automóvel e a aerodinâmica, que fazem a diferença.

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