Dotadas de uma beleza rara, as termas ao ar livre de Torneiros permitem tomar banhos de água bem quente, enquanto – reza a lenda – trata da sua saúde. Parece uma banheira de grandes dimensões onde só apetece mesmo ficar a relaxar durante algumas horas.
Este local que parece ter saído da nossa imaginação, situa-se na zona de Los Lobios, vila de Torneiros, na Galiza, junto à Serra do Xúrez ou Gerês, como é, para nós, conhecida.
É mesmo caso para dizer: de Espanha podem não vir bons ventos, mas, pelo menos, chega-nos água quentinha, com propriedades medicinais.
Neste lugar tranquilo, a céu aberto, existe ainda um rio de águas limpas onde é possível mergulhar ao lado de pequenos peixes. No local, pode contar ainda com um parque de merendas e vários hotéis por perto, à beira da estrada, para quem aproveitar o dia pra ir a banhos e a noite para o descanso merecido.
Mas afinal, como é que a água se mantém quente a céu aberto?
![Vista das termas em Torneiros](https://cdn.e-konomista.pt/uploads/2021/04/torneiros2.jpg)
Parece mesmo um fenómeno de outro mundo, mas a verdade é que não há uma razão concreta para que tal aconteça. Há quem diga que se deve à fusão entre uma nascente de água com o curso do rio que existe mesmo ali ao lado. Como se juntos proporcionassem uma bonita história de amor, neste caso de temperaturas elevadas.
Quem visita, só tem mesmo a agradecer, porque faça frio ou calor, chuva ou sol, a água naquele ponto está sempre quentinha. Mas não só. O próprio leito do rio tem zonas quentes, frias e mornas. Não é, então, de estranhar que todos queiram conhecer o local e testemunhar em primeira mão.
Além disso, e como águas termais que são, desfrutam das propriedades pelas quais as mesmas são conhecidas, que é, como quem diz, são excelentes para algumas maleitas, nomeadamente, para combater o reumatismo e as doenças da pele e até são boas para curar as assaduras dos bebés.
E se acha que tem de pagar para usufruir deste pedacinho de céu na terra, engane-se, porque, na verdade, todos podem usufruir sem pagar nada. O acesso é totalmente gratuito.
Como chegar a Torneiros
O seu ponto de referência deve ser Caldas do Gerês, com direção à fronteira de Portela do Homem. Depois de cerca de três quilómetros, irá encontrar a famosa cascata Portela do Homem, onde poderá atravessar a fronteira.
Após meia dúzia de quilómetros, encontrará alguns marcos milenares e uma antiga estrada romana, que lhe permitem seguir o caminho até Torneiros, com as devidas indicações.
O que mais pode visitar por ali?
No Norte do país, bem perto da fronteira com Espanha, há pequenas e encantadoras vilas que pode – e deve – aproveitar para explorar. Conheça alguns na nossa companhia.
Portela do Homem
![portela do homem](https://cdn.e-konomista.pt/uploads/2021/01/portela-homem-.jpg)
As cascatas da Portela do Homem que já aqui referimos são um ponto de paragem obrigatória para quem visita Torneiros. Chamam-lhe obra de arte da Natureza e é uma das grandes atrações do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
É uma zona especialmente procurada no verão devido às águas limpas e cristalinas, ainda que frias, ao contrário do que acontece com o nosso destino de eleição para este artigo.
Ainda assim vale mesmo pela beleza: as cascatas estão situadas a 822 metros de altitude e cercadas por rochas graníticas polidas pela erosão milenar. Parecem formar uma pintura, com as cores tão marcantes e vivas.
Aldeia de Vilarinho das Furnas
![Ruínas de Vilarinho da Furna](https://cdn.e-konomista.pt/uploads/2021/03/vilarinho-furna-geres.jpg)
Vilarinho da Furna era uma aldeia do Gerês, em Terras de Bouro. E dizemos era, porque se entendeu que este seria o local ideal para a construção de uma barragem, há cerca de 50 anos. Agora, a aldeia, cuja vida comunitária se fazia há mais anos do que a História permite contar, apenas jaz ali submersa no rio Homem.
Nos meses mais quentes, quando a seca é frequente na zona, ainda é possível ver alguns vestígios da vida por lá houve.
Um local que tem tanto de bonito quanto de melancólico por lhe sabermos a história. Famílias, casas, campos, zonas de pastoreio e os caminhos da Natureza foram devorados pela água que se apoderou do local.
Vila de Soajo
![Espigueiros na aldeia de Soajo](https://cdn.e-konomista.pt/uploads/2020/01/espigueiros-soajo.jpg)
Ao falar no Soajo é impossível não falar no granito, que marca presença em cada canto, em cada caminho, em cada edifício. É principalmente isto que nos faz sentir como se tivéssemos entrado num qualquer livro de História e recuássemos no tempo.
Esta pequena aldeia em Arcos de Valdevez começa, assim, a ser cada vez mais conhecida e digna de visita, não só pelas antas e mamoas espalhadas pela zona, como pelo Santuário Rupestre do Gião, mas também por ser ali que o Parque Natural da Peneda-Gerês começa a ser preenchido pelo verde mais bonito que já viu.
Pitões das Junias
![Mosteiro de Pitões das Júnias](https://cdn.e-konomista.pt/uploads/2019/06/pitoes-junias-mosteiro.jpg)
Esta é mais uma aldeia no Gerês que parece ter parado no tempo. É assim Pitões das Júnias, no concelho de Montalegre, que se impõe a uma altitude de 1100 metros.
É, por isso, a mais alta povoação do Barroso e encontra-se inserida numa paisagem de cortar a respiração. Vive por entre lameiros e escarpas graníticas e, ao contrário do que tem acontecido com outras aldeias próximas, tem-se conseguido impor, mantendo as suas rotinas e até formas de labor.
Como tal, é uma das mais pitorescas e tradicionais aldeias transmontanas, que vale a pena conhecer com calma.
(As fotos de Torneiros foram gentilmente cedidas por Cristina Marques/My Travel Stories)