É uma região que encanta e marca os sentidos. No Vale do Loire, a história entrelaça-se com a paisagem, criando autênticas telas, obras de arte vivas que quem visita nunca mais esquece.
Conhecido como o “Jardim de França” devido à sua fertilidade e beleza natural, o vale é atravessado pelo maior rio do país, o majestoso Loire, cujas margens acolheram durante séculos a nobreza, artistas e pensadores.
A história do Vale do Loire está profundamente ligada à monarquia francesa. Entre os séculos XV e XVII, a região tornou-se o centro do poder real, especialmente durante o reinado dos Valois e dos primeiros Bourbon.
Os reis, fascinados pela paisagem bucólica, escolheram-na para edificar os seus castelos de veraneio, longe da turbulência política de Paris.
Foi também aqui que o espírito do Renascimento floresceu em França, com forte influência italiana, nomeadamente pela mão de Leonardo da Vinci, que passou os últimos anos da sua vida no Clos Lucé, em Amboise.
Mais do que um mero refúgio régio, o Vale do Loire foi palco de episódios marcantes, um novelo de conspirações religiosas, alianças políticas e avanços artísticos. Os seus castelos não são apenas monumentos arquitetónicos, mas testemunhos vivos de uma época de esplendor, inovação e intriga.
Ao longo dos séculos, a região também se afirmou como uma terra de excelência agrícola e vitivinícola.
As vinhas que cobrem as colinas do Loire produzem alguns dos melhores vinhos brancos e espumantes de França, contribuindo para o reconhecimento internacional da região como Património Mundial da UNESCO.
Vale do Loire: os castelos a não perder

Hoje, o Vale do Loire permanece é destino cada vez mais visitado, onde cada vila, floresta, vinhedo ou palácio convida à contemplação e à descoberta.
Uma viagem por estas terras é, simultaneamente, uma lição de história, um deleite sensorial e uma celebração do melhor que a França tem para oferecer. Vamos conhecer alguns dos marcos, e castelos, que não deve perder numa visita à região.
Château de Chambord
Construído no século XVI, o Château de Chambord é o maior e um dos mais icónicos do Vale do Loire. Foi encomendado por Francisco I de França, não como residência habitual, mas como um pavilhão de caça e símbolo do seu poder e prestígio.
Possui 440 divisões, 84 escadarias e 365 chaminés e é aqui que se encontra a famosa escadaria em dupla hélice, atribuída a Leonardo da Vinci, que viveu na região nos últimos anos da sua vida.
Na zona de Cheverny, próxima de Chambord, encontra-se uma denominação de origem protegida (AOC Cheverny). Pode visitar produtores como Domaine de Montcy para degustar vinhos brancos frescos (principalmente Sauvignon Blanc) e tintos leves.
Château de Chenonceau
Erguido sobre o rio Cher, Chenonceau é um dos castelos mais românticos e visitados da região. Foi construído no século XVI e transformado por várias mulheres influentes, incluindo Diane de Poitiers (favorita de Henrique II) e Catarina de Médicis, que rivalizaram pelo seu controlo.
Diane mandou construir a ponte sobre o Cher; Catarina acrescentou a galeria sobre a ponte e durante a Primeira Guerra Mundial, foi convertido em hospital militar.
Nos arredores, explore a AOC Touraine-Chenonceaux, onde se produzem vinhos elegantes. O Domaine de la Renaudie, em Mareuil-sur-Cher, oferece visitas com provas de Sauvignon e Malbec.
Château Royal d’Amboise e Clos Lucé
Amboise foi uma das residências preferidas da monarquia francesa no século XV. O castelo oferece vistas esplêndidas sobre o Loire e contém a tumba de Leonardo da Vinci, falecido em 1519 no Clos Lucé, a curta distância. Foi Francisco I quem convidou Leonardo a viver em França, oferecendo-lhe o Clos Lucé.
O castelo foi palco da conspiração dos huguenotes (1560) durante as Guerras de Religião.
Visite produtores de Vouvray nas proximidades. Estes vinhos brancos, produzidos com Chenin Blanc, podem ser secos ou doces. Prove os vinhos do Domaine Huet, referência na biodinâmica.

Château de Villandry
Villandry é menos imponente do que outros castelos, mas distingue-se pelos seus jardins renascentistas meticulosamente organizados, restaurados no século XX pela família Carvallo. É o último dos grandes castelos renascentistas construídos no Vale do Loire.
A região de Touraine Azay-le-Rideau é ideal para provar vinhos brancos suaves e rosés. A Cave des Producteurs de Montlouis organiza visitas com degustação.
Château de Saumur
O castelo medieval de Saumur domina a cidade e o rio. É uma antiga fortaleza carolíngia, transformada em residência senhorial, prisão e depósito de munições. Tem um fantástica vista panorâmica sobre o Loire e alberga o Museu do Cavalo e diferentes coleções medievais.
Saumur é famoso pelos seus vinhos espumantes, feitos pelo método tradicional. Visite as caves de Bouvet-Ladubay ou Gratien & Meyer, escavadas em túneis de tufa, e prove espumantes elegantes feitos com Chenin Blanc.
Château d’Angers
No extremo oeste do vale, Angers alberga uma das fortalezas mais impressionantes de França, com 17 torres. O seu maior tesouro é a Tenture do Apocalipse, a maior tapeçaria medieval do mundo e que retrata o Apocalipse segundo São João, com cenas vibrantes e simbolismo complexo.
Foi durante muito tempo uma das principais residências dos duques de Anjou, uma poderosa casa ligada à dinastia Valois.
A região de Anjou produz vinhos tintos frutados e brancos doces como o Coteaux du Layon. Prove no Domaine des Baumard ou no Château de Fesles.
Tours
Tours não tem castelo, mas é o coração urbano do vale. A cidade mistura história, juventude (devido à universidade) e uma vibrante cena gastronómica. Não deixe de visitar a Catedral de Saint-Gatien, passear pelo bairro medieval e jantar na Place Plumereau. Explore ainda o Museu de Belas-Artes, instalado num antigo palácio episcopal.
Use Tours como base para organizar tours de vinho. A Maison des Vins de Loire, no centro da cidade, é um bom ponto de partida para descobrir as sub-regiões e estilos.
Vale do Loire: informações práticas
A melhor época para visitar o Vale do Loire é a Primavera e outono, com clima ameno e menos turistas. Alugar um carro é a melhor forma de cobrir a região com flexibilidade e, em termos de alojamento, considere dormir em “chambres d’hôtes” (casas de hóspedes) em vilas locais para uma experiência autêntica.
Para chegar ao Vale do Loire há vários voos a partir de Lisboa e do Porto, quer para Tours, quer para o Aeroporto Nantes Atlantique. Comece já a planear a sua viagem.