David Afonso
David Afonso
18 Mai, 2021 - 14:51

Velocidade limitada: sim ou não?

David Afonso

Com o aumento dos casos de excesso de velocidade na Europa, o conceito de velocidade limitada ganha forma. Descubra o que aí vem.

velocímetro com ponteiro nos 140 km em carro com velocidade limitada

Velocidade limitada no mundo automóvel? Sim. A partir de 2022, todos os modelos automóveis deverão ter instalado um sistema de segurança obrigatório, que limitará a potência do motor.

Este sistema será todo eletrónico e terá como missão impor um limite de circulação, ajudar na prevenção de acidentes e combater o excesso de velocidade.

Com efeito, vejamos então o porquê desta necessidade e quais os motivos apresentados por parte das entidades de segurança rodoviária europeias para avançar com esta medida.

Velocidade limitada: o que está por detrás desta medida

Devido aos números trágicos registados nas estradas, a União Europeia começou a ser pressionada para impor um limitador automático de velocidade nos carros novos.

Só nos últimos dez anos, à data 2019, morreram mais de oito mil crianças nas estradas europeias devido aos excessos de velocidade. Com isso em mente, foi preciso tomar urgentemente medidas.

Foi então que, em 2019, após a aprovação da proposta do European Transport Safety Council (ETSC), é proposto a criação de um sistema de segurança para delimitar a velocidade.

Denominado Intelligent Speed ​​Assistance, ou ISA, este sistema de segurança ativa automóvel tem como objetivo principal salvar mais de 25 mil vidas e evitar pelo menos 140 mil feridos graves até 2038. Em 2050, a UE espera reduzir a para zero o número de mortos e feridos graves.

Para além disso, importa também referir que, durante os primeiros meses de implementação, o ISA contará com um controlo que permitirá a sua desativação, para que os condutores tenham um ‘período de experimentação’, embora a sua ativação permanente seja obrigatória.

Em que consiste, então, o conceito de velocidade limitada?

Com efeito, este novo sistema vai permitir ao condutor estabelecer uma velocidade máxima a que deseja conduzir. Diferencia-se do regulador e do cruise control porque não obriga a conduzir sempre à velocidade definida, só atuando quando o condutor excede o limite estabelecido.

Além disso, o conceito de velocidade limitada recorrerá aos dados oferecidos pelo sistema GPS, bem como dos sistemas de reconhecimento de sinais de trânsito. Com essas informações, o sistema encarrega-se de adaptar a velocidade do carro ao limite da estrada em que circula.

Por outras palavras, é um sistema que acaba por ser um win-win para marcas e condutores. Isto porque vai permitir uma maior educação e aprimorar da forma de conduzir.

O que dizem as marcas?

A verdade é que a limitação da velocidade máxima sempre foi um assunto muito polémico. Desde que foi anunciada, alguns especialistas questionam o direito dos fabricantes de impor essa restrição por meio da tecnologia.

No entanto, houve marcas que tomaram o passo e aceitaram esta medida. Falamos da gigante sueca Volvo e do grupo francês da Renault.

Volvo, a consciência da necessidade de mudança

A Volvo garante que todos os modelos da marca não vão passar os 180 km/h. Aliás, nenhum sai da fábrica se ultrapassar essa velocidade.

Além dessa limitação, todos os Volvos incluirão o sistema Care Key, um recurso que permite ao condutor definir limites de velocidade máxima adicionais, por exemplo, ao deixar o carro para outros membros da família ou condutores inexperientes.

Com estas duas medidas, a Volvo compromete-se a enviar uma mensagem clara sobre os perigos do excesso de velocidade e que a marca sempre teve como prioridade a proteção dos ocupantes dos seus carros.

Nas palavras de Malin Ekholm, chefe do Centro de Segurança de Carros da Volvo,

O conceito de velocidade limitada e o sistema Care Key vão ajudar os condutores a refletir e perceber que o excesso de velocidade é perigoso.

Renault, em nome da responsabilidade social e segurança rodoviária

Como resultado da nova estratégia de responsabilidade social do Grupo Renault, todos os seus veículos, não só a Renault (uma das marcas mais vendidas em Portugal), mas também o Dacia, terão a sua velocidade limitada a 180 km/h.

Segundo Luca de Meo, CEO do grupo,

A velocidade representa mais de um terço das causas de acidentes fatais. Por isso, a velocidade máxima é limitada e não poderá ultrapassar 180 km/h, seja qual for o modelo Renault ou Dacia.

Os sistemas implementados serão sempre para ajudar e nunca para estorvar. O grupo acredita que aos serviços de emergência conhecer com precisão a estrutura do veículo em caso de sinistro, e que proporcionará aos bombeiros um acesso mais seguros aos dados do veículo.

Além disso, o grupo anunciou ainda mais medidas para os futuros modelos do grupo. Estes vão passar a dispor do novo sistema Safety Coach. Um sistema que vai ser lançado na versão de produção do Renault Mégane eVision Concept. Este modelo tem como data prevista de lançamento, 2021.

Velocidade limitada: sim ou não?

Em suma, espera-se que mais marcas sigam estes dois exemplos e comecem a pensar em soluções de segurança inteligente para os seus veículos.

Isto porque, as tecnologias inteligentes no mundo automóvel, com eficiência de custos e comprovadas, provam serem extremamente úteis. Tanto na prevenção de sinistros rodoviários, como no combate ao excesso de velocidade, reduzindo os danos em larga escala.

Por isso, não estranhe se começar a ver veículos novos com esta opção de velocidade limitada. Afinal de contas, 2022 está quase à porta.

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