Diogo Campos
Diogo Campos
28 Abr, 2017 - 09:14

Viver numa eco-aldeia durante 10 dias

Diogo Campos

A viagem tem sido intensa, já lá vão quase seis meses longe de casa, da família, dos amigos, dos lugares que me deixam saudade.

Viver numa eco-aldeia durante 10 dias

Cada dia teve a sua história, houve pessoas que conheci que jamais vou esquecer e no coração levo gratidão por tudo o que recebi. É difícil dizer o que foi melhor ou pior, mas esta última semana na eco-aldeia foi única, neste lugar sagrado encontrei algumas respostas que já procurava há muito tempo.

Foi uma viagem aos primórdios da civilização e mais uma vez a prova de que a vida não precisa de ter como foco o dinheiro. As manhãs começavam com o “rio terapia”, que era fazer uma ligeira respiração junto ao rio e depois dar um mergulho. Na montanha tinha nevado e o frio que se sentia fazia arrepiar a pele.

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À volta do fogo, dentro da cozinha, aquecíamo-nos e fazíamos o pequeno-almoço, podia ser chapati com marmelada, papas de aveia ou pão de sementes, acompanhado com um chá. Entre as 10h e as 15h quase sempre havia algo para fazer, desde tirar a crosta das árvores, colocar óleo usado dos carros na base dos troncos, ir buscar lenha para o inverno. Houve um dia em que fizemos adubo com excrementos de vaca frescos, palha, terra e um pouco de cimento…isto com os pés, tal e qual como nas vindimas, depois esse adubo foi utilizado para as paredes juntamente com garrafas de vidro usadas.

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Noutros dias o trabalho era mais leve, como apanhar feijão, tubérculos ou castanhas e nozes que estavam caídas no chão, para depois comermos como sobremesa. Um dos dias faltou água na aldeia e eu, juntamente com um dos habitantes que iniciou o projecto, fomos quase à nascente do rio, por entre uma floresta super densa que quase me fazia perdê-lo de vista. A mangueira que captava a água estava entupida e depois de tirarmos as folhas o problema ficou resolvido.

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Almoçávamos tarde, pelas 16h e como as temperaturas subiram um pouco, antes de comer ia até ao rio, que entre as árvores descia pela montanha. Sozinho apreciava a natureza, escrevia, lia e mergulhava nu na água transparente. O almoço era um dos meus momentos favoritos, além da barriga já ter alguma fome, comer no meio das árvores, em mesas de madeira e com os sons dos pássaros era incrível, a comida já era óptima, mas assim sabia muito melhor.

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Até ao jantar, dava uma volta pelos bosques, ou simplesmente ficava pela aldeia a falar com mais alguém. Pela noite na cozinha, de novo à volta do fogo, fazíamos o jantar, cantávamos algumas canções e agradecíamos pela comida, tal como no almoço. Por vezes líamos um livro escrito em sânscrito há cinco mil anos na Índia e reflectíamos sobre o texto, que já na altura criticava o apego do homem ao mundo material.

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Quando me ia deitar, observava as estrelas e agradecia por deitar-me sem stress ou ansiedade. No fim de semana chegaram quase vinte pessoas para um evento, com um médico ayurveda e houve workshops de yoga, massagens, reflexologia, desenho e interpretação de mandalas. No domingo finalizámos com um temazcal que é uma terapia indígena dentro de uma espécie de iglo, às escuras com pedras aquecidas e água para fazer o efeito de uma sauna. A aventura continua em Puririy.

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