Valdemar Jorge
Valdemar Jorge
15 Abr, 2024 - 11:13

Yamaha DT 50: a cinquentinha que marcou toda uma geração

Valdemar Jorge

A Yamaha DT 50 é uma motorizada icónica e que ficou marcada no imaginário de toda uma geração. Ainda se lembra dela?

Yamaha DT 50 vermelha

Já aqui abordamos a história da Yamaha 50 RZ que deixou saudades a muitos fãs das duas rodas, em Portugal. Mas, impunha-se fazer uma pequena “viagem” à história de outra motocicleta da marca nipónica, a Yamaha DT 50.

A Yamaha contribuiu nas décadas de 70, 80 e 90, para o que se chamava na altura “as cinquentinhas”. Lote de motos de pequena cilindrada, leves, ágeis e com design arrojado que chegaram à Europa para conquistar a juventude daquela época.

A Yamaha DT (Dual Terrain) 50 era, à época, muito popular. Encontrava-se às dezenas nas cidades. O pequeno zumbido do motor de 50 cc era infernal. Ouvia-se a toda a hora e muitos eram os jovens que se deslocavam para a escola secundária no pequeno motociclo.

Fintavam as filas de trânsito com arrojo e alguma elegância, devido ao bailado que condutor e motociclo faziam. Existiam em quatro cores e contagiaram dezenas e dezenas de jovens.

Um sucesso chamado Yamaha DT 50

Mas o que tornava a Yamaha DT 50 objeto de desejo por parte de tantos jovens?

Primeiro simbolizava afirmação perante os outros. Representava o status dentro da sociedade a que se associava o sentido de liberdade e independência.

Os jovens, para conduzirem os motociclos, tinham de obter a Licença de Condução de Velocípedes. E esse passo, aos 16 anos, era um sinal de independência e liberdade perante os pares. Tal como obter a licença de condução automóvel aos 18 anos.

Depois, a Yamaha DT 50 apresentava-se no mercado perante forte concorrência, como por exemplo, a Casal K270, Zundapp GTS50, Macal M70 ou a Honda CT70. Por isso, esgrimia argumentos como qualidade de construção, robustez e fiabilidade.

A estes somava uma ciclística que permitia condução fora de estrada, mas que estava bem adaptada ao uso quotidiano em cidade, devido ao baixo peso e, com suspensões dianteira e traseira macias, jantes de raios, banco longo e razoável altura ao solo que permitia passar por todo o tipo de piso. Além disso era económica, ao gastar apenas 4,7 litros de combustível por cada 100 km.

Em suma, a Yamaha DT 50 apresentava argumentos que a tornavam uma boa escolha para quem estava a aprender a conduzir veículos de duas rodas. Devido ao preço baixo, no ato de compra, e à manutenção económica, tornou-se tão popular que o modelo vendia-se “a ele próprio” como se diz na gíria.

Yamaha DT 50 branca
A Yamaha DT 50 rapidamente se tornou na favorita entre os mais jovens

Yamaha produziu diversas variantes da DT 50

A Yamaha DT 50 brilhou de 1978 a 2012. Durante 34 anos o pequeno motociclo cumpriu percurso comercial muito interessante e o sucesso levou a que a marca nipónica fosse reinventando e aperfeiçoando a “receita” para que o modelo continuasse na berra.

A Yamaha equipava a DT 50 com motor a dois tempos de 50 cc, que produzia cerca de 6 cv de potência e atingia velocidade máxima de 70 km/h. Embora com caraterísticas off-road estava igualmente adaptada ao uso em áreas urbanas.

Com o correr dos anos a Yamaha aperfeiçoou a DT 50 modernizando-a e dotando-a de novas tecnologias. Foi o que aconteceu em 1983 com a pequena “cinquentinha” a receber mono amortecedor traseiro; em 1985 com a chave de ignição a dar lugar à eletrónica ou em 1988, com a estética a evoluir com o farol dianteiro redondo a dar lugar a um farol retangular.

Com os anos também foi dada atenção à evolução não só das suspensões do trem dianteiro, bem como aos travões, que ao princípio eram só suficientes para parar a DT 50.

Assim, nos anos 90 uma das grandes atualizações realizadas prendeu-se com o upgrade do sistema de travagem dianteiro. A Yamaha DT LC recebia travão de disco que permitiu superior capacidade de travagem e, por consequência, maior segurança na condução.

Outro modelo como a DT 50X, com aspeto mais robusto e equipada com travões de disco à frente e atrás continuou a senda de sucesso da DT 50, que durante anos foi igualmente utilizada, devido à sua fiabilidade, por dezenas de agentes da Polícia de Segurança Pública, que efetuavam patrulhas, nomeadamente, nas cidades.

Países onde foi vendida

A Yamaha DT 50 foi comercializada em vários continentes e países, nomeadamente:

  • Europa: França, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Portugal, Itália;
  • América Latina: Brasil, México, Argentina, Chile;
  • Ásia: Japão, Índia, Indonésia, Filipinas;
  • África: África do Sul, Marrocos;
  • Oceânia: Austrália, Nova Zelândia.

Yamaha DT 50 em Portugal

A Yamaha DT 50 chegou a Portugal em 1978. Rapidamente se tornou um sucesso de vendas, devido ao desempenho e robustez.

A pequena motocicleta estava equipada com um motor de dois tempos e 50 cc, o que a tornava ideal para a prática de motocross e enduro, além da utilização em meio urbano.

Nos anos 80 a DT 50 foi uma das “cinquenta” mais populares no nosso país, juntamente com a Yamaha RD 350 LC e a Yamaha DT 125. O modelo era visto como um veículo que tinha boa performance.

Na década de 90, continuava a desfrutar de grande popularidade, graças às características técnicas e design atraente, mas também por ser alvo de diversas modernizações, com novas tecnologias e atualizações no motor e suspensão.

Atualmente continua a ser objeto de desejo de colecionadores e entusiastas do off-road em Portugal. E claro, por todos aqueles que gostam de desfrutar de um passeio numa das “cinquentinhas” mais populares de sempre.

As imagens constantes neste artigo foram gentilmente cedidas pelo Oldtimer Studio Lisboa.

Veja também