Assunção Duarte
Assunção Duarte
08 Out, 2019 - 14:55

Como adoptar um pet quando há crianças em casa

Assunção Duarte

As coisas que precisa saber sobre como adoptar um pet e evitar uma adopção falhada. Que pode ser traumática para ambas as partes.

adoptar um animal com crianças em casa

Como adoptar um pet quando tem crianças em casa? Que passos deve dar para que o processo se desenrole de forma segura e feliz, para o animal recém chegado e para as crianças que já fazem parte da família?

Reunimos neste artigo alguns dos melhores conselhos dados por diversos especialistas em comportamento animal, veterinário e donos que já passaram pela experiência.

Comece por saber a resposta a estas duas perguntas antes: Tem condições financeiras e de espaço para o animal viver consigo em bem-estar? Se responder sim, avance para a próxima questão.

Tem tempo livre e paciência para dedicar ao processo de adopção? Se a resposta também é sim, já reúne duas das condições essenciais para aumentar a sua família de forma bem sucedida.

Se respondeu não a uma ou às duas questões, saiba que este não é o momento certo na sua vida para pensar em adoptar um pet, mesmo que tenha muita vontade de o fazer e os seus filhos lho peçam constantemente. Mas não desista. Continue a ler e prepare-se para quando o momento certo chegar.

Como adoptar um pet quando tem crianças em casa?

Aoptar um pet com crianças
Saiba antecipadamente se o seu filho é alérgico a alguma espécie animal

Saiba coisas sobre a sua criança

Saber se o seu filho é alérgico a cães, gatos, repteis ou aves, é uma questão que deve esclarecer de antemão. O ideal é que possa fazer essa descoberta de forma não invasiva, isto é, conseguindo que ele contacte esses animais em casa de amigos, abrigos ou lojas. Os conselhos do seu médico de família também podem ajudar.

O convívio com amigos que tenham algum tipo de animal da mesma espécie do seu futuro pet, também ajuda a aperceber qual é a reação da criança quando está na sua presença.

Isto é particularmente importante se ela for muito pequena e ainda não conseguir falar para dizer o que sente. Fique atento se houver reações negativas fortes como medo ou ansiedade. Isso vai ajudá-lo a pôr de parte algum tipo de animal.

Falar sobre os diferentes tipos de animais de estimação com as crianças é também importante. Nessas conversas poderá perceber se o tradicional cão faz mesmo parte dos interesses delas. Pode ficar surpreendido ao descobrir que a sua criança está mais vocacionada e interessada noutro tipo de animais.

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Prepare a criança que tem em casa

Os livros sobre o animal que se pretende adoptar são uma boa ajuda para a criança compreender o que significa adoptar, conviver e cuidar desse animal. As histórias podem ser adaptadas às diferentes idades e ajudam a que os cenários fiquem mais claros na cabeça dos miúdos.

No caso de um resgate de um cão ou um gato de abrigos, a educação do comportamento que as crianças deverão adoptar é fundamental. Antes de levar o animal para casa deve avaliar o seu grau de maturidade.

Respeitar o espaço

As agressões porque as crianças não percebem que devem manter uma distância segura enquanto eles comem, ou porque os mimam e apertam demais, não respeitando o seu espaço, podem acontecer mais facilmente com estes animais.

Por estas razões as crianças mais novas costumam ter mais probabilidades de receber uma mordidela ou arranhadela.

É importante nestas situações educar o seu filho para evitar esses comportamentos e, no caso de uma criança muito pequena que não compreenda essa necessidade, deve restringir-lhe o acesso ao animal sem ninguém a vigiar ou a contê-la.

animal adoptado com crianças em casa
Procure reunir o máximo de informação sobre o animal que pretende adoptar

Saiba coisas sobre o animal que vai adoptar

Se for um animal ainda bebé, é provável que as cautelas com a adopção não exijam grande busca de informação sobre o seu passado. Deve saber se já foi sujeito aos cuidados médicos necessários para a sua espécie e, em caso de dúvida, deve levá-lo ao veterinário para uma vistoria geral.

Se for um cão ou gato resgatado já adulto, os cuidados terão de ser maiores. Fale abertamente com os seus cuidadores para saber o máximo de informações possíveis sobre o seu passado, especialmente se esteve relacionado com crianças. 

Mas pense que muitas vezes essa informação pode ser desconhecida. Nesses casos deve redobrar as cautelas e durante os primeiros três meses, nunca o deixe interagir com a criança sem ser vigiado.

O risco será menor se o animal vier de alguma família de acolhimento temporário que tenha crianças e se tiver menos de dois anos. A idade e o tamanho importam.

Os cães mais velhos têm menos paciência para as crianças mais agitadas e brincalhonas, e os maiores têm mais probabilidades de as magoar durante as brincadeiras.

como adoptar um pet: primeiro encontro

rapaz com gato adoptado
Os animais devem ser introduzidos na família de forma gradual

Faça o primeiro contacto com o cão sozinho, sem a companhia da sua criança. Ficará à vontade para fazer todas as perguntas que precisa e não se vai distrair com a excitação dos mais pequenos enquanto observa com atenção o comportamento do animal. 

Durante o primeiro contacto com o seu filho, continue a analisar as reações do animal. Informe-se sobre os comportamentos que podem ser associados a stress, insegurança ou agressividade para aquela espécie ou raça.

Sinais de alerta

Nos gatos e cães é mais fácil de ver. Animais a tremer, de pelo eriçado nas costas, cães com caudas levantadas bem alto e sem abanar, ou gatos de costas arqueadas e caudas a bater com força na ponta, são sinais de stress, ansiedade ou de mal estar que não são um bom prenúncio.

Pelo contrario, um ronronar satisfeito num gato e caudas a abanar descontraídas num cão, são um bom sinal.

Um bom truque para o primeiro encontro com a criança é dar uma uma guloseima ao animal quando ele interage com ela vinda da sua mão. Assim, vai marcar este primeiro encontro como algo de positivo.

O que fazer quando for para casa

Lembre-se que o ambiente para o recém chegado é estranho e que ele facilmente se pode sentir intimidado. Mantenha-o apenas numa parte da casa para que ele ganhe mais rapidamente confiança num território pequeno se de uma espécie que vai circular pela casa.

Para o cão é importante deixá-lo marcar uma manta ou um cama com o cheiro do próprio corpo. Nunca a lave nos primeiros para ele não perder essa referência.

Gradualmente deixe-o explorar o resto da casa e as pessoas que lá vivem. Lembre a todos que não devem correr para ele ou agarrá-lo sem que ele avance primeiro ao ritmo dele, e não se esqueça de reservar uma pequena área da casa onde ele se possa refugiar para poder descansar das crianças durante algum tempo.

O processo pode ser lento

Pense que o tempo de adaptação pode ir até aos dois meses ou mais. Nesse tempo, ainda que parece estar tudo a correr bem, não deixe que haja interações com as crianças mais pequenas sem haver alguém a vigiar. 

No caso de cães ou gatos resgatados, tome medidas imediatas sempre que notar alguma agressividade com a criança. Não bata, mas faça avisos verbais firmes e não premeie mau comportamento.

Se ainda assim acha que não está a controlar a situação, peça ajuda ao seu veterinário, a um treinador profissional ou a um especialista em comportamento animal para o ajudar a desenhar um plano que melhore a situação, sem nunca prejudicar a segurança das crianças.

A sua paciência e persistência pode ser compensada com uma amizade entre os dois que vai ficar para a vida.

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