Assunção Duarte
Assunção Duarte
07 Mai, 2020 - 15:36

E agora? Como será com os animais de estimação sozinhos de novo?

Assunção Duarte

Não será fácil. Com os animais de estimação sozinhos de novo, após a quarentena, o seu bem estar pode ser afetado. Veterinários pedem para se estar alerta.

Animais de estimação sozinhos após a quarentena

desconfinamento pode provocar ansiedade em alguns animais que estiveram  fechados em casa com os seus tutores durante os períodos de estado de emergência decretados para fazer face à COVID-19. São vários os grandes grupos de risco entre os animais de estimação sozinhos de novo.

Os casos mais graves serão sempre os dos animais que já sofriam de ansiedade de separação do dono antes do isolamento e que agora podem agravar os sintomas se não tiverem sido tomadas medidas preventivas. 

Mas a ansiedade também pode vir a tocar todos os animais cujos hábitos e rotinas não foram mantidos durante o isolamento e os animais jovens, especialmente os que foram adoptados durante este período e passaram as primeiras semanas de vida com os novos tutores permanentemente em casa. 

animais de estimação sozinhos: ansiedade

gato à janela

Os efeitos do período de confinamento em cães e gatos, só agora estão a ser estudados cientificamente pelo que as conclusões vão demorar a chegar. Mas para já, os veterinários alertam para os sinais que já se sabe estarem associados à ansiedade e a doenças de comportamento em animais de estimação sozinhos de novo.

Alguns deles já começaram a ser referenciados nas consultas de urgência ou que foram mantidas via telemedicina veterinária neste período: o aumento de lambeduras excessivas em cães e gatos, as cistites e o urinar ou defecar fora dos sítios devidos. Estes sintomas podem já ter aparecido durante o confinamento, se houve muitas mudanças nas rotinas diárias, ou podem começar quando os tutores regressam ao trabalho. 

Os veterinários alertam também para a salivação excessiva nos cães, quando o dono chega a casa, ou para o facto de só comerem quando o dono está presente, como pode ser um sinal frequente nos gatos. Os cães podem ser mais óbvios nos seus sintomas, mas é importante os donos dos gatos também ficarem alerta, porque estes podem ser mais subtis a mostrar a sua ansiedade, mas sentem-na na mesma.

animais de estimação sozinhos: cuidados a ter

Aumentar o enriquecimento ambiental e manter rotinas 

Para quem ainda está em confinamento, o melhor é adoptar já uma atitude preventiva para quando tiver de deixar o seu animal sozinho em casa. Essa atitude engloba todas as boas práticas que possam fomentar o bem estar do seu pet em confinamento, como fazer enriquecimento ambiental, manter rotinas de passeios ainda que mais curtos e cumprir com a sua higienização e alimentação sem sair muito das regras habituais. Saiba mais em Animais em isolamento: mantenha-os saudáveis e felizes

Boas opções são sempre o enriquecimento no momento da alimentação, com jogos alimentares que o mantenham ocupado, com ou sem tutor em casa, e que fomentam os seus comportamento naturais. Também é importante variar os seus brinquedos, não os deixando todos disponíveis ao mesmo tempo. Isso vai manter o seu interesse.

Arranje novos brinquedos quando regressar ao trabalho. Se não quiser sair para comprar ou gastar dinheiro, pode encontrar online muitas opções fáceis de fazer e amigas do ambiente porque permitem-lhe reciclar objetos. Pode até inventar novos, desde que apostem no reforço positivo final e consigam uma estimulação cognitiva, motora e sensorial.

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Dê espaço aos animais

A forma como o tutor interagiu com o seu animal e o deixou interagir com outros é também importante de deixar os animais de estimação sozinhos de noco. Se respeitou o seu espaço, se o deixou estar algumas partes do dia sozinho – sem estar sempre em contacto físico com ele – se na rua lhe deu tempo para cheirar os odores deixados por outros cães ou cheirar brevemente um ou outro cão que já conhece, esteve no bom caminho. 

Se há crianças em casa, lembre-as de que o cão ou o gato não são peluches e garanta que o animal tem momentos de descanso. Mas lembre-se que o distanciamento com o pet, não pode ser stressante como fechá-lo numa divisão quando ele sabe que há pessoas que estão em casa. No caso dos cães é especialmente contra produtivo. Faça-o utilizando uma vedação em que ele os outros ocupantes da casa ou fazendo-lhe algum enriquecimento ambiental que o mantenha longe de si por opção própria.

Duplo estímulo para os animais jovens 

A socializar com outros animais e introduzir novos estímulos é particularmente importante para os cachorros e os gatinhos que começaram o seu desenvolvimento durante o período de isolamento. A falta de convívio direto com outros animais da mesma espécie, especialmente nos cães, ou com a vivência normal de uma cidade (carros, pessoas a passar, bicicletas, etc.), pode criar medos ou reações inadequadas no futuro.

As primeiras semanas de desenvolvimento são muito importantes. Para os cachorros que vão sair à rua numa vida sem confinamento, é importante que agora o façam, nem que seja ao colo, para que sintam os sons e os cheiros do exterior. O tutor deve manter o distanciamento social dos outros tutores que passeiam o seu cão, mas é importante que não puxe o seu cachorro com brusquidão sempre que vê outro cão a vir na sua direcção e pode até deixá-lo cheirar por segundos, reforçando a sua higienização quando chegar a casa. As trelas extensíveis são uma boa solução para permitir esse contacto. 

Como último conselho, se vai deixar os animais de estimação sozinhos de novo, lembramos-lhe que cães e gatos podem espelhar muito o seu estado de espírito e o seu stress. Viver esta situação anómala não é fácil para ninguém, mas tente manter-se calmo e paciente junto do seu animal de estimação. O bem estar emocional daí resultante vai favorecer os dois.

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